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Vale do Pinhão

Startup curitibana ensina como destinar o imposto devido por empresas e pessoas físicas para ações sociais

A E.feito Social é uma startup curitibana que conecta empresas a projetos sociais, utilizando mecanismos de renúncia fiscal incentivados por lei. Curitiba, 04/11/2025. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

Os números que mostram o potencial de investimentos que poderiam chegar até projetos sociais estão no site da Receita Federal. No Brasil, contribuintes poderiam destinar cerca de R$ 14,9 bilhões do Imposto de Renda para projetos sociais, porém apenas R$ 380 milhões foram efetivamente aplicados em 2024.  

No Paraná, o potencial é de R$ 2,12 bilhões e só R$ 36,9 milhões foram destinados. Em Curitiba, o cenário se repete: havia possibilidade de destinar R$ 301,2 milhões e apenas R$ 13,6 milhões chegaram a projetos, de acordo com os dados da Receita Federal.

A diferença representa uma oportunidade real para ampliar investimentos sociais sem custos adicionais para contribuintes e empresas. O valor sai do imposto devido e não do caixa da empresa ou da pessoa física.

A possibilidade de levar essa informação a cada vez mais empresas foi uma das motivações para Mariana Ravedutti criar a e.feito Social, startup curitibana que transforma o investimento social incentivado em estratégia corporativa estruturada e transparente.

A startup simplifica leis de incentivo fiscal e constrói estratégias de investimento social por meio de plataformas tecnológicas, consultoria e monitoramento de impacto, garantindo transparência e eficiência.

“O objetivo é mostrar que destinar imposto não é doação do bolso. É alocar inteligentemente parte do que já seria pago ao governo. Isso não aumenta custos e gera transformação real. O dinheiro já sairia como imposto, então por que não direcionar para transformar vidas?", diz a empreendedora.

Para o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins, a e.feito Social é um exemplo prático de como a inovação pode transformar a solidariedade em resultado real.

“Eu sempre defendi que a solidariedade privada tende a ser muito mais eficiente que a pública e o que a e.feito Social faz é exatamente maximizar essa eficiência, ao possibilitar o uso do dinheiro pago em impostos para gerar impacto direto, com transparência e propósito, junto às entidades privadas reconhecidas por sua eficiência na prestação de serviços sociais. Esse modelo desperta o cidadão e as empresas para o poder que têm de decidir onde aplicar parte do recurso que já seria pago ao Estado. E, ao mesmo tempo, força o poder público a ser mais eficiente com o que recebe. É um círculo virtuoso de inovação, cidadania e eficiência. Curitiba acredita nesse caminho, onde tecnologia e consciência social andam juntas para transformar vidas e fortalecer a economia”, afirma Martins.


Uma jornada guiada pelo voluntariado

A história da CEO se entrelaça com causas sociais desde a adolescência. “Sempre fui voluntária. Passava fins de semana em ações com amigos, meu pai nos levava e ficava esperando enquanto a gente levava bolo, brincava e aprendia com as crianças. Eu cresci com esse senso de responsabilidade social.”

Mariana construiu carreira no Banco do Brasil, onde atuou por 11 anos. Fez mestrado em Estratégia na UTFPR e, guiada por propósito, pediu demissão para empreender. A decisão veio às vésperas da pandemia, o que exigiu resiliência. “Eu quase pedi licença, mas minha irmã disse que, se eu saísse com um plano de voltar, eu voltaria no primeiro desafio. Ela disse: saia para voar. E eu fui. Não havia outro caminho.”

Depois de experiência no empreendedorismo e no marketing, Mariana voltou ao propósito inicial e fundou a e.feito Social, conectando empresas e projetos sociais por meio de tecnologia, inteligência de dados e curadoria estratégica.

Hoje, a  empresa atua no setor 2.5, entre impacto socioambiental e inovação, e já direcionou mais de R$ 2 milhões em imposto de renda para projetos incentivados, além de capacitar mais de mil colaboradores de grandes empresas.

Conexão com o ecossistema do Vale do Pinhão

A e.feito integra os principais ambientes de inovação da cidade, incluindo Habitat Senai e Vale do Pinhão. A startup conquistou destaque em programas como o Rocket RPC e o Pitch Live da Agência Curitiba, onde recebeu mentoria do presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Dario Paixão.

“Conheço a trajetória da Mariana pelo Doutorado em Adminstração e acompanhei de perto a evolução da e.feito Social como um dos mentores da empresa. Desde o início, ficou claro que a proposta unia técnica e visão estratégica, sobretudo com flexibilidade e sensibilidade para vencer barreiras comuns do empreendedorismo social. O trabalho da startup prova que, com informação qualificada e tecnologia, é possível transformar tributos em impacto real, gerar valor para as empresas e ampliar as oportunidades para projetos sociais que mudam vidas”, afirma Paixão.

Pedido às empresas

Mariana reforça que ainda existe enorme potencial para transformar o volume de tributos em impacto positivo.

“Se cada empresa destinasse o que já pode, milhares de vidas seriam impactadas. Meu convite é simples: olhem para esse mecanismo, perguntem ao seu contador e busquem apoio especializado. O retorno social e reputacional é imediato e concreto", afirma a CEO.

Mensagem aos empreendedores

A fundadora deixa um conselho para quem pensa em empreender:

“Potencialize o que você é bom. Não se compare. O dinheiro é consequência de propósito e consistência. Empreender é coragem e movimento. Siga seu coração, acelere e vá em frente.”