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Proteção

Curitiba inicia vacinação contra vírus sincicial respiratório

Lançamento da vacina contra o vírus sincicial respiratório para gestantes, na Unidade de Saúde Mãe Curitibana. Na imagem, Mônica Gemin Rodrigues. Curitiba, 05/12/2025. Foto: Hully Paiva/SECOM


Curitiba iniciou nesta sexta-feira (5/12), em todas as 109 unidades de saúde do município, a vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR). O imunizante, indicado para gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, tem como objetivo reduzir casos de bronquiolite em recém-nascidos e proteger os bebês nos primeiros meses de vida, por meio da transferência de anticorpos pela placenta.  

A vacina, anteriormente, disponível apenas na rede privada, chega a custar R$ 1,6 mil no particular. Agora, incorporada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), está sendo disponibilizada pela primeira vez pelo SUS e passa a fazer parte do calendário vacinal de rotina da gestante.

A secretária municipal da saúde de Curitiba, Tatiane Filipak, e o secretário de estado da Saúde, Beto Preto, fizeram o lançamento simbólico da vacinação contra o VSR, na manhã desta sexta-feira (5/12), na unidade de saúde Mãe Curitibana.

“Para nós é um dia muito feliz hoje. Nós estamos iniciando uma ação que a mãe está sendo protegida e vai proteger o seu bebê. Nós estamos falando aqui da redução do número de internamentos no período de sazonalidade, da proteção dos nossos bebês. Então, o SUS recebendo essa vacina, que até o presente momento só era prevista na rede privada, é um grande ganho para nós como saúde pública”, afirmou Tatiane.

“Curitiba dá o pontapé inicial: é o primeiro município do Paraná a começar a vacinar. A partir de segunda-feira, os municípios do Paraná estarão vacinando”, destacou Beto Preto. “É um trabalho tripartite, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde. As câmaras técnicas pediam essa vacinação. Já vínhamos pressionando para que o Ministério pudesse abrir a comprar e adequar isso para os municípios e para os estados”, complementou.

A nutricionista na área de pediatria do Hospital de Clínicas, Mônica Gemin Rodrigues, de 32 anos, gestante de 35 semanas, fez questão de aproveitar o primeiro dia de vacinação contra o VSR no SUS Curitibano. 

“Estava ansiosa, esperando chegar para a gente no SUS, porque é uma vacina muito cara no particular. Hoje é um dia bem legal, importante, por estarmos conseguindo receber agora essa vacina”, avaliou.

Mônica contou que, por conta da função que desempenha, já atendeu vários bebês com bronquiolite. “Você acompanha todo o sofrimento do bebê na recuperação, muitas vezes passa por UTI, fica um bom tempo na enfermaria, acompanha a família sofrendo também. É uma doença que para os bebezinhos pequenos é muito séria”, relatou. “Por isso que eu consigo ver muito bem a importância dessa vacina. Para a população vai ser incrível. É mais uma vacina excelente no nosso calendário vacinal, que já é tão completo”, destacou.

Juliana Cristina Dos Santos, de 22 anos, gestante com 35 semanas, soube da vacina pela internet e redes sociais e também resolveu aproveitar já o primeiro dia de vacinação. “Eu acho ótimo ter essa vacina agora, porque quando eu estava grávida da minha primeira filha não tinha”, comentou.

Gestante de 34 semanas, Daniele Cordeiro de Oliveira, de 32 anos, comemorou a liberação da vacina pelo SUS. “Eu estava esperando, na verdade, para comprar ela, para tomar no particular. Mas graças a Deus agora já liberou hoje”, celebrou.

Como se vacinar

A vacinação contra o VSR é de dose única, a cada gestação. Outras vacinas de rotina da gestante, como a dTpa (coqueluche, difteria e tétano), contra influenza e covid-19, podem ser realizadas simultaneamente.

Não há restrição em relação à idade materna. Para se vacinar contra o VSR na rede municipal da Saúde de Curitiba, é preciso estar com 28 semanas de gestação ou mais e apresentar documento de identidade com foto.

As gestantes acompanhadas pelo SUS Curitibano não precisam apresentar documentação comprovando a idade gestacional, pois as informações estão inseridas no prontuário eletrônico. As demais gestantes devem apresentar alguma documentação que comprove o período gestacional mínimo de 28 semanas, como carteira de gestante, ultrassom recente, carta ou prescrição do médico, entre outros.

“O ideal é que a vacinação ocorra até 10 dias antes do parto, para que uma quantidade suficiente de anticorpos maternos seja transferida para o feto”, alerta a médica infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, Marion Burger.

Estima-se que Curitiba tenha 13,5 mil gestantes – cerca de 4,5 mil estariam elegíveis para a vacinação já neste momento, pois estariam com a idade gestacional mínima preconizada para esta imunização. Destas que estão elegíveis, aproximadamente 3 mil são acompanhadas pelo SUS Curitibano.

Importância da vacinação 

Estima-se que o VSR é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% dos casos de pneumonia em crianças menores de dois anos.

Em Curitiba, foram registrados em 2025, até o dia 2 de dezembro, 3.790 casos de SRAG. Destes, em 2.260 houve detecção do vírus causador. O VSR foi o campeão com 693 casos registados – o equivalente a 31% dos casos de SRAG deste ano causados por vírus. A influenza, segunda colocada, totalizou 665 casos.

Na análise por idade, fica clara a prevalência de infecções graves por VSR nos bebês. Dos 693 casos de SRAG por VSR detectados em moradores de Curitiba, 401 foram em bebês menores de 1 ano de idade – o que corresponde a 58% do total. Entre 1 a 4 anos, foram 141 casos. Ou seja, as crianças com idades de 0 a 4 anos somaram 78% dos casos de SRAG por VSR em Curitiba em 2025.

“Crianças menores de 6 meses tem maior risco para doença grave e óbito por VSR. A vacina oferecerá proteção imediata aos recém-nascidos de mães vacinadas, reduzindo hospitalizações”, afirma Marion.  “A vacinação materna demonstrou uma eficácia de 81,8% na prevenção de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR nos bebês durante os primeiros meses após o nascimento”, completou.