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Boletim do Ministério da Saúde

Curitiba está entre as capitais com menor índice de mortalidade por aids no país

Com redução de 88,5% dos casos de Hepatite A, Curitiba reforça importância da prevenção da doença. Foto: Hully Paiva/SECOM (arquivo)

Tradicionalmente, dezembro é o mês da luta contra o HIV/aids, quando no mundo inteiro é lembrado o impacto da epidemia registrada na década de 1980 por infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a mortalidade pela síndrome da imunodeficiência adquirida (aids).

Com 40 anos de enfrentamento, a mortalidade pela aids vem sendo reduzida, principalmente pelo acesso ao diagnóstico precoce e tratamento com medicamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O boletim epidemiológico do HIV/aids, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana, destaca o número de infecções registradas desde o início da epidemia e o índice de mortalidade pela aids, que alcançou 3,4 óbitos por 100 mil habitantes em todo o país.

Entre as capitais, Curitiba aparece entre as que apresentam os menores números, registrando, em 2024, 3,3 óbitos por 100 mil habitantes, abaixo do índice nacional, e a melhor posição entre os estados do sul. Comparado às demais capitais, Curitiba ocupa a sexta colocação, atrás de Goiânia (3,1), Palmas (2,8), Belo Horizonte (2,3), São Paulo (2,1) e Brasília, que apresentou a menor taxa (1,8).

“Curitiba mantém a oferta permanente de testagem rápida para o HIV/aids nas unidades de saúde com tratamento imediato para os casos positivos. Isso impacta diretamente na redução da transmissão do vírus e na mortalidade pela doença”, ressalta a secretária municipal da Saúde, Tatiane Filipak.

Ano a ano, a capital paranaense vem reduzindo os índices de mortalidade por aids. Em 2002 era 4,8, em 2023, 4,1 e em 2024, 3,3.


Rede preparada

Atualmente, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) oferece atendimento descentralizado para o diagnóstico e tratamento do HIV/aids. Nas 109 unidades de saúde é possível fazer o teste rápido de detecção do vírus e, caso positivo, o tratamento é iniciado imediatamente.

O Ministério da Saúde recomenda que o tempo ideal para o início do tratamento para os casos positivos seja de até sete dias. Em Curitiba, 45% das pessoas diagnosticadas iniciam o tratamento nesse prazo, sendo que 18% o fazem na data da testagem, ou seja, no mesmo dia.

Segundo a coordenadora do departamento de HIV/aids, Tuberculose e Hepatites Virais da SMS, Liza Rosso, há 10 anos 75% das pessoas que tinham o diagnóstico positivo levavam, em média, até seis meses para iniciar o tratamento com os medicamentos disponíveis.

Vigilância do tratamento

Outro ponto determinante para a redução da mortalidade por aids em Curitiba é a estrutura de vigilância daqueles que já manifestaram a doença, ou seja, os portadores do vírus que já apresentam sintomas e a diminuição da imunidade, o que favorece as infecções oportunistas, como a tuberculose, principal causa de morte em pessoas vivendo com o HIV.

As equipes das unidades de saúde monitoram os pacientes com diagnóstico positivo e sabem quem são os que não iniciaram o tratamento ou que o interromperam, atuando para que retomem o controle da situação.

Os médicos da Atenção Primária também têm apoio permanente de médicos infectologistas da SMS, responsáveis pela teleconsultoria sempre que necessário e pela telerregulação, que identifica os pacientes mais frágeis e a necessidade de intervenção e encaminhamento para tratamentos mais elaborados.

Diferença entre HIV e Aids

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o vírus que causa a Aids (doença). A contaminação se dá principalmente por meio sexual e o vírus se multiplica no organismo, mas permanece adormecido por um determinado período, chamado de latência. Nesse período a pessoa não tem sintomas, mas transmite o vírus em relações sexuais sem proteção.

Com o passar dos anos, em média até dez anos depois da contaminação, o sistema de defesa da pessoa contaminada com o HIV fica debilitado, o que a torna suscetível a doenças oportunistas, como pneumonia, tuberculose, entre outras. Essa debilidade do sistema imune já é a manifestação da doença aids.

“Quando a pessoa inicia o tratamento para o HIV, sem a manifestação da doença, ela toma dois comprimidos por dia. Já se a doença se manifesta e aparecem doenças oportunistas, o paciente pode vir a tomar de 10 a 12 comprimidos ao dia”, relata a médica infectologista da SMS, Cléa Elisa Lopes Ribeiro.

Segundo a médica, todas as pessoas que um dia na vida tiveram relação sexual sem o uso de preservativo correram o risco de pegar o HIV, por isso é importante que essas pessoas se testem.

“Hoje todas as pessoas que testam positivo para o HIV iniciam imediatamente o tratamento pelo SUS, o que evita que ela adoeça, além de interromper a cadeia de transmissão do vírus”, explica.

A partir do momento que a pessoa inicia o tratamento, a quantidade de vírus no organismo se torna indetectável, portanto, se torna intransmissível. Por isso é essencial que as pessoas se testem e façam o tratamento para que a carga viral se torne indetectável e intransmissível.

Números

Em Curitiba desde o início da epidemia, na década de 1980, até 15 de outubro de 2025, ano base 2024, foram notificados 14.977 casos de aids, sendo 10.590 homens e 4.387 mulheres, e 10.040 notificações de infecção pelo HIV, sendo 7.568 homens e 2.472 mulheres.