A Fazenda Urbana da CIC recebeu, nesta quarta-feira (1/10), uma oficina sobre Agricultura Urbana e créditos de carbono, reunindo servidores da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, funcionários da Copel e integrantes da organização Coletivo Ambiente Livre. O encontro aconteceu um dia após a capacitação conduzida pelo professor Carlos Sanquetta e pelo doutor Jay Van Amstel, no Parque Barigui.
A atividade integra a parceria entre a Prefeitura de Curitiba e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e marcou o encerramento do projeto-piloto da capital dentro da iniciativa global Geração Restauração. Durante a programação, foram apresentados diagnósticos de áreas degradadas com potencial de restauração produtiva, benefícios da expansão da agricultura urbana e periurbana, além de possibilidades de financiamento a partir da criação de um Mercado Municipal de créditos de carbono.
Os estudos revelaram que, no cenário futuro, a ampliação de áreas de agricultura urbana em Curitiba pode ter efeitos relevantes para a cidade. Entre eles estão o aumento da infiltração da água da chuva, contribuindo para reduzir riscos de enchentes, e a regulação climática, com o resfriamento das temperaturas em áreas verdes urbanas.
Outro destaque é o sequestro de carbono estimado em 6,7% das emissões anuais da cidade, o que equivale a retirar de circulação cerca de 55 mil veículos movidos a gasolina durante um ano.
Além dos benefícios ambientais, também há potencial econômico: a valoração dos créditos de carbono gerados pelas práticas agroecológicas e de compostagem poderia chegar a R$ 19,8 milhões em um período de 20 anos.
Curitiba pioneira
O professor Carlos Sanquetta destacou que o Brasil já possui legislação nacional para o mercado regulado de carbono, mas que Curitiba pode se tornar pioneira ao criar seu próprio modelo municipal. Entre os projetos prioritários da capital, ele citou a eletromobilidade no transporte coletivo, a compostagem e a valorização da biodiversidade urbana.
“Temos condições de avançar para uma estrutura local de créditos de carbono. É uma forma de unir sustentabilidade, inovação e geração de oportunidades”, afirmou Sanquetta.
Já o consultor do Pnuma Jay Van Amstel reforçou que as cidades não são apenas locais que sofrem os impactos das mudanças climáticas, mas também podem ser parte das soluções. Segundo ele, as áreas de agricultura urbana funcionam como verdadeiras “esponjas”, absorvendo água da chuva e ajudando a reduzir a temperatura em regiões densamente ocupadas.
O secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Leverci Silveira Filho, ressaltou a relevância da oficina e a qualidade da parceria com o Pnuma. Para ele, o desafio agora é transformar os estudos em políticas públicas. “Esse conhecimento amplia nossa capacidade de enfrentar as mudanças climáticas e fortalecer a segurança alimentar da cidade”, destacou.
A próxima etapa será a inauguração da nova Fazenda Urbana do CIC, no dia 18 de outubro, quando a população poderá conhecer de perto o espaço voltado para a produção sustentável, a educação ambiental e a promoção da saúde.