Voltar os espaços urbanos para as pessoas, esse foi o foco da plenária da tarde desta quinta-feira (21/3) do Smart City Expo Curitiba 2019: “Placemaking e espaço públicos: recuperando ruas para a vida pública”. O termo americano trata da humanização das ações urbanas, interpretar o urbanismo e as transformações das cidades tendo como foco principal e protagonista o trabalho, cultura e relações das pessoas que convivem nelas.
Quatro especialistas no assunto apresentaram seus trabalhos, estudos e debateram sobre essa regeneração urbana. Moderados pelo CEO da empresa Bairro da Gente, consultoria especializada em urbanismo transformador para as cidades, Yuri Lima, o debate foi aberto pelo fundador e diretor da ONG “Climate Action Now”, Markos Major, que enfatizou o trabalho desenvolvido nos EUA pela ampliação de áreas verdes nas cidades, trocando concreto e asfalto por canteiros e jardins.
Major reforçou a importância do envolvimento dos jovens nas ações, a parceria das instituições com o poder público e a busca constante pela compensação do carbono emitido na atmosfera pelas fontes de poluição, sejam elas menores como a fumaça dos automóveis ou de grandes indústrias.
“A compensação de carbono é bom negócio, nos EUA as empresas poluidoras precisam pagar esse imposto, e com isso podemos trazer mais verde, orgânicos, plantas polinizadoras para as cidades”, afirmou.
O especialista, que desenvolve diversas ações que envolvem principalmente os jovens e as pessoas em seus locais de convívio, também ressaltou o projeto que será desenvolvido em Curitiba em breve. “Fiquei sabendo do projeto de Fazenda Urbana que será desenvolvido aqui em Curitiba, isso é ótimo, esse é o caminho”, disse.
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Transformação do espaço
Seguindo o foco nas pessoas e a transformação gerada por elas, o CEO da Place for US, primeira consultoria especializada em Place Branding do Brasil, empresa especializada em desenvolver projetos urbanos voltados para as pessoas, Caio Esteves, enfatizou a relação do lugar, das atividades e do comportamento das pessoas para a transformação do espaço.
“É preciso identificar vocações da cidade, a sua identidade local, fortalecer lugares, mas sempre focado nas pessoas. Tudo se resume nas pessoas, começa e deveria terminas nelas”, comentou o especialista. Esteves também fez um paralelo do planejamento das cidades focado na tecnologia e inovação, tema recorrente em eventos como o Smart City Expo. “Se a tecnologia não transformar a vida das pessoas para melhor, ela não serve para nada”, disse.
Fala Curitiba
Exemplo local de interação social e governo participativo, o Fala Curitiba, programa de consultas públicas da Prefeitura que descentralizou os debates sobre as prioridades da cidade, foi apresentado pelo secretário Municipal de Administração, Planejamento e Recursos Humanos de Curitiba, Alexandre Jarschel de Oliveira.
Jarschel ressaltou a participação das pessoas com o exemplo concreto do programa, que ampliou a participação popular na escolha das prioridades do orçamento municipal. “Uma cidade só vai ser inteligente se as decisões passarem nas mãos dos cidadãos. Curitiba é exemplo nisso”, comentou sobre o programa que vem dobrando o número de participações populares a cada ano e agora também conta com moderna plataforma digital focada principalmente para quem não pode estar presente nas reuniões promovidas nos bairros.
Por fim, a assessora de urbanismo da cidade de Mandirituba, Região Metropolitana de Curitiba, Grace Kelly Selucsnak, apresentou o projeto de revitalização da principal praça da cidade, a Praça Bom Jesus. A gestão municipal da cidade de pouco mais de 26 mil habitantes identificou a pouca utilização da praça pelas pessoas da cidade.
Com base em pesquisas e estudos com a população reocupou o espaço com uma feira gastronômica local, a Feira Manduri, (nome que faz referência a uma espécie de abelha comum na cidade) e que interage com os empreendedores locais, capacita, gera emprego e renda. A feira também trouxe de volta o sentimento de pertencimento para os cidadãos de Mandirituba.