Texto: Fabiana Fernandes
Secretaria Municipal da Comunicação Social (Secom)
Escolher uma cidade para viver pode ser resultado de diferentes motivações – o trabalho pode ser uma delas. Quem faz concurso público escolhe pelo que a carreira oferece naquele local – salário, benefícios, possibilidade de crescer profissionalmente –, mas faz também a opção por uma cidade, um lugar para acordar todos os dias, trabalhar, se divertir, descobrir coisas novas e construir uma história.
Para muitos servidores que nasceram e cresceram em Curitiba, a opção pela carreira pública no Município dispensa a reflexão sobre a cidade que já conhecem bem como cidadãos. Mas o contingente de servidores que veio de outras cidades tem um desafio adicional na hora da decisão: querer morar em Curitiba e, para os que têm família, que a cidade seja boa para os seus.
Conheça a história de servidores que fizeram essa escolha pensando de forma especial na cidade onde iriam viver. Eles revelam um encantamento pelo lugar onde querem passar muito tempo de vida: Curitiba.
Pablo, 39 anos, Rio de Janeiro (RJ)
Analista de desenvolvimento organizacional
Carioca encontrou qualidade de vida em Curitiba e virou turista no Rio
Desde que decidiu seguir carreira pública, Pablo Freitas prestou alguns concursos. Ele chegou a tomar posse em outros cinco cargos antes de ingressar na Secretaria de Gestão de Pessoal da Prefeitura de Curitiba. Ou seja, ele foi aprovado, convocado para a nomeação e começou a exercer as atividades em cidades como Rio de Janeiro, Niterói e Macaé (Rio), Salvador (Bahia).
Mas foi em Curitiba que ele completou o estágio probatório, período de três anos de trabalho que garante estabilidade ao servidor público. Em junho deste ano, Pablo tornou-se estável.
“Eu agora sou turista no Rio. E é muito melhor. O Rio de Janeiro é caótico, se você não vive na parte bonita da cidade. Para quem anda de ônibus, como era o meu caso, trabalhar longe de casa é uma luta. A praia não fazia parte da minha vida, não havia tempo”, resume. Ele contou que numa das recentes visitas que fez ao Rio, visitou o Cristo Redentor pela primeira vez.
Desde que chegou a Curitiba, Pablo mora perto do trabalho (atualmente, no Alto da Glória). “Nunca usei o transporte coletivo aqui. Faço tudo a pé, em dez minutos de caminhada. Eu queria muito viver isso. Aqui em Curitiba eu organizei minha vida, tenho qualidade de vida, vivo uma paz”, comemora o servidor, que é analista de desenvolvimento organizacional.
Com a vida mais organizada, ele conseguiu melhorar a rotina, arrumou tempo para fazer esportes, cuidar de si. Aderiu à corrida, emagreceu quase 20 quilos desde que chegou. Consegue sair, conhecer lugares novos – prazeres que, vivendo no Rio, não conseguia desfrutar.
Em Curitiba, ele conhece tantos bares e, principalmente, restaurantes que costuma dar dicas para os amigos curitibanos.
“Antes de vir pra cá, eu tinha todos os medos possíveis, ficava imaginando como as pessoas iriam me receber. Decidi vir e, se não me adaptasse, eu voltaria. Mas fui muito bem acolhido aqui. Os colegas me ajudaram a me firmar aqui”, assegura.
Pablo continua gostando de viajar para fora do Brasil. Também recebe amigos e vai ao Rio de Janeiro sempre que pode. Entre seus planos, quer construir uma família e criar um filho em Curitiba.
Deisy, 30 anos, São Carlos (SC)
Engenheira civil
Desbravadora de Curitiba, servidora faz contagem regressiva para o Natal
Na infância, Curitiba era uma lembrança afetiva. “Nunca esqueci as crianças cantando no Palácio Avenida”, relembra Deisy Eckert, servidora desde 2022. Outras memórias vieram depois, quando ela vinha visitar os padrinhos na capital paranaense e durante a época da faculdade, que fez em Pato Branco.
Quando veio fazer o concurso, em 2019, gostou de tudo: “a cidade é limpa, organizada, funciona, dá pra fazer muita coisa de graça, nem toda cidade é assim. Sem contar a parte cultural, as flores. Vejo que o poder público se preocupa. Tudo isso junto me encantou”, afirma.
Ela lembra que fez pelo menos 20 concursos e chegou a trabalhar em duas prefeituras de Santa Catarina. Como tinha se saído bem no concurso de Curitiba, decidiu esperar a sua vez de ser chamada. No dia da posse, teve que escolher entre o Distrito de Manutenção Urbana do Boqueirão ou o de Santa Felicidade, unidades da Secretaria do Governo Municipal.
“Eu não conhecia nenhuma das duas regiões. Fui parar no Boqueirão e deu certo. O trabalho no DMU combina comigo, é dinâmico. Era isso que eu buscava”, observa ela, que mora no Pinheirinho.
Outro aspecto que valoriza é o fato de perceber que, dentro da Prefeitura de Curitiba, há possibilidades de crescimento. “Não me sinto parada, por mais que seja um cargo público. Se eu for uma boa profissional, terei outros caminhos”, avalia.
Deisy também considera a cidade promissora para ampliar seus conhecimentos acadêmicos. Especialista em patologias e perícias da construção civil, ela já concluiu uma pós-graduação em Cidades Inteligentes oferecida pelo Imap aos servidores, sem custos.
A prática da corrida ajudou Deisy a se entrosar com outras pessoas em Curitiba. Ela participa de um grupo (High Pace Runners) que se reúne uma vez por semana. Neste ano, pretende fazer a meia maratona de Curitiba. “A gente não paga para participar do grupo, vem todo tipo de gente, é bem democrático. Acho isso bom porque abre a nossa visão de mundo”, argumenta.
O jeito espontâneo e alegre ajudam no entrosamento com os colegas, com os cidadãos e também com gente que ela nunca viu. “Fui me misturando com as pessoas da cidade, que geralmente percebem que não sou de Curitiba. E não é só o sotaque. Eu falo muito”, brinca.
Deisy costuma aproveitar a cidade ao máximo. “Conheço praticamente todos os parques. E aqui, parque é programa de família. Acho isso muito legal. Meus favoritos são o Barigui, o Náutico e o Passaúna.”
Também fazem parte da programação os shows, o Domingo no Centro e todas as feiras temáticas – Primavera, Inverno, Natal, por exemplo – além da clássica programação de Natal da cidade. Recentemente, participou também da Rolêficina do Plano Diretor. E ela dá a dica: “Acompanho tudo pelo Guia Curitiba, da Prefeitura”.
Nina, 40 anos, Rio de Janeiro (RJ)
Professora
Família trocou o ar-condicionado pelo aquecedor e cada um tem a sua bolsa de água quente
Ela assumiu o cargo como servidora em abril deste ano. Mas já sonhava viver em Curitiba há muito tempo. “Eu via essa cidade linda, arborizada, sem lixo no chão, e pensava: eu quero morar num lugar assim”, resume Nina Amorelli. Ao longo dos anos, outro fator teve grande peso: a criminalidade do Rio.
Dos 22 anos em que foi professora de sala de aula, 15 foram como servidora da Prefeitura do Rio. Ela até tentou fazer uma permuta entre as prefeituras do Rio e de Curitiba, mas acabou não dando certo.
Durante a pandemia, chegou a dar aulas remotas, como professora municipal do Rio, trabalhando de Curitiba. Desde então, a vontade de estar na cidade só aumentou. E antes mesmo da nomeação, ela já tinha uma casa na capital paranaense.
Com ela, vieram o marido e os três filhos, de 14, 8 e 2 anos de idade. “Minha maior alegria agora é ver os meus filhos correndo, brincando nos parques sem medo. Vejo a liberdade que eles têm, me encanta ver a felicidade deles”, declara Nina, que gosta de explorar com os filhos a cidade que escolheu para viver.
“Vamos muito aos parques, fazemos piquenique e a expectativa agora é pelo Natal em Curitiba”, afirma.
Ela reconhece que o clima é o maior desafio. “Meu primeiro salário foi para comprar roupas de frio para todos. Trocamos o ar-condicionado geladinho pelo aquecedor e cada um em casa tem a sua bolsa de água quente”, detalha.
Segundo ela, decidir pela mudança do Rio para Curitiba não foi fácil. “O Rio me traz muitas emoções. Sinto saudade de lá, especialmente dos amigos. Sempre que podemos, pegamos o carro e vamos pra lá”, conta.
Por outro lado, ela avalia que os filhos poderão ter outras oportunidades em Curitiba. “Minha filha, que vai para o Ensino Médio ano que vem, já garantiu bolsa de estudo em duas instituições para as quais concorreu. Talvez, se estivéssemos no Rio, ela não teria as mesmas possibilidades”, avalia.
Nina declara que, mesmo sabendo que toda cidade grande tem alguma violência, a sensação no Rio era muito desconfortável. “Comecei a viver numa insegurança insana. Era impossível sair e ir ao teatro, por exemplo”.
Ela acrescenta que foi bem recebida pelos colegas de trabalho na Regional Portão. “E nestes seis meses, já aprendi muito aqui”, diz ela, que se destacou na Prefeitura do Rio pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que aplica testes para avaliar a educação básica em todo o país. Na última semana, ela trabalhou com crianças do 4º e do 5º ano do CEI Francisco Klemtz que se preparavam para a avaliação.
A irmã de Nina, que morava no Rio, também veio para Curitiba. O pai delas faleceu em Curitiba durante a pandemia, poucos meses antes de a mãe falecer no Rio. As cinzas dos dois vieram para Curitiba. A cidade agora será o lugar de todos.
Guilherme, 38 anos, Uberaba (MG)
Procurador
O mineiro quebra o gelo facilmente, já tem amigos de Curitiba e programação é o que não falta
Ele passou por muitas cidades brasileiras fazendo concurso. Em cada uma delas, examinava o lugar com cuidado e se imaginava vivendo ali. “Em 2015, no começo do período de preparação para concursos, vim a Curitiba e me apaixonei. Disse para mim mesmo: um dia vou morar nessa cidade”, conta Guilherme Sousa Bernardes, que passou quase sete anos estudando para concursos públicos.
“A cidade é organizada, limpa, o trânsito funciona, o nível de vida é bom, as pessoas são educadas. Foi isso o que enxerguei aqui”, revela. “O que vejo na prática é que o comportamento do curitibano contagia os demais. Jogar lixo na rua é errado em qualquer lugar. Isso, para o curitibano, é ético, então as pessoas não jogam e acham errado quem faz isso. É a cultura do local”, analisa.
Morador de Curitiba há três anos e meio, ele e a esposa Renata celebram a nova vida.
Guilherme avalia que uma das principais preocupações quando chegou era atender a expectativa da sua companheira. “Ela já disse que não vai embora daqui. Se eu quiser, tenho que ir sozinho”, brinca. Para Renata, que é nutricionista, a cidade também abriu possibilidades profissionais na sua área.
O sotaque acentuado do mineiro logo revela a origem. “De modo geral, não senti resistências, algumas pessoas são mais reservadas, só isso. Eu costumo quebrar o gelo facilmente. E fui muito bem recebido na Procuradoria-Geral do Município. O presidente da Associação dos Procuradores, o Paulo Salamuni, ajudou a todos nós, que somos novatos, a nos integrar na cidade. Isso fez toda diferença”, avalia.
O clima é, sem dúvida, o maior desafio para o casal. “O frio incomoda porque demora.”
Guilherme e a esposa costumam visitar os parques, viajar para cidades próximas de Curitiba, ir a restaurantes. “Aqui em Curitiba é tudo calmo, acaba cedo, bem diferente daquilo que a gente estava acostumado em Minas. Mas falta de evento não tem”, avisa. “Fiz amigos na Procuradoria e na cidade porque concurseiro vira amigo”, diz ele que agora tem a turma de Curitiba e a de quem não é daqui.
Raphael, 34 anos, Piracicaba (SP)
Engenheiro
Curitiba mudou a sua história
O Natal de 2020, primeiro ano da pandemia pelo coronavírus, foi um marco. “Era 24 de dezembro, eu estava executando uma obra de esgoto de emergência e a minha esposa ligou chorando para dizer que havia chegado correspondência da Prefeitura de Curitiba me convocando. Tenho essa memória muito viva, foi um presente de Natal.” O relato do Raphael Sampaio guarda o significado daquele telegrama que mudaria a sua história.
“Foi uma transformação na vida da gente. Eu seria engenheiro pela primeira vez”, resume ele, que tomou posse no início de 2021 e atualmente é supervisor do Distrito de Manutenção Urbana Tatuquara.
Fazer o concurso foi resultado do incentivo da esposa, Franciele Cruz. Quando foi anunciado, Raphael estava desempregado e resolveu dedicar-se aos estudos por quatro meses.
A ideia de um dia morar na cidade surgiu em 2009, quando Raphael e os colegas do Ensino Médio voltavam de Balneário Camboriú e a excursão parou em Curitiba. “Lembro que a gente desembarcou no Centro Cívico. Fiquei encantado com a cidade.”
Vivendo hoje aqui, ele diz que Curitiba, assim como todo lugar, tem seus problemas. Mesmo assim, a cidade o surpreende. Como morou na periferia de Piracicaba reconhece que a capital paranaense tem muito mais acesso aos serviços públicos.
“Lá, eu saía de casa às 5h para chegar às 10h no trabalho. E se eu perdesse o ônibus tinha que esperar uma hora e meia. Aqui é muito diferente. A gente está bem satisfeito e pretendo me aposentar aqui”, declara.
Além de visitar os parques de vez em quando, o casal costuma viajar pra Santa Catarina. “Precisamos conhecer melhor o litoral do Paraná. Temos planos de ir à Ilha do Mel”, conta.
Quanto ao frio, ele diz ter sido um pouco ingênuo no início, achando que iria ser fácil a adaptação. “Já conhecia outras cidades frias, mas aqui era mais frio ainda. Quando cheguei, entendi que é assim devido à altitude da cidade. Compramos roupas e aquecedor. Parei de subestimar o frio e aprendi a usar as roupas adequadas. No carro, tem sempre uma blusa de frio.”
Numa visita recente a Florianópolis, Raphael e Franciele refletiram sobre a vida em Curitiba. “Depois que a gente mora em Curitiba, não acostuma com outro lugar para viver, nada é bom”, comenta.