O prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, defendeu a troca de conhecimentos entre os municípios do Paraná, nesta terça-feira (7/10), no segundo dia do 1º Seminário de Investimentos do IPMC (Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba), realizado no Centro de Eventos Imap Barigui, no Parque Barigui.
“Nós, em Curitiba, temos a contribuir com outros municípios e muito a aprender”, declarou o prefeito diante da plateia formada por representantes e conselheiros dos regimes próprios de previdência social (RPPS), especialistas de mercado, representantes do Ministério da Previdência Social e servidores do IPMC. “É sempre importante essa troca de informações entre todos. A informação precisa ser compartilhada”, completou.
Responsabilidade e transparência
Ao lado da presidente do IPMC, Jocelaine Moraes de Souza, Eduardo Pimentel defendeu os investimentos feitos com responsabilidade e transparência, ao tratar dos recursos destinados à previdência dos servidores – aposentadorias e pensões.
O seminário proposto originalmente para os conselheiros do IPMC foi aberto aos municípios do Paraná que aderiram ao evento gratuito. Representantes de cerca de 40 RPPS vieram a Curitiba para ouvir de perto o que especialistas do país têm a dizer.
Todos se preparam, nesta fase do ano, para a aprovação da política de investimento que será adotada a partir de 1º de janeiro de 2026. Esse é um dos requisitos para a regularidade dos RPPS perante o Ministério da Previdência Social.
O maior problema econômico e social do Brasil
Para o economista e professor Francisco Fernandes, que é sócio e fundador da PFM Consultoria e foi um dos palestrantes do seminário, a discussão para a preparação da política de investimentos faz parte de um contexto ainda maior.
'Não tem problema maior no nosso país do que os desafios impostos pelo envelhecimento da população e pelas aposentadorias”, disse ele na apresentação sobre boas práticas na gestão de portfólios.
“A gente tem muitos problemas econômicos, outros podem até ser tão importantes quanto esse, mas eu não considero que a gente tenha um desafio mais importante no país do que a garantia de uma aposentadoria digna para os brasileiros”, defendeu.
Ele observou que é necessário equilibrar a questão da aposentadoria dos servidores com a arrecadação, para ter a administração pública saudável. “A gente tem um desafio muito grande. Nosso país está deixando de ser jovem, a população está envelhecendo”, reforçou.
Fernandes também apontou a urgência que existe de os jovens aprenderem a poupar. Destacou que a certificação do Pró-Gestão RPPS (Programa de Certificação Institucional e Modernização da Gestão dos Regimes Próprios de Previdência Social) do Ministério da Previdência estabelece como uma das suas dimensões a educação previdenciária. “Os RPPS deveriam olhar para o funcionalismo jovem. Educação previdenciária não é apenas para aqueles servidores mais maduros”, completou.
Temas abrangentes
Riscos, seleção de gestores, planejamento de longo prazo, mapeamento, controle para redução de perdas, equilíbrio entre risco e retorno, investimentos sustentáveis, segurança da informação e eficiência foram alguns dos assuntos abordados pelos convidados.
O economista, sócio e fundador da Aditus Consultoria, Guilherme Benites, por exemplo, comparou o processo de tomada de decisões dos RPPS a um plano de voo, no qual existem previsões estabelecidas, mas é preciso poder desviar a rota, se for necessário. “É primordial poder fazer ajustes. As coisas vão mudando e, às vezes, muito rápido. O longo prazo é composto por diversos curtos prazos”, acentuou.
O painel de Benites teve a mediação do diretor Administrativo-Financeiro do IPMC, Marcos Aurelio Litz. Também foram mediadores, no segundo dia do Seminário, a gerente de investimentos do IPMC, Sandra Escobar, os analistas de controle de riscos do Instituto, Angélica Oliveira, e de investimentos, Robson de Oliveira Silva.
Diálogo e transparência
O auditor fiscal do Departamento dos Regimes Próprios de Previdência do Ministério da Previdência Social, Ciro Miranda Caetano Milliole, participou de um dos painéis, sobre as principais alterações na legislação de investimentos para RPPS, que foi mediado pela presidente Jocelaine Moraes de Souza.
'Mais do que trazer as novidades da legislação, os RPPS devem aplicar o que a legislação já traz há muitos anos. O princípio da transparência sempre esteve presente na legislação', exemplificou.
Miranda afirmou que o Ministério tem interesse em eventos como o seminário preparado pelo IPMC. “Nosso papel é de regular, fiscalizar, mas também orientar os RPPS. Hoje em dia, os regimes próprios estão cada vez mais profissionalizados e isso é muito bom”, argumentou.
Segundo ele, a certificação do Pró-Gestão tem papel importante na qualificação dos gestores. “Hoje a gente vê que todos, mesmo os que não têm a certificação, querem se qualificar, têm esse objetivo, buscam, conversam com quem já tem para poder chegar nesse mesmo ponto”, disse.
De acordo com o representante do Ministério da Previdência, toda a sociedade ganha com a boa gestão dos RPPS, no longo prazo, não apenas os segurados.
Atualmente existem 2.100 RPPS no Brasil.
Outros temas
Durante o segundo dia do Seminário, a head de solutions da TAG Investimentos, Francisca Brasileiro, falou sobre a importância do asset alocation na gestão de portfólios; o sócio e head de produtos da 4Um Investimentos, Luciano Magalhães, explorou a importância da definição de estruturas de investimentos para a gestão de portfólios; o sócio consultor da Lema Consultoria, Vitor Leão, abordou análises de investimentos eficientes.
O tema investimentos no exterior e questões ASG (ambiental, social e de governança) ficou por conta do head de solutions da Nordea Asset Management, André Simon.
E os investimentos estruturados – private equity foram assunto do sócio e fundador da Spectra Investimentos, Renato Abissanra
O presidente da Paraná Previdência, Felipe Vidigal, esteve no Seminário de Previdência. A diretora da Previdência do IPMC, Mariella Vicco Pereira, acompanhou de perto o debate.