Curitiba foi a segunda capital que mais destinou recursos do Imposto de Renda a pagar para projetos sociais, com 0,37% do potencial de arrecadação. A primeira foi Belo Horizonte, com 0,42%. Os dados constam no mais recente relatório “Grandes Números IRPF – Ano Calendário 2023”, divulgado pela Receita Federal neste ano.
Para a secretária municipal do Desenvolvimento Humano (SMDH), Amália Tortato, o resultado reflete o esforço da Prefeitura para ampliar a arrecadação das organizações da sociedade civil (OSCs). “Estamos em permanente campanha de sensibilização do público para a importância da destinação. Capacitamos as entidades para acessar esses recursos por meio do programa Conecta Parcerias e teremos novidades pela frente”, diz.
Entre essas novidades estão o Guia de Desenvolvimento Humano, com lançamento previsto para outubro, e a consolidação da Rede de Desenvolvimento Humano. “O Guia será uma vitrine para as entidades mostrarem o resultado do seu trabalho e, assim, ampliarem as fontes de financiamento de seus projetos. O objetivo é torná-lo uma ferramenta intersetorial na operação da Rede de Desenvolvimento Humano”, explica a secretária.
Análise
O economista e pesquisador Breno Lopes publicou uma análise dos números da Receita no jornal Valor Econômico. Para ele, o desempenho atingido por Curitiba significa que a capital paranaense identificou as possibilidades oriundas do incentivo tributário para o Terceiro Setor e atua com eficiência para direcionar o recurso para ação social.
“Curitiba, como o Paraná, faz um bom trabalho nesse sentido. Há muitas instituições sérias e com credibilidade buscando e acessando esse recurso, mas o potencial é muito maior que o montante atualmente obtido”, avalia. Por isso, Lopes ressalta as iniciativas de conscientização da comunidade. “Muita gente ignora essa possibilidade oferecida pelo incentivo fiscal ou delega a declaração do IR para um terceiro, que também precisa estar informado sobre a destinação e como acontece a compensação do valor a pagar”, observa.
Cultura de solidariedade
Em Curitiba, o crescimento da destinação é uma realidade observada também no IR 2025. É o que observa o superintendente da SMDH, Carlos Eduardo Pijak Júnior. Foram 10.118 no período, enquanto no ano anterior elas somaram 8.323. O potencial de arrecadação também cresceu este ano. Enquanto em 2024 ele atingiu 4,03% dos R$ 299.216.809,00 passíveis de serem destinados, em 2025 subiu para 5,28% do montante máximo de R$ 288.968.201,39.
“Ainda há muito recurso a ser carreado para ação social. Podemos captar muito mais e é para isso que estamos trabalhando: para criar uma cultura de destinação de imposto de renda em Curitiba”, conclui.