Em 1965, antes mesmo da chegada das empresas à Cidade Industrial de Curitiba, a recém-criada Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) promoveu um projeto ambicioso: construir 2,1 mil casas em um terreno de 800 mil metros quadrados, que seria capaz de resolver o problema das ocupações irregulares da cidade. Assim nasceu o mais antigo conjunto de moradias populares de Curitiba, que completa 50 anos neste mês.
As primeiras casas do empreendimento Vila Nossa Senhora da Luz foram entregues no final de 1966, mas a data comemorada pela comunidade local é a do lançamento da pedra fundamental, em novembro de 1965, quando foram iniciadas as obras de construção das casas.
“Era onde Curitiba terminava. Hoje podemos dizer que estamos em uma localização boa, mas na época o local era considerado muito longe”, conta o morador Getúlio Bueno.
O número de 2,1 mil casas não foi escolhido por acaso. Os levantamentos da época indicavam que essa era a quantidade de famílias que viviam de maneira precária nessas ocupações. O objetivo não foi atingido, pois uma das exigências do agente financiador, o Banco Nacional da Habitação (BNH), era o vínculo formal de emprego do chefe de família. Como a maioria dos moradores de ocupações na época não possuía emprego formal, as moradias foram destinadas para outras famílias.
Caracterisiticas
Construído em tempo recorde – pouco mais de um ano – o conjunto conta com uma arquitetura peculiar. O arquiteto Alfred Willer foi um dos criadores do projeto, que tem uma grande praça central para onde convergem todas as ruas e mais 12 praças menores. “São pequenos núcleos dentro de um conjunto maior. Nossa ideia na época era estimular os espaços de convivência entre as pessoas”, explica Willer.
As casas foram desenhadas com base em elementos da cultura de imigrantes presentes na história do Paraná, em especial os poloneses. O sótão e a escadaria em madeira fazem referência a um modelo de casas muito utilizado na Polônia, segundo Willer.
Muita gente deve se perguntar o motivo de algumas ruas do interior do conjunto serem mais estreitas que o normal. É porque elas foram projetadas para serem vias exclusivas de pedestres. “A ideia era que as pessoas circulassem com segurança os curtos trechos nas proximidades de casa. Posteriormente, as vias foram todas asfaltadas e os carros dominaram o espaço dos pedestres”, conta Willer.
Festa
Neste sábado (21), a comunidade local, em parceria com a Administração Regional da CIC, vai realizar uma grande festa para comemorar a data. A partir das 10 horas, na Praça Central da Vila, haverá culto ecumênico, campeonato de futebol, aulão de zumba, distribuição de bolo, entre outras atividades.