A série histórica de acidentes de trabalho em Curitiba, entre 2007 e 2025 (dados preliminares de janeiro a março), contabilizou 47.423 notificações. Quase 60% dos casos - 27.572 acidentes - atingem homens de 20 a 49 anos.
Na faixa etária de 20 a 29 anos, idade mais produtiva e com maior exposição a riscos, foram notificados 11.972 acidentes envolvendo homens, 25% do total, enquanto os acidentes com trabalhadoras mulheres somaram 3.500 ocorrências, o que equivale a 7,3%.
Os dados são do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba, que analisa as informações inseridas por profissionais de saúde no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
De janeiro a março de 2025, foram notificados em Curitiba 1.638 acidentes de trabalho. Em todo ano de 2024, foram 7.504 notificações e, em 2023, 8.058.
A notificação de acidentes de trabalho no Sinan é obrigatória para todos profissionais de saúde, tanto os que estão em serviços públicos ou privados quanto os que atendem em empresas ou instituições, na medicina do trabalho, por exemplo. Os dados, no entanto, ainda são subnotificados, o que dificulta a realização de políticas públicas que estimulem ações preventivas.
Em Curitiba, os três principais hospitais que atendem trauma - Hospital do Trabalhador, Evangélico Mackenzie e Cajuru - são os maiores notificadores de acidentes de trabalho, pois contam com setor de epidemiologia em suas estruturas, responsáveis pelas notificações do sistema do Ministério da Saúde. As equipes devem verificar se a causa do internamento tem o trabalho como fator determinante da condição de saúde, estabelecendo o nexo causal da situação enfrentada.
Desde 2023, o Ministério da Saúde determinou a notificação obrigatória de todos os acidentes de trabalho, independente da gravidade, o que tem resultado em aumento dos números de ocorrências.
“Anteriormente, os serviços de saúde só notificavam acidentes sérios, como os que resultavam em amputações, traumas graves e até mortes em decorrência da atividade laboral. Atualmente, qualquer acidente que aconteça durante a atividade profissional deve ser notificado quando a pessoa passa por atendimento de saúde”, esclarece o coordenador do Cerest de Curitiba, Luiz Antônio Teixeira.
Dados
De 2007 a 2025, a área com maior notificação de acidentes é a de serviços, que corresponde a 54,5% dos registros, seguida pela indústria da transformação, com 21,16% das notificações, construção civil com 10,63% e comércio com 6,79%.
Entre as profissões classificadas como serviços, o maior número de acidentes acontece com técnicos de enfermagem (11,69%), seguido por faxineiros (10,33%), cozinheiros (5,25%), alimentador de linha de produção (7,47%), pedreiro (6,38%) e vigilante (2,16%).
Com relação às mortes ocorridas em decorrência de acidentes de trabalho, foram notificados no Sinan 1.254 óbitos no período de 2007 a 2025 em Curitiba. Dentre eles, 42% dos óbitos são por quedas, 22,51% por acidentes envolvendo transporte e 14,58% por forças mecânicas inanimadas (impacto causado por objeto lançado, projetado em queda).
Máquinas perigosas
Na segunda-feira (28/4), a diretora do Centro de Saúde Ambiental, Rosana Zappe, assinou em conjunto com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, o protocolo de proteção do trabalhador em máquinas perigosas. A parceria visa a prevenção de acidentes em serviços que utilizam máquinas “campeãs” de acidentes, como serras, prensas, entre outras.
A assinatura aconteceu em evento promovido pelo sindicato em comemoração pelo Dia da Segurança e Saúde no Trabalho, celebrado em 28 de abril, instituído desde 2003 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A mesma data foi escolhida no Brasil para lembrar das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho (Lei nº 11.121/2005).
Eliminar riscos
O protocolo assinado visa estabelecer diretrizes e ações conjuntas para reforçar a segurança no ambiente de trabalho, com foco na proteção do trabalhador que atua com máquinas perigosas, visando reduzir o número de acidentes e garantir melhores condições de trabalho.
Estão previstas campanhas de prevenção e conscientização, além de fiscalização dos ambientes de trabalho para identificar e diminuir riscos.