A partir do ano que vem, o Teatro Universitário de Curitiba (TUC), no Largo da Ordem, terá uma programação especial dedicada ao hip-hop. De março a dezembro, o espaço será ocupado por oficinas e apresentações gratuitas com DJs, MCs, breaking e grafite, resultado do primeiro edital exclusivo para a linguagem hip-hop lançado pela Fundação Cultural de Curitiba.
A assinatura dos contratos com os sete artistas e produtores contemplados aconteceu nesta quinta-feira (2/10), no auditório da Diretoria da Lei de Incentivo à Cultura, com a presença do presidente da FCC, Marino Galvão Junior.
“É um momento histórico para a cidade, pois se trata do primeiro edital dedicado exclusivamente à linguagem hip-hop, tão importante na cena urbana e que merece ganhar cada vez mais espaço e atenção. Esse é o embrião”, afirmou Marino.
O presidente lembrou ainda que este ano foi criada a Coordenadoria de Hip-Hop da FCC e que o edital é uma das primeiras ações da nova estrutura. Ao todo, 19 projetos foram inscritos para sete vagas, marcando a primeira vez em que essa linguagem cultural foi contemplada em edital próprio dentro do Fundo Municipal de Cultura.
Entre os selecionados está o músico e educador Kleber Tiago Gregório, do coletivo Academia 12. “Ficamos felizes que a cidade voltou os olhos para a gente e abriu essa oportunidade. O hip-hop tem uma importância muito grande na vida de uma parcela da população, principalmente a mais marginalizada e é um movimento capaz de mudar vidas, de abrir novas perspectivas. Foi assim na minha trajetória e, por isso, faço questão de transmitir esse legado, oferecendo às novas gerações as mesmas oportunidades que eu tive”, afirmou Kleber.
Cultura local e mundial
Com formação em Música pelo Conservatório de MPB de Curitiba e extensão universitária, Kleber reforça que a linguagem do hip-hop já conquistou espaço significativo no cenário global.
“Na cultura popular mundial, o hip-hop é dominante há pelo menos dez anos. Rap, trap e outros estilos ligados ao movimento estão entre os mais ouvidos nas plataformas de streaming. Hoje é difícil ver uma produção audiovisual que não traga elementos do hip-hop, seja um grafite, uma rima, um passo de breaking ou a presença de DJs”, observou Kleber.
Para a pesquisadora Rafaella Ferreira Cicarelli, coordenadora do Núcleo de Estudos em Hip-Hop da Universidade Federal do Paraná, o edital ajuda reforçar o protagonismo de Curitiba na cena nacional. “Nossa cidade é a sexta do Brasil que mais ouve rap e aqui existem cerca de 200 MCs. O hip-hop é um movimento potente, que merece visibilidade”, ressaltou. O Núcleo da UFPR, o primeiro do país, será inaugurado nesta sexta-feira (3/10).
A cantora Janine Mathias iniciou sua carreira no hip-hop. “Esse momento é muito importante, tem muito ainda para fazer mas precisamos desse diálogo aberto com a Prefeitura”, disse Janine.
Além do edital específico para ocupar o TUC, a FCC tem ainda o credenciamento direto disponível também para artistas de hip-hop, que podem ser contratados para eventos específicos, como foi o caso do muralista Paulo Auma, que está fazendo a pintura na Fazenda Urbana da CIC. “Recomendo que os grafiteiros se inscrevam, é um pouco burocrático mas vale a pena”, disse.