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Futuro de Curitiba

Plano Diretor de Curitiba cria instrumentos de política urbana

O projeto de lei de Revisão do Plano Diretor de Curitiba, válido para os próximos dez anos, estabelece uma série de instrumentos de política urbana para auxiliar a administração a tornar concreto o planejamento projetado para a cidade. Foto: Lucilia Guimarães

O projeto de Plano Diretor de Curitiba estabelece novas diretrizes para a habitação de interesse social, voltada ao atendimento da população de menor renda, com ênfase para aquelas famílias cujos rendimentos situam-se na faixa de até três salários mínimos. Essas diretrizes integram a política de habitação do Município que busca promover ações do poder público e da iniciativa privada para garantir o direito social à moradia para o conjunto da população, estimulando a construção e a requalificação de habitações.

Na busca por uma cidade mais compacta e integrada, o Plano Diretor indica que a política de habitação deve buscar a melhor ocupação dos espaços ociosos e evitar o crescimento periférico do município. Isso favorece a grande maioria das pessoas que buscam a habitação de interesse social: estudantes, jovens solteiros, casais e idosos. O município deverá atuar em duas frentes principais, produzindo novas habitações de interesse social e qualificando as áreas de ocupações irregulares.

Sobre as habitações de interesse social, o Plano Diretor apresenta novos mecanismos que visam um atendimento mais ágil e eficiente, direcionando essa população para áreas que serão demarcadas como Setores Especiais de Habitação de Interesse Social (SEHIS). Esses locais deverão contemplar, a critério do Município, equipamentos que prestem serviços sociais e culturais, espaços públicos, serviços e comércio de caráter local. Assim, dotadas de infraestrutura, as SEHIS deverão aproximar os moradores de seus locais de trabalho, evitando deslocamentos e promovendo o aumento da qualidade de vida.

O principal instrumento a ser utilizado para este fim é o Parcelamento, Edificação e Urbanização Compulsórios (PEUC), mais conhecido como IPTU progressivo. Este instrumento permite ao município induzir a ocupação de terrenos ou prédios que estejam sem uso, para que cumpram a função social da propriedade, sob pena de aumento progressivo do imposto sobre a propriedade (IPTU) ou de ter o imóvel desapropriado por títulos da dívida pública.

Diagnóstico

Curitiba possui uma população estimada de 1,8 milhão de pessoas. Dados de 2010 indicam que havia 576.190 domicílios particulares permanentes e 396 áreas com habitações irregulares. Cerca de 20% de todas as residências de Curitiba são unidades habitacionais construídas pela COHAB, desde sua fundação até hoje. A projeção do número de domicílios na cidade, ainda para 2015, é de 650.620. E, em 2020, Curitiba deverá ter mais de 746 mil domicílios.

No ano de 2005, o déficit de moradias em Curitiba era de 45 mil habitações. Em 2010, o déficit de habitacional era de 49.164 unidades. Projeções feitas pela Fundação João Pinheiro e Ippuc indicam que, em 2024, o déficit de habitações no município, somado à demanda habitacional futura (em função do aumento populacional), será superior a 76 mil moradias, sendo que pelo menos 29 mil deverão ser destinadas à população que possui renda de até três salários mínimos.

Confira as principais inovações propostas no Plano Diretor de Curitiba para atender a demanda por habitações de interesse social:

Mapear e ocupar os vazios urbanos

Em todas as regiões da cidade haverá a identificação de propriedades privadas ou públicas não edificadas, subutilizadas ou abandonadas, com área superior a mil metros quadrados. Após análise, as áreas aptas à produção de habitação de interesse social serão demarcadas como Setores Especiais de Habitação de Interesse Social (SEHIS). Se os proprietários não tiverem interesse em ocupar essas áreas, as mesmas poderão ser desapropriadas para a produção de unidades habitacionais.

A ideia é mudar o atual padrão de poucos conjuntos com muitas unidades habitacionais, na periferia, para a produção de muitas unidades habitacionais pulverizadas pela cidade, em áreas dotadas de infraestrutura. Essas novas unidades habitacionais de interesse social deverão ser destinadas, preferencialmente, ao aluguel social. Além de permitir a criação de novas unidades de habitação de interesse social, a medida favorece a combinação e a diversificação no uso dos espaços urbanos e evita o abandono e a depreciação de áreas, especialmente na região central.

Aluguel Social

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) dará início aos estudos para a implantação do aluguel social. Trata-se de unidades habitacionais, pertencentes ao município, que serão destinadas ao aluguel social. Esses imóveis poderão ter origem em desapropriações, cotas de habitação social ou, ainda, por meio da desistência do financiamento de residência pela COHAB. Desta forma, o morador pagará ao município um aluguel pelo uso do imóvel.

Essa diretriz tem o propósito de diversificar as formas de atendimento à população de baixa renda, podendo se aplicar a estudantes, jovens, casais e idosos. O aluguel social vai beneficiar aquelas pessoas que desejam morar em áreas próximas a seus locais de trabalho ou estudo. A medida também irá favorecer a mobilidade social, pois, quando a pessoa tiver sua faixa de renda aumentada, e não necessitar mais do aluguel social, poderá deixar o imóvel que será alugado a outro beneficiário.

Cotas de Habitação de Interesse Social para grandes empreendimentos imobiliários

A Prefeitura Municipal de Curitiba deverá estabelecer cotas de habitação de interesse social para os grandes empreendimentos imobiliários. Esta será a contrapartida obrigatória exigida para a implantação desses empreendimentos: doação de áreas para a construção de unidades de habitação de interesse social, preferencialmente próximas desses locais, favorecendo a diversidade social. A contrapartida também poderá ser dada em dinheiro ou em unidades habitacionais construídas. Uma legislação municipal específica regulamentará a Cota de Habitação de Interesse Social.

Promover a diversificação social

Ao disseminar habitações de interesse social por todas as áreas do município, o resultado é a diversificação social, evitando os conjuntos segregados, especialmente na periferia, e beneficiando a integração de grupos sociais.

Priorizar as famílias de menor renda

As famílias e pessoas com renda de até três salários mínimos deverão ter prioridade de atendimento, tanto para as habitações de interesse social quanto para o aluguel social.

Incentivo à produção de habitação de interesse social

A Prefeitura Municipal de Curitiba vai incentivar a participação da iniciativa privada na produção de habitações de interesse social por meio de mecanismos como parâmetros diferenciados de parcelamento, uso e ocupação do solo e de edificações, respeitando as normas ambientais.

Regularização Fundiária de Interesse Social

O município vai buscar a regularização, com qualidade, de assentamentos irregulares passíveis de consolidação. Serão estabelecidos parâmetros especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e de edificações, respeitadas a situação socioeconômica da população local e as normas ambientais. Nas áreas regularizadas, o município também deverá assegurar condições urbanísticas, sociais e ambientais, tais como salubridade, estabilidade, segurança, infraestrutura e acesso a serviços públicos.

Nesses locais, haverá a remoção de famílias que ocupem áreas de risco, tais como beira de rios, regiões alagadiças, junto a bosques etc. O reassentamento será feito, preferencialmente, em regiões próximas à antiga moradia. Entre as diretrizes específicas estão a atualização da legislação municipal relativa à regularização fundiária de interesse social, compatibilizando-a com a legislação federal.

Integração de Políticas Públicas

O Plano Diretor prevê a integração da política de habitação com as demais políticas públicas, em especial as de desenvolvimento urbano e regional, de mobilidade, de geração de emprego e renda, sociais e ambientais. A nova lei também orienta para a integração com as políticas habitacionais dos municípios da Região Metropolitana de Curitiba. Por fim, busca a integração dos programas de habitação municipais, estadual e federal, propiciando a otimização dos recursos aplicados em projetos de habitação de interesse social.