Pietro, 3 anos, nasceu com má formação nos dois pés e na mão esquerda. Mas isso não o incomoda nem o impede de fazer nada que as outras crianças da idade dele fazem. O menino é um exemplo para os colegas do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Sylvia Orthof, no Bairro Novo.
“Não tem o que ele não faça. É pra brincar descalço na grama? Pois ele mesmo tira os sapatos e sai correndo. Monta qualquer coisa com as peças dos brinquedos. Até no banheiro ele dispensa ajuda, mesmo eu estando com ele”, relata a professora Rozeli Faria.
A diretora Raqueli Fernandes Couras, que já tem experiência com processos de inclusão na rede municipal de ensino, avalia que a convivência é altamente enriquecedora para todos.
“É uma sensibilização, e o ganho que todos nós temos com ele é enorme, enriquece o convívio”, analisa a diretora.
O CMEI tem 132 crianças, cinco delas com algum tipo de deficiência. Além de Pietro, a unidade atende crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outro caso de deficiência física.
“Olha, separamos os dinossauros”, mostrou o menino, enquanto brincava com os colegas da turma do maternal, na sexta-feira (1º/7).
A mãe do Pietro, Miriam Gomes Ferreira, concorda que frequentar o CMEI e conviver com outras crianças ajudou muito no desenvolvimento do menino. “Ele foi precoce em tudo, saiu da fralda cedo, falou cedo. É uma criança muito ativa e inteligente”, conta. Pietro tem uma irmã de sete anos e adora brincar.
“Matriculei o Pietro no CMEI no fim da pandemia, e estamos muito felizes com o atendimento presencial que é possível agora, tanto ir para a escolinha como para as atividades que ele faz, como a fisioterapia”, afirma Miriam.
Escola de Pais
As famílias com estudantes com deficiência são atendidas pela Escola de Pais, que tem como missão ajudar os pais dessas crianças a se cuidarem e assim poderem atender com mais tranquilidade o desenvolvimento dos filhos, além de esclarecer dúvidas e proceder orientações.
As famílias das crianças e estudantes em inclusão também recebem suporte. “Cuidamos dos cuidadores, conversando abertamente e compartilhando experiências na Escola de Pais”, explica a secretária municipal da Educação, Maria Sílvia Bacila.
Inclusão em números
De um total de 140 mil matriculados, a rede municipal de ensino de Curitiba tem 3,4 mil estudantes com deficiência atendidos nas turmas regulares de Educação Infantil e do Ensino Fundamental nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e nas escolas. São crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndrome de Down, paralisia cerebral, entre outros.
Durante o isolamento gerado pela pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021, os atendimentos da Educação Especial e Inclusiva foram mantidos, porém de maneira remota. Foram mais de 50 mil atendimentos na modalidade on-line.
Com o retorno do presencial, desde julho de 2021, o atendimento de contraturno é realizado nos Centros Municipais de Atendimento Educacional Especializado (CMAEEs) ou nas salas de recursos de aprendizagem e multifuncionais das escolas e de altas habilidades dos CMAEEs.
Os atendimentos são realizados por profissionais especializados, conforme as especificidades de cada um.
A diretora do Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE) da Secretaria Municipal da Educação, Gislaine Coimbra Budel, explica que são 15 modalidades de atendimento oferecidas a estudantes em processo de inclusão, o que inclui crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, síndrome de Down, comprometimento motor, Transtornos Funcionais Específicos, entre outros.
Além de salas de recursos nas unidades e CMAEEs em todas as dez regionais da cidade, a Educação oferece, desde setembro de 2019, um centro específico para o TEA. É o pioneiro Centro de Ensino Estruturado para o Transtorno do Espectro Autista (CEETEA), desenvolvido com metodologia específica.