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Educação infantil

A "saída do casulo" de Jade, um exemplo de inclusão no ensino municipal

A menina Jade de 4 anos brinca na sala de aula do CMEI Agenor Bertoni no Sitio Cercado. Jade tem uma má formação no rosto mas possui todas as demais cognições normais para o convivio com outras crianças - Curitiba, 03/04/2018 - Foto: Daniel Castellano / SMCS

Lições de inclusão e afeto acontecem todos os dias no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Arnaldo Agenor Bertone, no Sítio Cercado. É lá que a família de Jade Bueno da Rosa, 4 anos, encontrou esperança e confiança para superar obstáculos e encarar o ambiente escolar pela primeira vez. A pequena Jade tem malformação craniofacial, patologia rara que foi recentemente retratada no filme “Extraordinário”.

Após ter sido desestimulada a frequentar outras instituições de ensino, Jade foi recebida com carinho e respeito pelos colegas da creche. Antes de sua chegada à sala de aula a equipe do CMEI fez um amplo trabalho de sensibilização e acolhimento.

 

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Professoras, pedagoga e demais funcionárias se uniram para desenvolver estratégias para incluir a menina, que pela primeira vez está conseguindo interagir com outras crianças.

Ação integrada
Todos os 40 profissionais do CMEI se uniram na pesquisa e elaboração do planejamento. O caso da Jade inspirou as discussões da semana de estudos pedagógicos interna na unidade, realizada em fevereiro, antes do início das atividades com as crianças. O grupo assistiu a filmes, pesquisou notícias, artigos e livros sobre o tema e elaborou uma série de ações de sensibilização para envolver as demais crianças do CMEI e seus pais.

As professoras relatam que no primeiro dia de aula Jade entrou bastante tímida e se sentou num canto. Logo uma coleguinha – a atual melhor amiga, Mariana – chamou: “Vem brincar”, dano início à integração da menina na escola.

Acolhimento
A diretora do CMEI, Raqueli Fernandes Couras, teve o primeiro contato com a história de Jade. Em dezembro passado, a mãe da menina, a dona de casa Ivanilda Rosa, procurou receosa o CMEI para saber se poderia matricular a filha. Ela temia o preconceito e a segregação da criança. Os dias haviam sido difíceis até então, foram quase uma dezena de cirurgias para harmonização da face e reconstrução do sistema respiratório, tratamentos médicos exaustivos e experiências repetidas de rejeição.  

Para evitar a exposição e constrangimento da menina, a família deixou de frequentar espaços públicos e passou a viver mais isolada. “Desde o primeiro momento que estive no CMEI fui acolhida, ouvida e incentivada a matriculá-la para que ela pudesse iniciar a socialização”, conta Ivanilda.

A síndrome que acomete Jade afeta apenas sua aparência. Ela é uma menina esperta e ativa. “Nos deparamos com uma criança que precisava sair do casulo, com pais que precisavam ter a segurança de que o espaço educativo do CMEI era o mais seguro para isso acontecer”, lembra Raqueli.

Referência
O CMEI já era referência no combate ao preconceito e na garantia do direito à educação de qualidade. Porém, a falta de referências sobre a patologia rara da Jade precisava ser vencida. A inclusão, explica a pedagoga da unidade, Maria Jesuíno de Magalhães, não dependia de profissional de apoio ou acessibilidade, mas da sensibilidade e da boa orientação das nossas profissionais.

“Não há receita, cada criança de inclusão é única, o que existe é a aceitação do trabalho e o compromisso de oferecer a cada uma o que é dela por direito”, diz a pedagoga.

Cotidiano
Para Jade, os dias têm sido mais animados agora que ela coleciona boas experiências com os amigos. “Eu adoro os brinquedos e os amigos do CMEI. É muito bom vir aqui”, conta a menina. Com a amiga Mariana da Silva, 4 anos, Jade gosta de brincar de fazer bolos e cozinhar. “A Jade é feliz e é minha boa amiga”, diz a Mariana.