O programa Mama Nenê, ação da Prefeitura para incentivar o aleitamento materno nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e nos Centros de educação Infantil (CEIs) contratados, completa neste mês dez anos de funcionamento. Neste período, foram atendidos 5.400 bebês.
Nesta terça-feira (28/03), no Salão de Atos do Parque Barigui, profissionais da Educação e da Saúde envolvidos no trabalho, além de representantes de prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba, se reúnem para trocar experiências sobre o programa.
O funcionamento do Mama Nenê está diretamente ligado ao esforço das equipes de profissionais para que cada creche tenha um local separado exclusivamente para as mães amamentarem os filhos. Atualmente, os projetos de engenharia das novas creches preveem instalações específicas para o Cantinho Mama Nenê. Mas a iniciativa dá bons resultados também em espaços mais antigos. É o caso do CMEI Coqueiros, no bairro Sítio Cercado, unidade que está em funcionamento há 34 anos e hoje atende 145 bebês de 3 meses a 3 anos. Deles, 51 têm no máximo 2 anos de idade. Cerca de 30 são aleitados no local. Quatro tomam o leite esgotado do peito da mãe, em copinhos, e a maioria recebe até duas visitas diárias da mãe, que oferece o leite diretamente do peito.
Aconchego
A diretora Márcia Joselene de Andrade conta que, no Coqueiros, o Mama Nenê está em funcionamento desde 2012. “Transformamos uma pequena sala do Berçário I (para os bebês menores) em cantinho do Mama Nenê. Colocamos duas poltronas, almofadas de fuxico, tapete de crochê, cortina de botões, móbile de ursinhos – coisas usadas aqui na região - e som ambiente”, diz, apresentando o espaço.
É nesse local que, duas vezes por dia, encontram-se Simone Cristina Tanazildo, mãe de Vítor Hugo, e Ivete Kwasnei de Oliveira, mãe de Yasmin. Os dois bebês têm 5 meses de vida. Em fase de adaptação ao berçário, as crianças têm ficado entre meia hora e 1 hora no local. Para se acostumarem à nova rotina, Simone e Ivete começaram a amamentá-las no CMEI.
Para a diretora Márcia, essa oportunidade de nutrição saudável, afeto e interação entre mãe e filho é fundamental para o desenvolvimento da curiosidade, imaginação e fantasia. Isso, porém, não resume a estratégia de convencimento das mães para amamentar na unidade.
Ajuda da Unidade de Saúde
Márcia destaca a parceria com a Unidade de Saúde Coqueiros, também da Prefeitura, que envia profissionais até a creche para esclarecer pais e professores sobre a importância da amamentação.
Além disso, o posto recebe as mulheres que desejam aprender a técnica de retirada do leite das mamas e a sua conservação em recipientes estéreis e em condições de congelamento, para garantir o aleitamento materno mesmo quando a proximidade física não é possível.
A mensagem sobre a importância da prática também é levada às crianças mais velhas da unidade. Isso acontece quando elas brincam com mascotes muito especiais da creche: duas bonecas de pano – uma negra e outra branca – que seguraram bonequinhas menores junto do peito. “Quando brincam com as bonecas, as crianças tendem a ver a amamentação como uma prática normal entre as mulheres que se tornam mães”, diz Márcia.
Unidade contratada
A estrutura do Centro de Educação Infantil Doutor Leocádio José Correia, no bairro Santa Cândida, é nova, tem cerca de 5 anos. A unidade contratada pela Prefeitura não previu o cantinho em suas instalações. Mas isso não inibiu a diretora Regina Lúcia Nunes Perna de apoiar a iniciativa.
Com o auxílio da nutricionista Karoline Cristiane Jeremias, ela instalou o espaço para incentivar a amamentação. Hoje, das 150 crianças matriculadas, cinco são amentadas no local e duas tomam o leite materno esgotado do peito das mães.
Para oferecer conforto e privacidade às mães, foi instalado no local um biombo que isola parte da antiga sala de espera da assistente social. “Implementamos o espaço e, principalmente, fazemos a divulgação. Deixamos claro aos pais e mães que a matrícula na creche não é sinônimo de desmame. Muito pelo contrário”, frisa Karoline.
É atrás desse biombo que mães como Débora Alves Rodrigues amamentam seus bebês – no caso dela, a inquieta e risonha Melissa, com 5 meses e em fase de adaptação na creche. Débora também é mãe de Miguel Jorge, de 2 anos e matriculado no mesmo CEI. O menino foi amamentado até a nova gravidez. A poucos dias do reinício do trabalho, Débora se organiza para esgotar as mamas e levar o leite para ser amornado e dado à filha na escola.