A Urbanização de Curitiba (Urbs), em parceria com o World Resources Institute (WRI), realizou, em setembro, a nova edição da Pesquisa QualiÔnibus, que avalia a percepção dos usuários sobre a qualidade do transporte coletivo da capital.
No levantamento, que estabelece notas de 1 a 10, o transporte coletivo da capital recebeu nota geral de satisfação de 7,0, acima do resultado do ano passado, quando marcou 6,5.
O relatório aponta ainda que 86% dos usuários recomendariam o transporte coletivo e 81,7% apoiam a adoção dos veículos elétricos. Mais da metade dos entrevistados (52,9%) consideram que a qualidade do serviço é adequada ao valor pago.
A pesquisa mostra uma melhora geral das notas do transporte coletivo. Dos 16 temas perguntados, 13 tiveram aumento da nota em 2025 na comparação com 2024, um registrou a mesma pontuação e dois tiveram queda na satisfação.
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Os destaques positivos foram Atendimento ao cliente (7,5), Integração (7,3) e Acesso ao transporte (7,2). Os usuários também reconheceram avanços consistentes em confiabilidade (6,8), forma de pagamento e recarga (6,9) e informação ao cliente (7,0).
A aprovação dos ônibus elétricos, que são veículos sem emissões e silenciosos, é coerente com a insatisfação dos usuários com exposição a barulho e poluição, que foi um dos itens com menor nível de satisfação, com nota 5,5. Conforto dos pontos de ônibus (5,6) e segurança pública (4,9) foram as notas mais baixas.
A pesquisa
A sondagem foi realizada de 15 a 26 de setembro. Fiscais da Urbs entrevistaram 958 passageiros em 106 linhas, incluindo sistema convencional (703 entrevistas) e BRT (255). O questionário, com 63 perguntas e duração média de 12 minutos, abordou temas como acesso ao transporte, tempo de espera, custo, conforto, segurança, integração, confiabilidade e formas de pagamento.
O presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, afirma que o levantamento é fundamental para orientar decisões e aperfeiçoamentos no sistema.
“A pesquisa é um balizador que nos ajuda a apontar áreas com bom resultado e outras em que é necessário melhorar. Ela é especialmente importante neste momento em que estamos elaborando o edital do novo contrato de concessão do transporte coletivo. Ouvir e entender as demandas dos passageiros é essencial”, destaca Maia Neto.
De acordo com a Urbs, os resultados do ano passado já serviram de base para várias medidas adotadas pela Prefeitura. Uma delas foi a criação da Patrulha do Transporte Coletivo, focada em aumentar a segurança, coibir furtos, casos de assédio e práticas como fura-catraca e rabeira. Essa medida fez subir a nota de satisfação com segurança pública, de 4,8 para 4,9 neste ano.
Outro ponto de destaque é a política tarifária: a tarifa de R$ 6 está congelada desde 2023 e permanecerá sem reajustes por mais dois anos, durante o período de transição para o novo contrato de concessão. Com isso, o nível de satisfação de gastos com transporte passou de 5,2 no ano passado para 5,9 neste ano.
Dos entrevistados, 65,4% acreditam que os ônibus contribuem para qualidade de vida e 58,6% disseram que podem confiar nos ônibus para os deslocamentos.
Perfil
O levantamento também traçou o perfil atual dos passageiros: 63% têm até 44 anos, e observa-se aumento da participação de usuários entre 55 e 64 anos, que passaram de 10,6% em 2024 para 13,4% em 2025. Dos entrevistados, 56,9% se declaram brancos e 39,4%dos clientes se declaram pretos ou pardos.
A maioria se identifica como mulher (61,2%), e, em relação à escolaridade, 60,6% têm ensino médio completo ou inferior.
A ocupação mais comum entre os passageiros é de funcionário de empresa privada (56,8%), seguida de estudante (11,9%) e profissional autônomo (11,3%). A renda também reflete o perfil dos usuários: quase 59% têm renda familiar de até dois salários mínimos.
Quanto ao uso do sistema, 73% utilizam o ônibus cinco ou mais dias por semana, principalmente para trabalhar (79,3%). Cerca de 70,1% embarcam entre 5h e 9h, enquanto 30,8% utilizam o transporte no fim da tarde, entre 17h e 19h.
A grande maioria (80,4%) precisa de mais de um ônibus para completar o deslocamento, e 27,4% levam entre 30 minutos a 1 hora para chegar ao destino e 29,1% gastam entre 1h e 1h30 por dia no trajeto. Quase 30% esperam entre 5 e 10 minutos no intervalo entre baldeações, enquanto 12,9% aguardam mais de 20 minutos.
Em relação aos meios de pagamento, 38,1% utilizam o Cartão Usuário com recarga pelo empregador e 31,5% recarregam por conta própria. Pagamentos com cartão de débito/crédito representam 6,4% do total, e 5,7% ainda pagam em dinheiro.
Quando perguntados sobre alternativas ao ônibus, 25% afirmaram que não poderiam realizar sua principal viagem por outro meio de transporte; entre as alternativas possíveis, o automóvel por aplicativo é o mais citado (38,3%).
O levantamento também mostra que 67,2% dos usuários utilizam linhas metropolitanas com frequência e 61% concordam que os ônibus enfrentam muito congestionamento.