Um grupo de homens acolhidos pela Fundação de Ação Social (FAS) e que estavam em situação de rua participou, nesta quarta-feira (3/9), de um curso de plantio em vasos na Fazenda Urbana do Cajuru, espaço da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) voltado à produção de alimentos e à educação para agricultura sustentável.
A atividade foi conduzida pelas estagiárias de Agronomia Enediely Camargo Vieira e Ana Luiza Pereira Sacramento, que ofereceram aula teórica e prática sobre técnicas de cultivo e cuidados com as plantas.
Antes do curso, em 21 de agosto, os participantes já haviam feito uma visita guiada ao local, onde conheceram práticas de compostagem, diferentes tipos de plantas e formas de manejo agrícola. A iniciativa faz parte de uma parceria entre FAS e SMSAN que prevê outras ações de qualificação para acolhidos.
Geração de renda
Segundo a coordenadora de Relações Institucionais do Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua (FAS SOS), Grace Puchetti, a ideia é que o conhecimento adquirido seja aplicado não apenas em oportunidades de geração de renda, mas também em projetos internos da FAS.
“Queremos que eles tenham acesso à qualificação profissional em áreas como jardinagem e que consigam transformar esse aprendizado em possibilidades de renda e também de superação da situação de rua”, explica.
Um dos próximos passos é a implantação de hortas na FAS SOS, no Centro, e no Centro Pop e a Casa de Passagem Solidariedade, no Jardim Botânico. Nesses espaços, os atendidos poderão cultivar temperos e fitoterápicos para uso nas refeições e no preparo de chás que ajudem no bem-estar. Esse projeto será desenvolvido em parceria com estudantes de Nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segurança alimentar
A chefe da Unidade de Agricultura Urbana da SMSAN, Lilian Fernanda de Macedo, acredita que a parceria com a FAS será transformadora. “As plantas curam, a terra cura. Mais do que produzir, queremos mobilizar e aproximar essas pessoas desse espaço de contato com a natureza. Isso fortalece a segurança alimentar e também a autoestima”, afirma.
Entre os participantes do curso estava Luiz Alexandre Balthasar de Souza, 33 anos, acolhido pela FAS desde o ano passado. Com vontade de aprender, ele tinha participado da visita guiada e nesta quarta-feira levou caderno e caneta para anotar as orientações.
“Gosto do tema alimentação saudável e do trabalho coletivo. Em casa eu cuidava da horta da minha mãe. Agora quero aprender mais e trabalhar na área, porque mexer com a terra ajuda na distração, o que é importante para quem passa pela rua ou enfrenta dependência (química)”, disse Luiz, que durante a aula prática, ajudou as técnicas no preparo dos vasos e no plantio das mudas.