Os primeiros ônibus elétricos da frota do transporte coletivo de Curitiba entraram em operação há um ano e conquistaram os passageiros, que elogiam o silêncio, conforto térmico com o ar condicionado e ainda o impacto positivo no meio ambiente, já que os veículos não produzem emissões.
A frota conta com sete veículos – seis nas linhas 010-Interbairros I (horário) e 011-Interbairros I (anti-horário), que começaram a operar em 15/7/24 e um na linha 863-Água Verde, que entrou na frota em 30/9/24.
Segundo o balanço da Urbanização de Curitiba (Urbs), cerca de 620,5 mil passageiros utilizaram os sete veículos elétricos na cidade no último ano.
"Nós iniciamos os estudos para a implantação de frota elétrica em Curitiba já em 2018 e a partir de então nós já estruturamos um edital estruturado para testes de ônibus elétricos e a partir dos testes nós adquirimos sete frotas que atuam no transporte público de Curitiba, seis deles no Interbairros I, no qual pudemos verificar um aumento de quase 10% na quantidade de passageiros (no sentido horário). Foram 285,9 mil passageiros no último ano, contra 258,6 mil quando a frota não era elétrica. Isso se deve à atratividade do sistema ao público mais jovem, que vem utilizando esses ônibus elétricos e também as facilidades que os veículos trazem", afirma Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), que gerencia o transporte coletivo na capital.
Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs).
Os ônibus elétricos são os primeiros da frota de Curitiba com ar-condicionado, para melhor conforto térmico dos passageiros. Têm piso baixo para melhor embarque e desembarque de pessoas com mobilidade reduzida e ainda contam com entradas USB para recarga de celulares e sistema de anúncio de fechamento das portas.
Os veículos em funcionamento são das marcas BYD e Volvo, e cada um evita, em média, a emissão de 118,7 toneladas de CO2 ao ano na atmosfera, o equivalente ao plantio de 847 árvores por veículo.
“Eu uso a linha Interbairros I todos os dias e senti muita diferença. Menos barulho, uma sensação de maior segurança. Eu uso também a linha Inter 2 e a diferença é gritante. Pena que por enquanto ainda são poucas linhas. Para o passageiro do Interbairros I melhorou muito”, diz Joilde Oliveira, técnica de segurança do trabalho, de 68 anos.
A professora Rosana Zanetti, de 68 anos, usa o Interbairros I para se deslocar para o trabalho e elogia a acessibilidade do piso baixo. “É muito mais fácil para subir. Mas em geral tudo é bem melhor no elétrico”, relata.
Quando está sem carro, o engenheiro químico Rui Yoshioka, de 70 anos, diz que sempre pega o ônibus elétrico. “Eu pego essa linha (Interbairros I) e é muito confortável, sem barulho e com ar condicionado. E não é cheio. Sempre consigo ir sentado”, completa.
Mais linhas
O vendedor Tiago Araújo, 35 anos, já andou em ônibus elétrico que foi testado na linha Interbairros II e utiliza a linha Interbairros I quando não se desloca de bicicleta. “O silêncio, o ar condicionado, que é importante no verão. O meu pedido só é que a Prefeitura amplie a frota elétrica, com ônibus maiores, articulados, em mais linhas”, afirma Tiago.
Além dos sete elétricos já entregues, a Prefeitura de Curitiba vai comprar mais 54 veículos com recursos de R$ 380 milhões do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal, com previsão para entrar em funcionamento em 2026 Os veículos, articulados, devem circular nas linhas novo Inter 2 (piso alto) e Interbairros II (piso baixo). Os recursos previstos no PAC vão bancar tanto a compra dos veículos como a infraestrutura de recarga dos ônibus que será necessária para o funcionamento dos veículos elétricos.
Também foi aprovado, com o banco de desenvolvimento alemão KfW, o financiamento de € 100 milhões (cerca de R$ 628,9 milhões), para a aquisição de 84 ônibus elétricos — sobretudo biarticulados — para o futuro Ligeirão Leste/Oeste, além da instalação de 27 sistemas de energia solar em prédios públicos e eletropostos para recarga.
Interbairros I
Os seis ônibus da linha Interbairros I são do modelo D9W, da marca BYD, e têm 13,2 metros, com capacidade para 90 passageiros e autonomia de 250 quilômetros. Os veículos estão em operação desde 15 de julho.
As linhas 010-Interbairros I (horário) e 011-Interbairros I (anti-horário) transportam cerca de 2,5 mil passageiros por dia e percorrem 14 bairros, em trajeto de cerca de 20 quilômetros e 75 minutos. Elas passam pelos bairros Centro Cívico, Bom Retiro, Mercês, Bigorrilho, Batel, Água Verde, Rebouças, Parolin, Prado Velho, Jardim Botânico, Alto da XV, Hugo Lange, Alto da Glória e Juvevê.
Com extensão de 13.584 metros (ida e volta) ligando o bairro Água Verde à Praça Tiradentes, a linha 863-Água Verde atende a 900 passageiros em dias úteis. Desde setembro do ano passado, um ônibus elétrico do modelo Volvo BZL está circulando na linha, com capacidade para 85 passageiros e extensão de 12,6 metros.
Meta de descarbonização
O projeto de descarbonização da frota está alinhado ao PlanClima (Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba) e é considerado referência no país por unir um amplo programa de testes da tecnologia a um novo modelo de concessão, em 2025, que já contemplará a matriz energética não poluente.
“Temos a meta de redução de 33% das emissões até 2030 e 100% até 2050. Então estamos fazendo gradualmente a inserção de frota elétrica de zero emissão dentro de Curitiba. Temos o projetos do Inter 2, que será 100% elétrico com 54 ônibus, também no Interbairros 2 e nos Ligeirões Norte/Sul e Leste/Oeste. Temos uma caminhada pela frente para cumprir nossas metas ambientais”, finaliza Maia Neto.
Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs).