A experiência de Curitiba com o projeto de Redesenvolvimento do Centro foi uma das boas práticas compartilhadas durante o 11º Encontro Nacional de Institutos de Planejamento Urbano (InRede). O evento reúne, até este sábado (27/9), 130 participantes, especialistas em planejamento urbano de 13 cidades de diferentes partes do país para troca de experiências.
A delegação de Curitiba, liderada por Ana Zornig Jayme, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), compartilhou as iniciativas coordenadas pelo projeto Curitiba de Volta ao Centro.
A arquiteta e urbanista Carla Choma Frankl resgatou todas as intervenções e impactos ocorridos no centro da cidade desde os anos 70, com a construção do primeiro calçadão para pedestres do país, na Rua das Flores. Ao longo dos anos, o Centro viveu diferentes fases de ocupação e uso urbano, como a abertura de shoppings centers, sub centralidades e, mais recentemente, a pandemia e o aumento do comércio on-line. A mudança do perfil do consumidor e da ocupação do centro trouxeram desafios como a perda da população, o abandono de imóveis históricos e vazios urbanos.
O projeto Curitiba de Volta ao Centro reúne diferentes iniciativas para revitalizar a região, em um esforço de administrações públicas municipal e estadual, iniciativa privada e sociedade civil organizada. Entre as ações executadas, dentro do âmbito do planejamento urbano, foi o desenho de estratégias de longo prazo, com visão sistêmica para conexão com diretrizes do plano diretor e planos de governo. Neste contexto, o projeto aplica conceitos como a cidade de 15 minutos, para promover o acesso à serviços e equipamentos públicos com mobilidade sustentável, como uso do transporte coletivo, caminhada e bicicleta. Há também foco em setores prioritários, em polos e eixos de desenvolvimento; projetos estratégicos com efeitos catalizadores, como acupunturas urbanas, como a realizada no Cine Passeio.
“Aqui temos também um exemplo de retrofit e mudança de uso de edificações, transformando um antigo quartel em cinema de rua, alterando a paisagem e ocupação do entorno”, explicou Carla.
Durante o evento, realizado pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano de Manaus (Implurb), em parceria com o Ministério das Cidades, a ONU-Habitat e a Cooperação Brasil-Alemanha (GIZ), também foram apresentadas outras iniciativas de intervenções com o tema de desenvolvimento urbano integrado, para a construção de cidades resilientes e inclusivas. Os participantes puderam conhecer melhor programas de financiamento e capacitação técnica oferecidos por agentes como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), e o próprio Ministério das Cidades.
Nesta sexta, 26/9, grupos de trabalho irão elaborar propostas para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), alinhadas à Agenda 2030 e à Nova Agenda Urbana. Para o presidente do InRede, Artur Bruno, superintendente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Fortaleza (Ipplan), os encontros são oportunidade de fortalecer a perenidade de instituições dedicadas a estabelecer visões estratégicas para desenvolver cidades melhores diante dos desafios urbanos, especialmente quanto aos efeitos da crise climática. “Quem planeja tem futuro; quem não planeja, tem destino”, disse.