A inclusão das práticas como reiki, iôga, acupuntura e massagem no Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância delas para o tratamento de doenças foram os temas tratados no I Encontro de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, realizado na segunda-feira (21), no Parque Barigui, em Curitiba. Cerca de 400 pessoas assistiram às palestras e participaram das oficinas e atendimentos oferecidos gratuitamente no evento promovido pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Os participantes tiveram sessões de reiki, iôga, massagem biodinâmica, acupuntura, auriculoterapia, cromoterapia, avaliação de chakras e quick massage. Também foram oferecidas oficinas de meditação mindfulness, meditação Osho, dança circular, Tai Chi Chuan, Do-in e terapia comunitária.
No atendimento de massagem biodinâmica, a agente comunitária Maria de Lurdes Lachi comprovou o resultado com a redução das dores musculares e de cabeça. “Eu também tenho fibromialgia e sinto muitas dores, mas aliviou bastante”, contou. A psicóloga Simone Rodrigues explicou que a prática alivia alguns traumas que ficam “presos” no corpo e fazem a contração a muscular, o que provoca as dores. Após a massagem, essas contrações diminuem, reduzindo também as dores.
Marli da Rocha, também usuária do SUS, não conhecia nenhuma das práticas integrativas oferecidas no evento. Escolheu fazer um dos atendimentos de auriculoterapia e acredita que oportunidades semelhantes devem ser mais frequentes, além das práticas serem incluídas no SUS. Marta Terra, que ministra cursos de reike em Curitiba, explica que a prática aumenta a imunidade, pois diminui dores e até o uso de medicamentos. “Se tivéssemos em unidades de saúde, teríamos muitos benefícios e vantagens para todo o SUS”, alertou.
Alcance
Segundo o coordenador de Áreas Técnicas do Ministério da Saúde, Fabio Fortunato de Carvalho, de janeiro a dezembro de 2015, 1.362 cidades brasileiras ofertavam as práticas integrativas e complementares em seus serviços públicos, com quase 528 mil atendimentos realizados. O número de cidades já aumentou entre janeiro a agosto deste ano, com 1.582 municípios com práticas complementares e 1.721 atendimentos realizados.
As primeiras recomendações para a implantação das medicinas tradicionais e práticas complementares difundiram-se em todo o mundo em 1978. Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde deliberou em seu relatório final pela "introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático de escolher a terapêutica preferida”. Em 1996, a 10ª Conferência Nacional de Saúde aprovou a "incorporação no SUS de práticas de saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias alternativas e práticas populares". A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde já completou dez anos.
Dados do Ministério da Saúde mostram que a oferta de práticas no sistema público é mais concentrada no Nordeste, seguido pelo Sudeste e depois o Sul. No Paraná existem algumas iniciativas, como em Maringá, onde há um projeto de orientação à população sobre o uso de plantas medicinais. Em Curitiba, há atendimento de acupuntura e homeopatia, além de alguns profissionais desenvolverem iniciativas isoladamente.
“Estudos comprovam que estas práticas têm ampla atuação na saúde nos aspectos mais diversos, tanto físicos como emocionais. Mas, infelizmente, a maior parte está disponível apenas no âmbito particular”, lembra Lisandra Falcão, primeira secretária do CMS e uma das organizadoras do Encontro.
Conselheiro do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), Wilen Heil e Silva, representante do Conselho Nacional de Saúde, lembrou que existem estudos que mostram a diminuição do uso de medicamentos quando o tratamento é feito juntamente com práticas integrativas.
A questão do financiamento e custos para a adoção das práticas integrativas foi abordada pelo secretário municipal da Saúde de Curitiba, César Titton. “Não podemos pensar somente em intervenções de saúde, precisamos olhar mais para a aproximação das secretarias e das políticas nacionais de saúde”, disse.
Titton avaliou ainda que as práticas integrativas não cabem apenas na atenção básica, mas também na terapêutica e na reabilitação. “Temos o desafio de formular planos, políticas, e dar sustentabilidade a elas, principalmente no que diz respeito ao financiamento. Também precisamos sair de algumas resistências e ver oportunidades de integração”, afirmou.
A combinação das práticas complementares com a alimentação saudável e a prática de exercícios físicos para promoção da saúde também foi discutida no encontro. Nutricionistas da Secretaria Municipal do Abastecimento orientaram os participantes sobre o consumo de açúcar, gordura e sal e os profissionais da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude falaram sobre educação física.