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Saúde

Durante tratamento, dependentes químicos fazem cursos profissionalizantes

Usuários de álcool e outras drogas que estão em tratamento da dependência química pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm a oportunidade de participar de cursos profissionalizantes ministrados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) de Curitiba. - Na imagem, Sandro G., 44 anos. Curitiba, 20/04/2016 - Foto: Gabriel Rosa/SMCS

Usuários de álcool e outras drogas que estão em tratamento da dependência química pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm a oportunidade de participar de cursos profissionalizantes ministrados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) de Curitiba. Os cursos começaram no início deste mês e devem atender inicialmente a 100 usuários que, na sequência, poderão realizar qualificações mais específicas nas áreas industrial, de beleza, serviços, informática e turismo.

O projeto, realizado pelas secretarias municipais de Trabalho e Emprego e da Saúde, faz parte da Rede Intervidas, que é voltada para reinserção social, por meio dos eixos de abordagem de usuários de drogas em áreas públicas e reinserção pelo trabalho, em ações intersetoriais com a Fundação de Ação Social (FAS).

O diretor do Departamento de Política Sobre Drogas, Marcelo Kimati, explica que o foco da Rede Intervidas é o cuidado às populações em situação de vulnerabilidade, condição que acompanha com frequência os usuários de drogas. O programa de qualificação envolve o curso "Desenvolvimento profissional e empregabilidade", preparatório para outros mais específicos. “As ações de qualificação são uma iniciativa intersetorial da rede pública municipal e compõe o programa Curitiba Mais Humana”, destaca. Além das ações de qualificação de usuários em tratamento, a Rede Intervidas compreende a equipe de abordagem de usuários de drogas em locais públicos.

“Os cursos foram pensados com base nas demandas de mercado e na facilidade de inserção no trabalho. Esta inserção é fundamental para o resgate da cidadania de pessoas que, ao longo de anos como usuários de drogas, tiveram uma ruptura de seus vínculos sociais”, salienta a diretora de Qualificação Profissional da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, Grécia Correa.

Ampliação

Segundo a psicóloga Ana Carolina Schlotag, coordenadora do programa, o objetivo é atingir aproximadamente 1,2 mil pessoas por ano com esta iniciativa. “Desenvolver os cursos nos espaços de tratamento dos usuários favorece a adesão ao curso, tornando-o parte do tratamento e preparando os usuários do CAPs para cursos mais longos e mais específicos”, afirma.

A coordenadora do CAPs AD do Boa Vista, Eduarda Barbosa de Souza, conta que o curso revelou talentos, multiplicou desejos e movimentou os participantes. “Eles saíram do lugar de usuários e ocuparam o lugar de alunos e cidadãos”, afirma.

Sandro G., 44 anos, já concluiu a primeira etapa do curso de Desenvolvimento Profissional e Empregabilidade e avalia que as aulas foram importantes para reaprender a se portar diante de uma entrevista de emprego e de outras pessoas. “É importante para a autoestima e para resgatar o vínculo com a sociedade”, afirma Sandro, que está freqüentando o CAPs AD após 15 anos como usuário de crack. Neste período, ele relata que chegou a conseguir duas vagas no mercado de trabalho, mas em função da dependência química, não conseguia se fixar nesses locais. “Esse é um tratamento de longo prazo e eu não posso desistir. É um dia de cada vez. E esses cursos são importantes para eu conseguir me reintegrar na sociedade. Preciso mostrar para mim mesmo que isso é possível”.