Por hobby ou pelo sonho de um futuro profissional, os cursos artísticos nos espaços da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) contam com turmas infantis. Nos corredores das aulas de música, de desenho e nas bibliotecas das Casas da Leitura circulam pequenos grandes talentos, de jovens escritores a aspirantes a produtores musicais, ou mesmo quem apenas quer aprender a tocar um instrumento.
Nas diferentes linguagens, todas as histórias mostram que a arte, quando cultivada desde cedo, é uma poderosa aliada na formação de crianças mais criativas e felizes.
O fantástico mundo imaginário de Luana
Jane é uma adolescente comum, até que um evento misterioso a transporta para um universo onde nada é o que parece. Essa é a sinopse de O Misterioso Mundo da Dandy, livro que acaba de ser lançado por Luana Zbonik. O mais surpreendente dessa história é que a autora tem apenas 12 anos.
Leitora voraz de histórias de ficção científica e de fantasias, a pequena escritora curitibana frequenta desde os quatro anos a Casa da Leitura Nair de Macedo, biblioteca da FCC no bairro Guabirotuba. Ali, além de emprestar livros, Luana agora frequenta também o curso de Ilustração para Livros Infantis, todas as quintas de manhã.
As aulas de ilustração ajudaram Luana a soltar ainda mais a imaginação para criar as imagens que estão no seu livro. Com a ajuda dos pais, ela publicou a obra de forma independente nas plataformas Clube de Autores, Uiclap e Amazon, onde o título pode ser lido em versão digital.
“Eu comecei a escrever esse livro com 11 anos e terminei agora, com 12. Sempre gostei de inventar histórias e me inspirar em coisas diferentes, como jogos e livros de fantasia”, conta.
Inspirada em Coraline, de Neil Gaiman, e Harry Potter, de J.K. Rowling, ela acredita que a leitura pode mudar a vida, porque traz ideias, conhecimento e diversão. “Quero continuar escrevendo, mas por enquanto é um hobby. Eu ainda não sei o que vou ser quando crescer, acho que as ideias mudam com o tempo e tá muito cedo pra decidir”, diz Luana.
Talentos da música
Dos livros para os instrumentos, o talento infantil também está presente nos corredores e salas do Conservatório de Música Popular Brasileira (CMPB) de Curitiba, mantido pela Prefeitura por meio da Fundação Cultural e do Instituto Curitiba de Arte e Cultura (Icac).
Com apenas 11 anos, o curitibano Antonio Fagundes já toca violão como gente grande. Filho do músico Daniel Fagundes, professor do CMPB, Antonio começou no instrumento durante a pandemia, acompanhando as aulas on-line do pai. Hoje, divide o tempo entre o violão e os ensaios do Coral Brasileirinho, grupo de canto infantil do CPMB, onde está aprendendo a soltar a voz.
Antonio é um dos 100 alunos mirins do CMPB, que neste semestre oferece turmas de Violão, Bateria e Piano para crianças de 6 a 13 anos. O conservatório abre turmas regulares nos dois semestres do ano.
Na mesma turma, o amigo Lucas Magalhães, também de 11 anos, trilha um caminho parecido. Sem se conhecerem, começaram juntos nas aulas on-line, aos 6 anos, e agora tocam juntos nas aulas presenciais. “Só quero tocar bem violão, não quero ser músico profissional”, diz com muita certeza. Já Antonio sonha diferente do amigo. “Penso em ser músico profissional”, afirma.
Independentemente do futuro, a arte traz benefícios no presente. A mãe da aluna Ana Laura Reinhold percebeu o resultado das aulas no Conservatório de MPB no desenvolvimento musical e no ânimo da filha. “Tecnicamente ela evoluiu muito depois que começou no conservatório e gosta mais de vir aqui do que ir para a escola”, brinca a professora de inglês Helen Reinbold.
Aos 12 anos, Ana Laura estuda violão há seis e há dois começou no CMPB e integra uma banda chamada Os Guardiões. A jovem está se preparando para uma apresentação especial em um musical da Igreja Batista do Bacacheri. Helen não tem dúvidas de que a música será um elemento determinante para a filha. “Ainda é um pouco cedo pra afirmar, mas acho que ela vai ter uma vida profissional dentro da música”, arrisca Helen.
Nos teclados, Lucas e Sophie
Outro destaque entre os alunos do CMPB é Lucas Domingues Stier, de 11 anos. O curitibano descobriu sozinho a arte de tocar piano, depois que o irmão mais novo ganhou um pianinho de brinquedo no Natal. “Comecei a mexer por curiosidade e acabei gostando. Meus pais perceberam e me trouxeram para o Conservatório”, conta.
O piano dá base para o sonho de Lucas em ser produtor musical. “Gosto muito de música de jogos e de música brasileira, então resolvi aprender vários instrumentos pra poder compor e produzir as minhas próprias músicas, e o piano ajuda muito a entender as partituras e composição”, diz.
Na mesma turma da professora Bruna Kaiser Wasem, está Sophie Schleder Gonçalves, de apenas 10 anos. Talentosa, ela não se preocupa em enxergar uma profissão no instrumento. No momento, estuda piano apenas para ficar mais próxima da música. “Eu não faço piano pra ser uma profissão, faço apenas porque gosto”, conta com muita sinceridade.
Antes de chegar ao Conservatório, Sophie estudava em outro local e estava meio desanimada com o aprendizado. “Aqui é um lugar muito bom, prático, e a gente aprende muito”, diz. Além do piano, ela também se interessa por coral e quer aprender outros instrumentos. “Sempre quis aprender algum instrumento, e o piano me chamou a atenção porque combina com o que eu gosto de ouvir, que é música clássica”, fala.
De volta à Gibiteca
Quase 40 anos depois, Marie Sass voltou à Gibiteca de Curitiba, agora para acompanhar a filha Maite Ferraz, de 9 anos, nas aulas de aquarela. O retorno ao local onde fez as aulas de pintura na infância foi emocionante. “Não imaginava que ainda existiam cursos aqui, e foi muito legal ver que continua funcionando”, conta Marie.