Mais 20 servidores estarão aptos a prestar atendimento básico aos munícipes surdos que procuram os serviços da Prefeitura a partir desta semana. Eles fazem parte da terceira turma a concluir, nesta terça-feira (18/11), o curso oferecido pela Central de Libras do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPcD). O setor faz parte da estrutura da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH).
A iniciativa é importante porque, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba tem 20.645 pessoas com limitações auditivas, mesmo usando aparelhos. Destas, 6.114 não conseguem ouvir de modo algum e 14.531 têm surdez parcial. Os dados fazem parte do censo populacional realizado em 2022.
Sede de ajudar
Libras é a sigla para Língua Brasileira de Sinais, auxiliar na comunicação entre surdos e entre surdos e ouvintes. “É um aprendizado tranquilo, bem básico, mas muito válido porque possibilita ajudar quem não ouve. E mesmo sendo muito básico, já deu pra notar que as pessoas surdas ficam felizes com o nosso esforço pra compreender o que elas querem comunicar e, depois, orientá-las”, resume a educadora ambiental Letícia Cristine de Lima.
Letícia trabalha no atendimento ao público do Zoológico de Curitiba, no Alto Boqueirão, e já domina os sinais para apresentar alguns animais que vivem no local. “Sempre tem intérprete quando vem alguma criança surda nos grupos de acantonamento, mas no dia a dia da visitação, não. Agora estou disponível para ajudar. Também estou inscrita em outro curso de Libras virtual, pra fazer de acordo com a minha disponibilidade de horário”, contou, animada, sobre o curso oferecido pelo Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), por meio do qual pretende aprimorar conhecimentos.
Para o gestor da Rua da Cidadania da Matriz Juba Machado, o curso foi mais uma oportunidade de revisitar Libras. “Eu já tinha feito um curso presencial no DPcD e queria exercitar o que sabia. Estou entendendo que Libras é bem diferente de gestos, o que é uma ideia imprópria que muitos podem ter sobre essa língua, em que os olhos tomam o lugar dos ouvidos”, diz.
Conhecer para incluir
Como Letícia e Juba, neste ano cerca de 60 servidores da Prefeitura já se sentiram desafiados a atender pessoas surdas e fizeram o curso de Libras Online. A primeira turma foi aberta em junho. “Preparamos conteúdo para cinco aulas com 3 horas semanais de duração cada uma, abordando temas como legislação, história do surdo e orientações para uma comunicação eficiente”, diz a intérprete da Central de Libras do DPcD Lidiane Rozendo.
As próximas turmas, conta Lidiane, serão abertas em 2026. “Quem tem interesse deve ficar de olho no site da Prefeitura, onde anunciaremos o período de inscrições e detalhes sobre as novas turmas”, orienta.