Em Curitiba existem 35 cooperativas em atividade, compostas por 168 mil cooperados, gerando 3,9 mil empregos diretos e faturamento anual de R$ 8,4 bilhões. Já no Paraná são 227 cooperativas, com cerca de 4 milhões de cooperados, gerando 146 mil empregos diretos e R$ 205 bilhões de faturamento anual. Os dados são do Sistema Ocepar, organização que reúne as cooperativas do estado que celebram neste sábado (5/7) o Dia Internacional do Cooperativismo.
O cooperativismo é uma ideia que surgiu no século XVIII. Ele se baseia na união e na colaboração entre pessoas ou grupos que têm os mesmos interesses, para o benefício de todos em suas atividades econômicas. Foi assim que nasceram as cooperativas, empresas criadas e administradas por pessoas que se juntam de forma voluntária para atender suas necessidades e objetivos em comum, tanto econômicos quanto sociais e culturais.
Uma destas organizações é a Cooperativa de Trabalho de Enfermagem do Paraná (Cooenf-PR). Foi fundada com o objetivo de fornecer serviços de alta qualidade de enfermeiros e técnicos de enfermagem, em um modelo de negócios em que o profissional é um empreendedor, com autonomia e gestão da própria carreira. A Cooenf-PR conta hoje com 530 cooperados, sendo 150 ativos. Eles atuam em instituições públicas e privadas, que incluem hospitais, clínicas de diagnósticos por imagem e laboratórios.
A Cooenf enfrentou um grande desafio logo no início de suas atividades, em 2020, durante a pandemia de covid-19. A Cooenf buscou os profissionais com o perfil para atuar na linha de frente e formou um time que atuou em vários hospitais de Curitiba. Como na época foram promulgadas leis que facilitaram a contratação com dispensa de licitação, toda uma equipe da Cooenf foi contratada para reforçar as equipes da Secretaria Municipal de Saúde nos hospitais e unidades de saúde de Curitiba.
A presidente da Cooenf-PR, Quitéria Antunes, diz que a cooperativa investe muito no treinamento dos associados, tanto para aprimoramento técnico, quanto para ter uma mentalidade empreendedora. “Cada técnico ou enfermeiro sabe que a cooperativa também pertence a ele, assim ele tem o cuidado com a instituição, em fazer ela crescer e dar resultados. Em outras modalidades de negócio não há essa participação tão ativa”, diz Quitéria.
Ela esclarece que o cooperado não é um empregado, mas um parceiro de negócio, com voz ativa nas decisões como a celebração de contratos, na administração, tendo uma visão de “dono”. Cada associado pode escolher qual contrato está dentro de seu perfil profissional, com qual se identifica mais e tem a liberdade de escolher como exercer sua profissão.
Esta inovação vem sendo bem aceita. Em uma instituição que eles atendem, eles iniciaram com quatro associados trabalhando e, devido aos bons serviços, hoje 80% dos profissionais de enfermagem deste local são membros da Cooenf-PR.
Mentalidade de startup
Outro exemplo de empresa que preza pela inovação é a UniTI – Cooperativa Central de Tecnologia de Informação. Começou como um projeto dentro da Ocepar, que participou em sua organização, e foi constituída como cooperativa em 2021. Hoje é composta por 22 cooperativas que buscam conjuntamente soluções em tecnologia. São cooperativas de três ramos diferentes, do agro, da saúde e do ramo de serviços e trabalho.
As vantagens para os cooperados é poder obter os melhores hardwares, softwares e serviços, com preços melhores nestas aquisições. Também oferece a parte de infraestrutura tecnológica, desde a segurança de informação, armazenamento de dados, datacenter, comunicação e conectividade, para as cooperativas-sócias.
Alfredo Benedito Kugeratski Souza, presidente Executivo da UniTI, conta que cada cooperativa tem sua gestão e administração independentes e, dentro da UniTI, elas trazem suas questões individuais e são definidas soluções coletivas. “Isto permite que mesmo cooperativas de menor porte tenham acesso à tecnologia de ponta, com as cooperativas colaborando umas com as outras, obtendo melhores preços ao fazerem compras em volumes maiores, praticando no dia-a-dia o princípio da colaboração”, diz Alfredo.
O presidente explica que a gestão da UniTI é formada por representantes de cada uma das cooperativas associadas. Todas as sócias têm cotas iguais de participação e todas têm o mesmo poder de voto, independentemente do porte de cada cooperativa.
Como resultado, Alfredo conta que em três anos de atuação o crescimento da UniTI já superou o que era esperado para cinco anos. Ele entende que isto se deve por aliar os princípios do cooperativismo como a colaboração e ajuda para benefício mútuo com a mentalidade de startup, que prevê agilidade e adaptabilidade na obtenção de soluções.
Em mais de 100 países
O Dia Internacional do Cooperativismo é celebrado em mais de 100 países e busca divulgar o trabalho das cooperativas e seu papel no desenvolvimento econômico e social. A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, sob o tema “Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”. No Paraná, as cooperativas são representadas pelo Sistema Ocepar, que é formado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR) e Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar).
Para o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, a data é uma oportunidade para aumentar a visibilidade das cooperativas, permitindo que elas compartilhem suas histórias de sucesso e suas contribuições à sociedade, como a geração de empregos, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.
“A declaração da ONU, instituindo 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, é uma oportunidade valiosa que temos para fortalecer o cooperativismo em todo o mundo, promovendo seus benefícios e contribuindo para um desenvolvimento mais justo e sustentável”, disse Ricken.