O prefeito Eduardo Pimentel conduziu, na noite dessa quinta-feira (9/10), a primeira audiência pública do processo de revisão do Plano Diretor. Coordenada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a audiência lotou o Teatro Londrina, no Memorial de Curitiba. Na oportunidade, os presentes puderam validar e priorizar os desafios apontados pela comunidade em oficinas realizadas nas dez administrações regionais entre julho e agosto deste ano.
“Temos hoje aqui uma das fases mais importantes da atualização do Plano Diretor: a da escuta ativa e do diálogo. A tarefa agora será estudar a viabilidade técnica e dar o retorno para a população na legislação que será apreciada pela Câmara dos Vereadores, no ano que vem”, disse Eduardo Pimentel.
No total, foram consolidados 50 desafios a partir de quase 2.900 contribuições recolhidas na escuta comunitária. Durante 45 dias, entre 15 de julho e 31 de agosto, foram realizadas 12 oficinas nas administrações regionais, além de oficinas técnicas e estratégicas com servidores municipais, gestores metropolitanos, academia, movimentos sociais, conselhos comunitários e profissionais, estudantes e o setor produtivo. Em paralelo, a sociedade organizada também promoveu 19 oficinas livres, orientadas pela equipe da revisão do Plano Diretor.
“A participação e a integração com outras secretarias da gestão, sociedade organizada, Câmara de Vereadores, além de diferentes entidades representativas e populares trouxeram olhares que ampliaram a percepção de um planejamento urbano sustentável desafiador diante de transformações sociais”, avaliou Ana Zornig Jayme, presidente do Ippuc.
Durante a audiência, foram indicadas as priorizações das contribuições comunitárias. A partir de uma votação em um canal digital, foi possível mensurar a concordância dos presentes em cada um dos 50 enunciados propostos. Em votação realizada durante a audiência, por exemplo, o desafio com maior concordância foi o que diz respeito ao saneamento básico com ênfase em drenagem urbana, com 100% de aprovação dos 135 votantes. O de menor convergência foi sobre a desativação da linha férrea no perímetro urbano e o uso das áreas remanescentes, com 60% de aprovação.
A metodologia de validação dos desafios comunitários permanece ativa no canal digital até dia 15 de outubro. O próximo passo será estabelecer os desafios técnicos. Em novembro, uma nova rodada de oficinas comunitárias será realizada nas regionais.
Dados e indicadores
No volume da caracterização de Curitiba, apresentado pela arquiteta e urbanista Mônica Máximo, diretora de Pesquisa do Ippuc, a comunidade conheceu parte dos dados socioeconômicos, habitação, mobilidade, sistema viário, meio ambiente, ocupação territorial, entre outros. Essas evidências ajudam na avaliação técnica das propostas da revisão, dando suporte aos planejadores urbanos e gestores para tomadas de decisão. “Pela primeira vez, Curitiba tem mais população mais velha do que crianças e jovens, o que muda a dinâmica urbana e exige soluções no planejamento urbano”, explicou.
Já os indicadores propostos vão avaliar os avanços das políticas públicas do planejamento urbano. São 125 indicadores, divididos nas áreas de mobilidade, habitação, estruturação urbana, desenvolvimento econômico, social, ambiental, defesa civil e defesa social. O monitoramento de dados - como índice e perfil do trabalhador formal, velocidade operacional do transporte coletivo, densidade demográfica e volume de resíduos por habitante - ajuda a compor cenários atualizados e também estabelecer as projeções para o desenho das diretrizes do desenvolvimento urbano. Toda a documentação está disponível no site do Plano Diretor.
A audiência pública foi acompanhada por secretários municipais e representantes das pastas do Meio Ambiente, Urbanismo, Comunicação, Saúde, Governo Municipal, Gabinete do Prefeito, Mulher e Igualdade Racial, Procuradoria Geral, Instituto Municipal de Turismo, Fundação Cultural de Curitiba, além de administradores regionais e os vereadores Rafaela Lupion, Lais Leão, Geórgia Prates e Serginho do Posto.
Trabalho contínuo
O público também pôde conhecer parte das atividades que vem sendo desenvolvidas pela equipe técnica do Ippuc para a revisão do Plano Diretor. No início desta semana, mais de 100 especialistas em diferentes áreas do conhecimento e da administração participaram do Seminário Curitiba do Amanhã, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Durante dois dias, foram feitas simulações de cenários pessimistas e otimistas, considerando questões como o aquecimento global, envelhecimento da população, novas dinâmicas socioeconômicas e o uso da Inteligência Artificial. O exercício, apoiado pela geração de imagens pela IA, foi usado como inspiração para provocar soluções inovadoras para o desenvolvimento urbano.
Na próxima semana, de 13 a 17 de outubro, acontecem as oficinas de Visão de Futuro 2025, no Memorial de Curitiba. A abertura, na segunda-feira, terá a presença do prefeito Eduardo Pimentel, para iniciar o trabalho de discussão de metas e objetivos do Plano Diretor de Curitiba alinhados a agendas nacionais e internacionais de desenvolvimento urbano. As oficinas são abertas ao público e as inscrições podem ser feitas pelos links, conforme disponibilidade de agenda para os dias 13/10, 14/10, 16/10 e 17/10.