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O lote do Vampiro e muito mais

Com preciosidades, acervo histórico do Urbanismo será transferido para o Arquivo Público

Equipe do Arquivo Público visita o acervo foreiro no SMU. Curitiba, 30/07/2025 Foto: Levy Ferreira/SECOM

Uma declaração para fins cadastrais assinada em 1947 pelo então jovem escritor Dalton Trevisan (1925-2024) está entre os documentos antigos que, em breve, trocarão a sala do acervo da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) pelos ambientes climatizados do Arquivo Público de Curitiba, unidade da Secretaria de Administração e Tecnologia da Informação (Smati). A peça foi localizada por acaso, durante visita técnica feita pela equipe do Arquivo Público para dimensionar a natureza e a quantidade de documentos a serem tratados, digitalizados e armazenados.

A declaração integra o rol dos documentos guardados em pastas e representa parte da história de um lote com 53 metros de frente situado na Rua 29 de Agosto, atual Rua Santo Antônio, no bairro Rebouças. 

Além de ajudar a contar a história da propriedade como parte integrante do espaço urbano ao longo do tempo, ela se torna especial pelo fato de ter pertencido a Dalton Trevisan, autor que sempre morou entre o Centro e o Alto da Rua XV e se tornou ícone da literatura brasileira. Ele morreu no fim de 2024, a poucos meses de completar 100 anos.

Quase uma curiosidade, o documento terá o mesmo destino de registros bem mais antigos e repletos de informações. Todos informam sobre o avanço da ocupação da cidade por meio das propriedades espalhadas pelos bairros e, com o passar do tempo, a forma como elas foram subdivididas em áreas menores. Boa parte deles foram redigidos à mão. Também há mapas e croquis de diferentes épocas.

Acervo Foreiro

É o caso do chamado Acervo Foreiro, que guarda dois séculos de história da ocupação do solo curitibano, do começo do século 18 até os primeiros anos do século 20. A palavra foreiro remete à ideia de transferência de titularidade. Os documentos estão em diferentes estados de conservação e, dependendo disso, precisarão ser estabilizados antes da digitalização.

O conjunto compreende as Plantas do Rocio, que representam o primeiro mapa cadastral da cidade e datam do começo do século 19. Rocio era o nome dado à porção norte-nordeste da cidade e que tinha características rurais. Partes de bairros como Mercês e Bigorrilho, colados no Centro, no passado fizeram parte do Rocio.

Há ainda os livros de aforamento e os croquis foreiros, os quadrantes foreiros e as Cartas de Aforamento. Essas últimas, em sua maioria, remetem ao Quadro Urbano, que corresponde à atual região central de Curitiba. Juntas, essas áreas somavam 57 km². O município como o conhecemos hoje tem 432 km².

De material de consulta diária à preservação

O acervo foi apresentado à equipe do Arquivo Público pela diretora do Departamento de Cadastro Técnico da SMU, Aline Placha Tambosi. “É um material que foi muito importante para os técnicos fazerem seu trabalho diário no atendimento ao público. Agora, com a digitalização, tudo isso poderá ser preservado sem prejuízo das consultas necessárias”, disse.   

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Aline Placha Tambosi, do Cadastro Técnico do Urbanismo.

Aline mostrou à equipe da diretora do Arquivo Público, Karla Martinelli, que a SMU guarda preciosidades. Entre elas estão 40 mil projetos, 2,4 mil plantas de loteamento, 1,2 mil plantas de loteamento primitivas, 600 livros foreiros e 600 pastas de quadrantes foreiros – como aquela em que foi encontrado o documento assinado por Dalton Trevisan – que contêm documentos desde o século 19 até hoje.

Além disso, mais de 50 mil projetos construtivos até meados do século 20 já estão digitalizados e indexados. O material já havia sido microfilmado. “É o segundo maior acervo entre as secretarias municipais, só perdendo para a área de Finanças”, completou.

Também para o público

Além de estabilizar os documentos para preservação e guarda, conta Karla Martinelli, o Arquivo Público se organiza para dar um passo adiante. “Estamos trabalhando com a SMU e o setor de TI para o público externo poder acessar essa informação permanente, histórica. O Arquivo Público tem capacidade para reunir a história administrativa, executiva e talvez legislativa de Curitiba em um ambiente único, o que facilita a busca”, disse.

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Karla Martinelli, do Arquivo Público.

A equipe do Arquivo encerrou a visita levando dois volumes para uma experiência técnica inicial: Título de Propriedade, de 1915, com 97 páginas totalmente manuscritas, e Termo de Transferência de Aforamento, de 1931, com 290 páginas de formulários preenchidos à mão. Como estavam bem preservados, ambos foram digitalizados em apenas um dia e, tecnicamente, estão prontos para serem disponibilizados para consultas on-line.