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Centenário do autor

Espaço cultural vai manter viva a memória e o legado do escritor Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba

Prefeito Eduardo Pimentel abre exposição e assina protocolo de intensão com a construtora Hugo Peretti para transformar casa de Dalton Trevisan em espaço cultural de Curitiba

O prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, assinou nesta quinta-feira (12/6) um termo de compromisso com a construtora Hugo Peretti para restaurar e transformar a casa onde o escritor Dalton Trevisan morou, no Alto da XV, em um espaço cultural aberto ao público. Dalton Trevisan faleceu em dezembro do ano passado e completaria 100 anos neste sábado (14/6). A obra de restauro deve começar em 60 dias.

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“Estamos a 48 horas do centenário do autor e essa iniciativa manterá viva a memória de um dos maiores nomes da literatura brasileira, que levou Curitiba para o mundo. E mais do que isso, Dalton Trevisan será eternizado e a cidade merece usufruir de seu legado, por isso pedi pessoalmente à construtora essa parceria e ela prontamente nos atendeu”, destacou Eduardo Pimentel.

A assinatura aconteceu na abertura da exposição 100 anos: Dalton Trevisan entre traços e linhas, no Solar da Glória (Av. João Gualberto, 531 – Alto da Glória). Organizada pela Fundação Cultural de Curitiba, a mostra reúne ilustrações de 38 artistas em homenagem ao centenário do autor e integra uma série de ações programadas ao longo do ano para celebrar a memória e o legado do maior contista brasileiro.

Para o presidente da FCC, Marino Galvão Júnior, depois de restaurada e aberta ao público, a casa de Dalton Trevisan será um local de valorização da identidade curitibana, integrando o roteiro cultural da capital. "Não tenho dúvidas de que o espaço vai atrair moradores e turistas e será um ponto de referência para quem quer conhecer a história de Curitiba e de Dalton Trevisan por meio da literatura", destacou Marino.

A casa

Na esquina das ruas Amintas de Barros e Ubaldino do Amaral, o imóvel onde o escritor Dalton Trevisan viveu por 68 de seus 99 anos será transformado em um espaço cultural.

A casa, vendida por ele em 2022, está dentro de um terreno adquirido pela Construtora Hugo Peretti, que irá construir no local um prédio residencial. Após o restauro, o imóvel será repassado à Fundação Cultural de Curitiba, que assumirá sua gestão e atendimento ao público.

Construída no final da década de 1920, a casa é tombada desde 2017 como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) pelo município e, por lei, deve ser preservada. Segundo Hugo Peretti Neto, o projeto de restauração, em fase de aprovação, seguirá fielmente as características originais do imóvel. 

A restauração da casa será realizada em paralelo à construção do prédio residencial. “Vamos isolar a casa do escritor do empreendimento, no entanto, por questões de segurança, tanto o restauro como a construção do edifício serão feitas juntas”, disse Hugo. A previsão, segundo ele, é de começar o restauro dentro de 60 dias.

As netas do escritor, Natascha e Katiuscia Trevisan Cornelsen, participaram do evento. Embora admitam não saber ao certo o que o avô pensaria sobre a iniciativa, elas adoraram a proposta. 

“Gostamos muito da iniciativa da Prefeitura de transformar a casa em um espaço cultural aberto ao público. Essa casa faz parte da nossa memória afetiva e tanto ele (Dalton Trevisan) como nós fomos muito felizes nela, é muito bom saber que estará preservada”, afirmou Natascha.

Vampiro de Curitiba

Discreto, recluso e conhecido como o Vampiro de Curitiba, Dalton Trevisan, que não queria ser notado, construiu uma das trajetórias mais respeitadas da literatura brasileira.

Considerado o maior contista do país, publicou cerca de 50 obras, entre contos e novelas. Seu único romance, A Polaquinha, está entre os mais lidos nas Casas da Leitura da cidade, que disponibilizam mais de 90% de sua produção para empréstimo gratuito.

Nascido em Curitiba, em 1925, Trevisan formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná e teve participação ativa na cena literária local desde jovem. Foi repórter policial, crítico de cinema e, entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, que marcou época ao publicar nomes como Mário de Andrade e Vinícius de Moraes. Seus primeiros livros, como Sonata ao Luar (1945) e Sete Anos de Pastor (1948), nasceram desse período.

Ao longo da carreira, foi reconhecido com os principais prêmios literários em língua portuguesa, entre eles quatro Jabutis, o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis. Mesmo com tantas conquistas, manteve-se fiel a uma vida reservada, sem entrevistas ou aparições públicas, deixando como legado uma obra marcada por precisão, sensibilidade e olhar implacável sobre a condição humana.

Presenças

Participaram do evento o secretário municipal de Administração e Tecnologia da Informação, Elisandro Frigo; a representante dos direitos autorais de Dalton Trevisan, Fabiana Faversani; a procuradora-geral do município, Vanessa Volpi; o deputado estadual Goura Nataraj; a vereadora Meri Martins e o vereador Serginho do Posto.