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A primeira da cidade

Você sabia? Com 62 anos, Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão, é a mais antiga de Curitiba

Com 62 anos, Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão, é a mais antiga de Curitiba. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

Antes um campo aberto onde as crianças do bairro Portão brincavam e jogavam futebol, hoje o enorme terreno na Rua Itacolomi, 700, abriga a escola municipal mais antiga da cidade, com 541 estudantes matriculados, além do Farol do Saber e Inovação Rocha Pombo. Com 62 anos, a Escola Municipal Papa João XXIII guarda boa parte da história do bairro e o carinho de seus ex-alunos. De seus bancos saíram professoras que voltaram à unidade para lecionar.

Uma delas é Luciana Paulino, concursada desde 2012 e que atuou na escola até 2024. Ela estudou “no Papa” – como a escola é carinhosamente chamada até hoje - do pré ao 8º ano do Ensino Fundamental, na década de 1990.

“De lá guardo lembranças muito importantes na minha vida, amizades que tenho até hoje e professores que moram no meu coração. O Papa é uma escola grande, quando você é criança fica assustado com o tamanho, mas com os profissionais que trabalham lá a gente sente todo o acolhimento. Lembro dos professores e diretores, as atividades de atletismo que eu adorava, teatro... e quando chegaram os computadores então? Foi uma emoção só”, lembra a professora.

“Eu adorava ir à biblioteca ler poemas de Cecília Meireles e ouvir as histórias contadas pelas professoras. Depois de anos, quando chegou o momento de fazer o vestibular, eu não pensava em fazer pedagogia e muito menos em ser professora, entrei na faculdade de Direito. Mas depois de alguns anos resolvi fazer pedagogia e me encantei, fiz estágios em escolas particulares e da rede”, recorda.

Ela fez concurso público e, em 2012, começou a trabalhar na Prefeitura de Curitiba. “No momento de escolher a vaga me disseram que no Papa seria quase impossível, pois era muito disputada. Quando vi que tinha vagas lá não tive dúvidas, iria voltar pra minha escola do coração. Foi emocionante entrar lá e lembrar de tudo, as brincadeiras, os professores, e agora eu era professora com muito orgulho”, conta Luciana. 

A professora Giane Pereira da Costa Silva foi aluna da escola de 1991 a 1993. “A escola era muito solicitada, e meu pai teve que passar a noite na fila para conseguir a vaga. Foram três anos de muitas aprendizagens e amizades”, recorda.

“Recordo com saudosismo o período que estive lá, boa parte dos ensinamentos que tive na escola levei para a minha vida pessoal e profissional. Passei no concurso em 2012 e, em 2015, consegui a vaga de professora substituta na Escola Papa, onde leciono até hoje. Quando iniciei como professora de Ciências neste lugar que tenho tanto carinho, meus sentimentos de gratidão e realização foram intensos. A Escola Papa João XXIII sempre esteve presente na história da minha vida”, conta Giane.

Outro ex-aluno que guarda boas lembranças é o presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, Roberto André Oresten, que estudou no Papa do final da década de 1960 até o início dos anos 1970. “Foi minha escola primária, eu morava a uma quadra da escola, na Rua Itacolomi mesmo. Fiz grandes amigos lá, uma época maravilhosa”, lembra Oresten, que quando menino era fã dos livros de história.

“Também me divertia muito com os campeonatos esportivos entre as escolas”, relata ele.

Histórias entrelaçadas

A construção da escola acompanhou a história do bairro, que teve sua origem no século XIX, quando um posto de fiscalização com um grande portão controlava a passagem de mercadorias e gado.

O desenvolvimento foi impulsionado pela chegada da ferrovia, em 1894, transformando o local em um centro comercial para a erva-mate e aumentando a concentração populacional na região. Na década de 1950, durante a gestão Erasto Gaertner, a pavimentação da Avenida República Argentina – antes conhecida como “a avenida do Portão” - impulsionou o desenvolvimento da região. Com isso, a demanda por serviços como saúde e educação aumentou.

Inaugurada em 1963 pelo então prefeito Ivo Arzua, o nome da unidade foi uma homenagem ao Papa João XXIII, modernizador da Igreja Católica e incentivador do diálogo entre as religiões.

Originalmente designada como Centro Experimental Papa João XXIII (grupo escolar), foi criada pelo Decreto 1273. Hoje tem mais de 500 estudantes matriculados, inclusive na Educação de Jovens e Adultos (EJA), e mais de 6 mil títulos na sua biblioteca. O farol da unidade conta com impressora 3D e atende também a comunidade. A escola foi a primeira a receber, este ano, o projeto-piloto para ensino do idioma ucraniano na rede municipal.