Um vídeo que pede a mobilização dos brasileiros por uma sociedade mais inclusiva encerrou nesta terça-feira (1) o mistério em torno da “campanha” realizada pelo fictício Movimento pela Reforma de Direitos, que chamou a atenção do Brasil inteiro esta semana. Gravado por Mirella Prosdocimo – presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e secretária municipal da área, que é tetraplégica há 24 anos em decorrência de um acidente de carro – o vídeo esclarece que a suposta campanha foi na verdade uma forma de chamar a atenção para o desrespeito cotidiano aos direitos das pessoas com deficiência.
“Que cada um que se revoltou na internet seja uma voz real na luta pelo respeito aos nossos direitos. Que não se calem ao ver uma pessoa com deficiência sendo desrespeitada e discriminada”, disse Mirella.
A revelação de que era o Conselho da Pessoa com Deficiência quem estava por trás do suposto movimento foi feita numa entrevista coletiva para a imprensa, realizada num hotel de Curitiba, com a presença de integrantes do conselho. Desde a véspera, o “Movimento pela Reforma de Direitos” era assunto nacional. Suas postagens na rede social Facebook defendendo o fim de “privilégios” para pessoas com deficiência alcançaram 2,5 milhões de pessoas impactadas, e mais de 1 milhão de pessoas engajadas na página (que curtiram ou comentaram) gerando revolta e polêmica no mundo virtual.
Para Mirella, a polêmica mostra que a campanha – que marca o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro – atingiu seu objetivo. “Eu sei que vocês ficaram chocados com as reivindicações feitas pelo movimento e o choque que vocês sentiram diante das propostas absurdas é o nosso alivio. Conseguimos chamar a atenção de milhões de pessoas para os nossos direitos”, diz Mirella no vídeo. “O desrespeito que chocou as pessoas na internet ainda ocorre, e muito, na vida real”.
Após a revelação do objetivo, a campanha ganhou o apoio de personalidades como o senador e ex-jogador de futebol Romário Faria, que é um defensor da causa das pessoas com deficiência. “A campanha nos leva a refletir: se tantos se revoltaram, por que tantos ainda desrespeitam? Talvez ainda falte informação, além de empatia”, escreveu ele em seu perfil no Facebook.
Maurício Ramos, publicitário que atuou em prol da campanha “Essa vaga não é sua nem por um minuto” - para conscientizar quem não respeita a lei - destaca a ação positiva da atual campanha. “Vejo de uma forma bastante positiva a ideia da campanha que já mostrou que precisamos nos posicionar contra o preconceito e defender os direitos das pessoas com deficiência. A firmeza da Mirella e do Conselho tende a somar com a proposta da campanha. Não podemos ficar quietos”, destacou Ramos.
Representante do Conselho, Éber Santos, 30 anos, é antropólogo e teve paraplegia. Usuário de cadeira de rodas, sentiu-se angustiado com o começo do movimento. “Acho que agora as pessoas vão ficar mais atentas e entenderão que não há meia-inclusão”, disse Santos. Ele aprovou a estratégia. “Temos que dar credibilidade para essa visibilidade que atingiu a cena nacional para discutir o cotidiano das pessoas com deficiência”, disse Éber.
Nova fase
A campanha entra agora na segunda fase – que, além da divulgação do vídeo nas mídias sociais, inclui a mudança na mensagem do outdoor instalado segunda-feira (30) em Curitiba. O painel, que originalmente pregava “o fim dos privilégios para deficientes”, agora ganhou uma tarja preta com a pergunta: “Se tantos se revoltaram, porque tantos ainda desrespeitam?”, e a frase “Não é privilégio. É direito”.
Assista ao vídeo da campanha Aqui
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