Veja o discurso proferido pelo prefeito Rafael Greca nesta segunda-feira (6/7) durante a homenagem Personalidade AECIC 2018:
"Precisamos dotar nossa cidade, nosso Estado e nosso País de uma energia política criativa, capaz de transformar a realidade, e de não abandonar o nosso povo.
Curitiba, o Paraná e o Brasil precisam de uma energia política nova, transformadora, nova, pautada em ideais humanitários, com a força do verdadeiro patriotismo que brota dos pés no chão e do coração puro.
Nada pode ser mais triste do que uma política exercida sem ideais. Às vezes me perguntam o porquê da minha alegria. É porque no meu coração há o ideal do serviço.
Uma política sem ideais é algo parecido com uma religião sem fé, com um casamento sem amor. Uma política sem ideais é atividade de fariseus interesseiros. Tão vazios como a pouca história que deixará escrita a sua grande ambição.
Renovo o meu compromisso de amor e serviço à nossa terra e a nossa gente e também a este pedaço da cidade que é a Cidade Industrial, ao agradecer esta homenagem da força empresarial mais significativa do nosso Estado, as indústrias que se associaram ao grande projeto do então prefeito Jaime Lerner, o projeto da Cidade Industrial de Curitiba.
Hoje é 6 de agosto. Eu não escolhi a data, mas os anjos do Céu a escolheram. É festa do Senhor Bom Jesus dos Perdões e dos Pinhais. Com Nossa Senhora da Luz, de acordo com a antiga tradição, o co-padroeiro de Curitiba.
A imagem do Senhor Bom Jesus dos Pinhais, quem a conhece – seja na igreja da Rui Barbosa, seja na Catedral ou na igreja do Cabral -, é a de um homem de mãos amarradas, coroado de espinhos, flagelado nas costas.
O Ecce Homo, da cena em que o cinismo de Pilatos, tentando comover o povo, o apresenta à multidão dizendo “eis o homem”. Bom Jesus dos Pinhais é lembrado na tradição católica por uma missa, muito bonita, que tem o Evangelho da Transfiguração. Da transformação do homem de dores em homem glorificado.
Se puxarmos pela nossa consciência patriótica mais pura, todos os brasileiros produtores de riquezas, dos operários aos empresários, se veem na mesma situação deste paciente de mãos amarradas, coroado de espinhos, lanhado nas costas, prontos para aceitar a cruz do que les parece inevitável ou imponderável.
Mas a Luz que brilha em Curitiba da Luz dos Pinhais, a consciência política desta cidade que insiste em afirmar que tendência não é destino, nos obriga a dizer que não. Deus nos poupe o sentimento do medo e brilhe sobre nós o ensinamento do Evangelho de hoje que é a nossa fé de que é possível vencer qualquer situação, superar qualquer padecimento e nos erguermos acima das dificuldades.
O amor é a condição da missão. Esta é a lição de Curitiba.
Estou no 19º mês dos 48 que os curitibanos me concederam para cuidar da nossa cidade amada. A aprovação do Plano de Recuperação Municipal pela Câmara de Curitiba a cidade retomou o caminho da sustentabilidade e do equilíbrio fiscal. A regularização das pendências financeiras evitou o colapso dos serviços públicos.
Os salários dos nossos 33 mil servidores sempre foram pagos em dia. A primeira parcela do 13º de 2018 já foi paga em junho e eu já marquei o dia 22 de novembro, data em que começamos a celebrar o Natal em Curitiba, para pagar a segunda parcela para que dinamizemos o comércio e o consumo.
Vale lembrar que os relatórios do Tribunal de Contas apontaram nos últimos anos montante vultuoso de passivos a descoberto. Pela primeira vez, desde 2014, conseguimos reverter esses resultados em ativos líquidos ao final de 2017.
Pela primeira vez, desde 2014, conseguimos reverter o mau resultado que herdamos em ativo líquido ao final de 2017. No total, a Prefeitura da cidade já adimpliu nada menos que R$ 406 milhões em compromissos assumidos e não pagos pela gestão anterior.
Ao longo desses 19 meses já investimos R$ 760 milhões. Convênios foram recuperados junto ao Ministério das Cidades, ao Banco do Brasil, a Caixa Econômica e ao Estado do Paraná. Só de convênios do Ministério das Cidades Curitiba o nosso município já recebeu R$ 400 milhões. Mais de 250 ruas estão sendo revitalizadas, com preferência àquelas que passam mais gente e o transporte coletivo. Do governo do Paraná, os investimentos somam R$ 240 milhões.
Quero lembrar que na Saúde colocamos, no ano passado, R$ 1,7 bilhão, pagando o que nos era devido pagar e também o que havia sido deixado atrasado. Em média, distribuímos 20 milhões de unidades de medicamentos para atender a uma população de 200 mil pessoas.
É alegria poder dizer que colocamos no SUS curitibano R$ 435 milhões por ano desde que eu assumi o mandato até agora. Na Educação colocamos no ano passado, R$ 1,2 bilhão. Estamos acendendo as luzes dos Faróis do Saber, agora também da inovação. Máquinas impressoras 3D acompanhadas de um programa pedagógico já estão revelando aos curitibinhas que todas as profissões do futuro serão diferentes.
Esse mundo novo nos pede inovação. Levante-se a consciência política de Curitiba e do Paraná, para afirmar, além das tristes crônicas da Lava Jato depois de toda a lama do noticiário aziago, que o Brasil somos nós, os trabalhadores, os construtores da Inovação, os geradores de empregos, os devotos da ideia política de que não serve para governar quem não vive para servir.
A Cidade Industrial de Curitiba é a melhor prova da superação que o Paraná pode oferecer ao Brasil. Era a geada negra do severo inverno de 1975, quando os campos do Paraná e do Sul do Brasil foram dizimados e a intempérie somava-se crescente mecanização do modelo agrícola, Curitiba recebeu uma imensa população de migrantes desvalidos, milhares de famílias expulsas pela condição adversa do seu meio agrícola.
O então prefeito Saul Raiz, diante de um Ippuc atônito, via a cidade crescer a uma taxa de 8% ao ano entre 1975 e 1980. A acolhida dos migrantes pés vermelhos, órfãos dos cafezais extintos somados a brasileiros de todos os rincões, povoou a nossa periferia. Além das favelas tradicionais do Parolin e da Vila Pinto, surgiram dezenas de ocupações irregulares. Toda essa gente precisava de emprego. Constituindo mão de obra valorosa que precisava ser absorvida. Naquele ano de 1980 a população curitibana já era de 1 milhão de habitantes, dos quais 570 mil não nascidos no município.
A Cidade Industrial de Curitiba se fez grande em todos os sentidos. Absorveu 10% da população da Capital. No senso de 2000 já moravam na CIC 160 mil pessoas, mais de 10% dos 1.587.315 curitibanos.
A CIC mede mais de 15 quilômetros de extensão, indo da BR-277, que a divide do tradicional bairro de Orleans (colônia polonesa) até a ex-BR 116, atual BR-476, que a separa do bairro do Tatuquara, a região cujo nome quer dizer toca do tatu. Os campos que os índios chamaram de Toca do Tatu, onde o Rio Barigui se espraia entre matas nativas cheias de bugios até sua foz, no glorioso Rio Iguaçu.
O território da CIC hoje compreende, além dos bairros tradicionais do Campo Comprido, Orleans e Fazendinha, grandes povoações oriundas de intervenção da Cohab ou de ocupações irregulares: Vila Nossa Senhora da Luz, os dois conjuntos Osvaldo Cruz, as moradias Atenas, Vila Sandra e Itatiaia, as vilas Conquista, Santa Helena e São Nicolau, São Domingos, Vila Verde e Barigui, moradias Diadema, Augusta e Caiuá.
Quando os curitibanos me elegeram pela primeira vez, tive a alegria de estender o povoamento para além da linha do trem, urbanizando e abrindo a Gleba da Ordem e as moradias Santa Rita, já no limite com Araucária, as chamas da refinaria da Petrobrás, no horizonte.
Inauguramos os terminais de ônibus CIC-Caiuá e Campo Comprido. Temos orgulho da nossa Cidade Industrial. Estão lá dois hospitais, 16 Unidades de Saúde, 35 creches, 24 escolas, 7 Faróis do Saber e da Inovação. Vinte e cinco jardinetes, 63 praças públicas e os parques Fazendinha, dos Tropeiros, Bosque do Trabalhador, Diadema Caiuá e Mané Garrincha.
Única nota dissonante neste momento de festa é meu coração apertado pela decisão da Justiça do Trabalho que me impede de reabrir a UPA da CIC com uma organização social. O custo licitado é R$ 400 mil mais barato do que seria o serviço público. E ainda há a oferta de 171 funcionários e todos os insumos clínicos. Tudo melhor e a maior do que a operação pelo serviço público.
Apelamos a Brasília, na esperança, e na confiança da Justiça. Quero Justiça. Fomos eleitos para melhorar a cidade, e não abriremos mão deste dever.
Hoje a CIC configura-se como o bairro de maior concentração de indústrias de Tecnologia, Produtos Estratégicos e empregos de alta qualificação. Lá está o Polo de Software, que instalei na minha outra gestão. No seu território estão instaladas 7.991 empresas, sendo 1713 indústrias, 3.712 casas de comércio e 2.515 serviços.
Mais de 30 mil empregos diretos e 80 mil empregos indiretos. A CIC é o orgulho de Curitiba.
Em algumas destas empresas pulsa o ideal solidário, em outras o ideal do apoio cultural. A Fundação Cultural é extremamente grata às empresas que se abrem à potencialidade da arte que revoga o pesadelo da vida.
Também quero louvar os Liceus de Ofícios. Nelson Hübner está me ajudando a montar um Liceu gigante, lá nas palafitas da Caximba, num lugar ignorado pela administração anterior.
Um Liceu de Ofícios para jovens de famílias vulneráveis, penhor de grande esperança naquelas várzeas onde o rio Barigui desagua no rio Iguaçu. Há também liceus da Eletrolux , da Volvo e da Bosch.
Falo dos 36 jovens aprendizes da FAS – vários ex-moradores de rua – que cursam o Liceu do SESI.
Não calculam a honra e alegria que preenchem minha alma e meu coração ao receber este título da AECIC – Associação dos Empresários da Cidade Industrial de Curitiba, entidade constituída em 1977, com admirável sede própria, instalada na rua que leva o nome do meu bondoso avô – Manoel Valdomiro de Macedo, de quem herdei o Valdomiro do meu nome.
Também ele foi um pioneiro da indústria paranaense, no período extrativista, beneficiando tanto madeira quanto erva-mate. Meu avô Valdomiro, que foi meu mestre de vida, sabia que o otimismo é o perfume da vida, mas talvez nem tenha imaginado tamanho progresso industrial para a nossa amada Curitiba ao tempo em que embalava erva-mate em barricas de pinho e desdobrava tábuas de imbuia cortadas na lua minguante, para oferecer à indústria curitibana de mobiliário.
Este é o nosso cerne.
Cerne é a alma da Araucária. A parte da árvore que cupim algum devora. Curitiba e o Paraná – único estado a investir em obras neste cenário da vida brasileira e Curitiba – somos o cerne do Brasil.
Curitiba e o Paraná são o cerne do Brasil. E os cupins não nos hão de devorar se nós, nesses movimentos das almas que se levantam e dizem que é preciso acreditar no Brasil, reafirmarmos a força da Cidade Industrial de Curitiba.
Muito obrigado!"