O trabalho desempenhado em Curitiba pela Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), desde 2014, tem dado à Secretaria Municipal da Saúde melhores condições de combate e controle de doenças transmitidas por animais – as zoonoses. O antigo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) deu espaço a um novo serviço, que deixou a função operacional de lado e passou a executar ações e pesquisas com foco na saúde da população e na educação da comunidade.
“A partir dessa reestruturação, a equipe da UVZ passou a desempenhar um papel estratégico de vigilância, trabalhando em conjunto com os 10 distritos sanitários da cidade. Essa nova frente de ação é extremamente importante para termos maior monitoramento das zoonoses em Curitiba”, explica o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton.
A leptospirose e a raiva estão entre as principais doenças monitoradas pela UVZ, que também tem em seu radar a leishmaniose, a esporotricose, a febre amarela, entre outras. Com relação à enfermidade provocada pela bactéria leptospira, no primeiro quadrimestre deste ano, a equipe da unidade fez 14.618 visitas a imóveis em áreas de risco, atendimentos a chamados da Central 156, investigações ecoepidemiológicas e visitas técnicas. O total representa cerca de 180 ações realizadas em cada dia útil do período.
Os dados relativos ao monitoramento da raiva indicam que, nos quatro primeiros meses do ano, foram feitos 221 exames (165 de animais domésticos e 56 de animais selvagens) para detecção da doença, além da aplicação de vacina antirrábica em 108 pessoas.
Inteligência
Além dessas atividades, os profissionais da UVZ fazem a identificação de espécies de animais envolvidos em acidentes (morcegos, cobras, aranhas, escorpiões); ministram palestras, cursos e oficinas para diversos setores da comunidade; identificam áreas de risco para a proliferação de zoonoses; e fazem articulação com clínicas veterinárias para criar uma rede de monitoramento de zoonoses.
“O serviço passou a ter o objetivo de ser um centro de inteligência em zoonoses e articulador de ações intersetoriais. Não apenas um órgão operacional e de controle. Atualmente, a UVZ de Curitiba tem inteligência instalada para desenvolver diferentes ações e apresenta um olhar focado na prevenção”, afirma a coordenadora da UVZ Vivien Midori Morikawa. Entre as pesquisas em desenvolvimento na unidade, muitas em parceria com instituições de ensino superior, estão o geoprocessamento de casos de raiva no município e a vigilância e o monitoramento da esporotricose.
Histórico
Após 2006, quando a câmara de gás do chamado canil municipal foi desativada – serviço que praticava a captura e a eutanásia em cães e gatos retirados das ruas –, o CCZ passou a desempenhar novas funções relacionadas ao controle das zoonoses de importância para a saúde pública, como o recolhimento de animais das ruas. A partir de 2014, acompanhando uma portaria do Ministério da Saúde, os CCZs deram lugar às UVZs. Em Curitiba, parte das atividades desempenhadas pelo antigo centro de controle, como o recebimento de cães ferozes e animais de grande porte, foi absorvida pelo Centro de Referência de Animais em Situação de Risco, vinculado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
“O nosso trabalho mudou muito e a gente cresceu. Acompanhei todo o processo desde o canil e agora que conseguimos trabalhar com zoonoses de verdade, com o que a unidade se propõe: a vigilância. Estamos nos desenvolvendo e quem vai trabalhar com o bem-estar animal também vai aproveitar a nossa experiência”, diz a bióloga Cláudia Staudacher, chefe de fauna sinantrópica da UVZ e há 21 anos na rede da Secretaria Municipal da Saúde.