A nova concessão do transporte coletivo vai promover a maior transformação do sistema em 20 anos, segundo o prefeito Eduardo Pimentel, que apresentou, nesta sexta-feira (19/9), a modelagem do edital que vai ser lançado em novembro e que definirá como será a operação do transporte urbano na capital nos próximos 15 anos.
O projeto, estruturado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê a modernização do sistema, com novas rotas, investimento em ônibus zero emissões e implantação de integração entre todas as linhas da capital, com foco na agilidade do deslocamento e na qualidade do serviço.
Durante o evento, o prefeito abriu a consulta pública, que está disponível a partir de hoje no endereço https://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/PORTAL/licitacaoTransporteColetivo
para que a população em geral, investidores e entidades de classe possam ter acesso a todas informações da nova concessão e possam contribuir com propostas e sugestões. Além disso, o prefeito convidou a população a participar das duas audiências públicas sobre o projeto, marcadas para 1 e 15/10.
“Hoje é um dos dias mais importantes da minha gestão como prefeito de Curitiba, porque estou cumprindo um compromisso do período eleitoral. Curitiba está dando um salto com essa nova concessão, que é uma inovação e modernização do sistema como há décadas a cidade não via. Então é um momento muito importante, que eu convido a população a participar ativamente”, disse Eduardo Pimentel.
O edital da nova licitação deve ser publicado em novembro e o leilão está previsto para janeiro de 2026 na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). A transição começa em junho de 2026.
“Teremos um período de transição de até 24 meses, podendo ser menos. O que eu garanto nessa transição? A cidade não ficará um dia sequer sem o transporte coletivo eficiente e a tarifa não aumenta. Então, a partir de agora, nós vamos colocar as ações em controle. Outra coisa importante, tudo o que nós tivemos de avanço nesse ano permanece. Com os 160 ônibus que foram comprados, as integrações temporais da Praça Rui Barbosa por exemplo, as novas integrações, as reformas das estações públicas que nós fizemos”, afirmou.
A nova concessão prevê o leilão de cinco lotes – 2 de BRTs (abrangendo as linhas que circulam em canaletas exclusivas) e 3 regionais (Norte, Sul e Oeste) com contrato de operação de 15 anos. A linha Turismo, pelo caráter comercial, será alvo de outro edital. O valor de remuneração estimado para os cinco lotes no período é de cerca de R$ 18 bilhões. Desse total, R$ 3,7 bilhões serão em investimentos.
“A nova concessão terá valor praticamente igual à atual e a Prefeitura vai investir para que a população tenha o melhor serviço, porque no fim das contas o que todos querem são três coisas: ônibus de qualidade, que chegue no horário e tarifa justa”, disse.
Na consulta pública e nas audiências, a população terá acesso a toda documentação da concessão até agora, com relatórios de demanda e de análise econômico-financeira, mudanças previstas, desenho dos lotes que vão a leilão, garantias previstas e ainda as regras do edital. Os documentos também serão entregues pelo prefeito ao presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), Ivens Linhares, na segunda-feira (22/9).
Durante a apresentação do projeto de concessão o prefeito estava acompanhado do presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, e da presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ana Zornig Jayme, que vêm trabalhando na estruturação do modelo de concessão junto com o BNDES desde 2023.
“Do ponto de vista das empresas que pretendem participar da licitação, a nova concessão é robusta e competitiva. Na modelagem criamos uma estrutura de garantias que traz atratividade para o edital, com menor risco para o projeto, o que favorece inclusive maiores descontos nas propostas apresentadas no leilão”, disse Maia Neto.
O presidente da Urbs também destacou as subvenções e os subsídios para investimentos e manutenção da tarifa a patamares próximos do atual, além de novos indicadores de qualidade, que vão melhorar o serviço prestado à população.
O sistema de transporte de Curitiba envolve 309 linhas, 22 terminais, 329 estações-tubo e frota de 1.189 ônibus. São 555 mil passageiros pagantes/dia útil e 6,4 milhões de viagens por mês.
O projeto prevê investimento de R$ 3,7 bilhões em 15 anos, que incluem a aquisição de 245 ônibus elétricos em cinco anos, de 149 ônibus a diesel modelo Euro 6 no início do contrato e mais 1.084 veículos ao longo de 15 anos. Também prevê a construção de dois eletropostos públicos, nos terminais Capão Raso e Capão da Imbuia, com 42 carregadores, nos próximos cinco anos, e infraestrutura de carregamento nas garagens (107 carregadores). Além disso, estão programadas a construção e requalificação de 16 estações-tubo, reformulação de traçados de 30 itinerários e criação de cinco novas linhas.
A nova concessão é a primeira já estruturada desde o início com foco na descarbonização da frota, dentro do plano de zerar emissões até 2050. A meta é que 30% dos assentos disponíveis no sistema sejam em veículos zero emissões até 2031. Hoje Curitiba tem sete veículos elétricos (6 nas linhas Interbairros I e 1 na linha Água Verde). Nos próximos anos, serão mais 245 veículos elétricos.
“Essa proposta que hoje chega para discussão com a sociedade é materialização da visão de futuro do município, de desenhar um sistema em que os deslocamentos sustentáveis sejam os protagonistas. Nós queremos que as pessoas usem mais o transporte público coletivo, assim como modos de deslocamento mais sustentáveis, seja o carro compartilhado, a bicicleta compartilhada, o caminhar pela cidade”, disse a presidente do Ippuc.
Para Luciene Machado, superintendente da Área de Soluções para Cidades do BNDES, a etapa com a participação pública no contrato de concessão é crucial. “Estamos falando de um projeto, que é complexo, e que vai impactar a vida da cidade nos próximos 15 anos”, disse.
Concessão comum
A modelagem prevê concessão do tipo comum com subsídio para a tarifa e subvenção ao investimento em frota elétrica e infraestrutura de recarga.
O lote BRT 1 abrange 24 linhas; o BRT 2, 18 linhas; o regional Norte, 99 linhas; o Sul, 86 linhas; e o Oeste, 83 linhas.
Os concessionários dos lotes BRT 1 e 2 serão responsáveis pela operação do serviço de transporte, fornecimento de frota elétrica e a diesel, infraestrutura de recarga (eletropostos e garagens) e a operação e a manutenção da infraestrutura de mobilidade urbana (estações-tubo e plataformas elevadas nos terminais). Essa última atribuição era, até agora, de competência da Urbs, que já terceirizava o serviço.
Os concessionários dos lotes regionais serão responsáveis pela operação do serviço de transporte, fornecimento de frota elétrica e a diesel e infraestrutura de recarga (garagens).
O planejamento operacional, gestão e fiscalização do sistema e a bilhetagem eletrônica ficarão a cargo da Urbs.
Também participaram do evento o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins; o secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento, Vitor Puppi; a procuradora-geral do município, Vanessa Volpi; o secretário municipal de Comunicação, Marc Sousa; o secretário de Governo Municipal, Marcelo Fachinello; o líder do governo na Câmara Municipal de Curitiba, Serginho do Posto; a secretária do Meio Ambiente, Marilza Dias; vereadores; representantes do consórcio Oficina-Tylin-Rhein-Addax e colaboradores do Ippuc e da Urbs.