Assim como em boa parte das grandes cidades brasileiras, em Curitiba, o movimento da industrialização começou na década de 1970 e se tornou responsável por um grande percentual de empregos gerados na cidade. Atualmente o setor industrial responde pela terceira fatia do número de empresas da cidade (12,03%), atrás de serviços (58,43%) e comércio (29,35%).
Ainda assim, o chão de fábrica (que a cada dia está mais tecnológico) ainda garante o ganha-pão e a qualidade de vida de milhares de trabalhadores na capital paranaense.
Só como exemplo, apenas a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que completou 52 anos em 5/4, conta atualmente com quase 20 mil empresas (fabris, em sua maioria) que, juntas, geram 80 mil empregos.
“Curitiba é, há décadas, uma cidade que sedia indústrias de renome internacional e que são grandes empregadoras. A Prefeitura tem apoiado firmemente esse setor especialmente com a preocupação de contribuir na qualificação da mão de obra, oferecendo aos trabalhadores oportunidades de estarem alinhados com as demandas das empresas, como a adaptação ao trabalho com novas tecnologias digitais. Entre as ações, lançamos o Vale-Qualificação, que vai permitir ao trabalhador se qualificar no que interessa a ele e dentro do perfil que as empresas precisam”, diz o vice-prefeito e secretário municipal do Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins.
80 mil empregos
- são gerados somente pelas cerca de 20 mil empresas (entre indústrias e comércios) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), bairro com maior concentração de produção fabril de Curitiba.
12,03% das empresas
- de Curitiba são do Setor Industrial, atrás de Serviços e Comércio.
Entre os trabalhadores que (literalmente) batem cartão na indústria curitibana está Everson Gomes Rosa, 48 anos, coordenador de manufatura de ônibus na Volvo, indústria automotiva instalada em 1977 na CIC, quando a região era uma área bem afastada do resto da cidade.
Vidas entrelaçadas
Formado no curso técnico em Mecânica do Senac, Everson teve um bico antes de entrar na empresa, em abril de 1997, e se orgulha de ter feito carreira no mesmo lugar. Tanto que tem na ponta da língua o mês e o ano dos momentos importantes dentro da empresa, que caminham lado a lado com sua vida familiar e sua relação com Curitiba.
Com 28 anos de casa, já estava na Volvo quando conheceu e se casou com Lilian, em 2000. Em seguida, teve o primeiro filho, Vitor, 24 anos. Anos depois, veio o Pedro, 16. Ambos são seus parceiros de ida ao estádio para torcer pelo Coritiba.
Com o trabalho, além de dar o sustento para a família, se orgulha de ter condições de dar o suporte financeiro para ver o primogênito formado em Engenharia Civil e o mais novo, buscando entrar na faculdade no ano que vem.
“Minha carreira e minha vida pessoal são muito próximas. Entrei na fábrica com 20 e poucos anos. Conheci a Lilian quando já estava na Volvo; casei quando já estava na Volvo, tive meus filhos e vi meus filhos crescerem trabalhando na Volvo. Essa é a história que a indústria proporciona. Acaba sendo a extensão da nossa casa, sabe? Sou muito feliz por ter essa oportunidade”, fala Rosa.
Humanidade na linha de produção
O começo na linha de produção foi na montagem de caminhões, onde ficou por seis anos. Em 2003, participou do lançamento da linha de caminhões semipesados.
Em setembro de 2008, tornou-se líder da equipe de montagem de ônibus, formada por 40 pessoas, entre homens e mulheres, alguns deles com deficiência auditiva. “Aprendo com eles todos os dias”, assegura.
A valorização da empresa pelo trabalho manual é um dos valores que o fazem ter orgulho de onde trabalha.
“Apesar de termos muita tecnologia, a montagem manual é muito grande aqui na fábrica de Curitiba. Temos muitos equipamentos que controlam a produção, partes eletrônicas que garantem rastreabilidade, mas a questão da montagem é executada por pessoas”, conta.
Não à toa, o setor segue contratando. Só no primeiro trimestre deste ano, a indústria assinou a carteira de 1.083 pessoas em Curitiba, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
1.083 trabalhadores
- foram contratados pela indústria em Curitiba entre janeiro e março de 2025.
Construindo mobilidade
O coordenador Everson conta que também se orgulha de ajudar a produzir os veículos que depois circulam pelas ruas de Curitiba, compondo a rede do transporte público da capital.
“É muito gratificante saber que boa parte dos ônibus que movem as pessoas são feitos aqui, que eu ajudei a construir. O sentimento do nosso time aqui, da montagem do ônibus, é de manter sempre a execução de um bom trabalho porque a gente leva o resultado do nosso dia a dia para a cidade de Curitiba. É um privilégio morar e trabalhar em uma cidade com a estrutura de mobilidade urbana como Curitiba, né?”, diz.
Entre 2017 e 2025, a Prefeitura renovou a frota do transporte público com 732 novos veículos no período. Na aquisição mais recente, nesta semana (28/4), a Prefeitura entregou 45 ônibus novos, sendo 16 deles com chassi Volvo, que passaram pela montagem da equipe de Everson.