O ano era 1968. E o adolescente Rubén Cerda deixava sua Quito natal para se aventurar no maior país do continente. O estudante de engenharia da Universidade Federal do Paraná, que a princípio vinha para um período curto, acabou se apaixonando pela cidade. Mais precisamente, por uma curitibana, com quem se casou anos mais tarde. Com isso, acabou ficando por aqui até 1975, antes de voltar ao Equador.
“Na minha primeira passagem por Curitiba éramos só sete equatorianos. Não dava para montar um time de futebol, então apelávamos para o basquete”, conta.
Em 1988, a pedido dos filhos, dois homens nascidos no Brasil e a mais nova no Equador, voltou para Curitiba. Desta vez, para nunca mais sair. “Curitiba é a minha casa, já são muitos anos aqui. Na sexta eu vou ao jogo com toda minha família, esposa, três filhos, noras, netos, vamos fazer uma festa. E ainda vou receber quatro equatorianos”, diz Rubén, que mora em uma casa com jardim no Tarumã. Sobre a torcida, apesar de também se sentir brasileiro, ele não tem dúvidas: “Na Copa não tem discussão, adoramos o Brasil, mas vamos torcer para o Equador. O time é bom e acho que passa de fase, apesar de estar na chave da França”.
Do lado oposto da torcida estará um grupo animado. Gerson Espinoza Ramírez, nascido em Puerto Cortez, e que mora em Denver (EUA) é um dos milhares de hondurenhos que prometem invadir Curitiba. E ele está confiante. “Teremos uma ótima participação na Copa. Vai ser difícil, mas vamos ganhar esse segundo jogo”. A conversa com ele aconteceu em Porto Alegre, onde a seleção centro-americana estreou perdendo de 3x0 da França. Saindo de lá, Gerson planejava a vinda a Curitiba, cidade da qual ouviu ótimas referências, com toda a família. “Trouxe minhas quatro irmãs e elas vão me dar sorte na sua cidade”, profetizou.
Gerson e as irmãs terão companhia por aqui. A cônsul honorária de Honduras no Paraná desde 2004, Tereza Bettega Parodi, vai ao jogo como convidada de honra. Nascida e criada em Curitiba, ela vive hoje na tríplice fronteira, em Foz do Iguaçu. “Nossa colônia aqui é bem pequena, mas o povo cultiva os costumes trazidos de Honduras, principalmente na hora de comer”. A culinária do país tem como destaque a baleada, um tortilla de farinha de trigo recheada feijão frito, ovo, vários tipos de carnes, queijo ou manteiga e pode ser comida em qualquer hora do dia.
Para rivalizar com a iguaria que parece sustentar bem qualquer torcedor, Rubén recomenda um bom ceviche equatoriano, acompanhado de rum ou guayussa, uma cachaça do interior do país. “Nosso ceviche é diferente do peruano, preparamos cozido e com pouca pimenta”, explica. Bem alimentados e em grupos muito animados, hondurenhos e equatorianos devem fazer uma festa bonita nas arquibancadas da Arena da Baixada, na sexta-feira. Mesmo que o futebol dos países não esteja entre os melhores da Copa, em matéria de torcida ninguém pode dizer que eles não estão entre os favoritos.
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