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Para o corpo e a mente

Tênis de cadeira de rodas melhora autonomia e dá qualidade de vida

Tênis de cadeira de rodas melhora autonomia e dá qualidade de vida. - Na imagem, Deiro Salomão Pinto Ribeiro e Elias Chaves Sobrinho. Curitiba, 23/10/2025. Foto: Hully Paiva/SECOM

Pessoas com mobilidade reduzida encontraram no tênis de cadeira de rodas a possibilidade de praticar um esporte e usufruir de todos os benefícios da atividade, entre a eles a conquista de maior autonomia no dia a dia.

Os treinos de tênis em cadeira de rodas ocorrem duas vezes por semana (terças e quintas) no Centro de Esportes e Lazer (CEL) vereador João Derosso, no Xaxim.

Material fornecido

De acordo com o professor Ramiro Eugênio de Freitas, da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Juventude (Smelj), que coordena o grupo, são oito pessoas atualmente incluídas na modalidade. Para facilitar o acesso aos participantes a Smelj fornece cadeiras de rodas, raquetes, bolas e o espaço para os participantes. Segundo ele, a prática do esporte faz bem para a mente e para o corpo.

“Quando você está realizando as atividades faz uma série de exercícios, eles trabalham muito a força de membro superior, porque têm que fazer o deslocamento da cadeira, trabalhar a cadeira para o lado direito, para o esquerdo, fazer giros rápidos, e isso com certeza no dia a dia deles vem auxiliar na autonomia da pessoa”, avaliou.

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Professor Ramiro Eugênio de Freitas, Centro de Esportes e Lazer Vereador João Derosso


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Tricampeões do Parajaps

Além do ganho físico, o professor Ramiro explicou que o time de tenistas cadeirantes vem conquistando premiações em competições no Paraná.

“A nossa equipe é tricampeã do Parajaps (Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná). Nós temos atletas também que participam de alguns torneios individualmente, por aí também tem alguns resultados bem interessantes e nós vamos participar a partir do mês de novembro também a Copa Curitiba, onde eles também têm oportunidade de ver a evolução que eles tiveram”, explicou.

“Me sinto vivo”

Elias Chaves Sobrinho, 65 anos, que perdeu a mobilidade dos membros inferiores após um acidente, praticar o tênis de cadeira de rodas trouxe uma nova esperança de que a vida não havia acabado.

“Eu me sinto bem, feliz e útil. Me sinto vivo. Eu passei por um período longo de ficar dentro de casa. Quando me acidentei eu não tinha cadeira de roda, não tinha carro, não tinha nada. E sei o que é ficar parado dentro de casa. É como se você tivesse vegetando. Você fica sem saber o que fazer, até que se conscientiza da sua nova condição e começa a sair de casa, a ver que a vida não acabou”, contou Elias.

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Elias Chaves Sobrinho, paratleta


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Elias joga tênis de cadeira de rodas há quatro anos e diz que a atividade trouxe ganhos muito importantes na sua vida.

“Quando tem uma atividade física, você se sente vivo, se sente com um ser humano normal, mesmo que esteja sem a perna que não está funcionando, mas você tem a cadeira de rodas que dá condições para você se movimentar. Hoje em dia, graças a Deus, tenho mais facilidade de me locomover”, relatou.

Nova família

Histórias de superação são uma presença constante na quadra do CEL Vereador João Derosso.

Altamir Pereira, 67 anos, que teve a perna direita amputada por causa de um acidente de moto, disse que conseguiu ressignificar a vida através do esporte.

“Isso aconteceu há 17 anos. A gente não aceita perder uma perna. Eu sempre gostei do esporte. Me encontrei aqui com o professor Ramiro faz uns dois anos e meio. Cada vez estamos melhorando aqui. Parece que a gente volta para a vida praticando um esporte, conhecendo e construindo uma nova família aqui com os colegas”, comentou.

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Altamir Pereira, paratleta


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Assim como os colegas de tênis, Altamir já participou de competições estaduais defendendo Curitiba. Quando chove e não dá para jogar, ele participa de aulas de natação. Mas o esporte de preferência continua sendo o tênis.

“E agora com a prefeitura apostando mais, mandou fazer novas cadeiras. Acredito que eu vou melhorar o meu rendimento aqui”, disse Altamir.

Vencendo o trauma

Deiro Salomão Pinto Ribeiro, 48 anos, é outro atleta que acabou tendo a mobilidade reduzida em razão de um acidente de trânsito. Foram dias muito difíceis e de luta para ele e a família.

“Eu estou praticando há três anos tênis de cadeira de rodas. Sofri um acidente de carro e moto e fiquei 30 dias em coma, passei por 11 cirurgias. E aí eu fiquei dois anos numa maca me recuperando dos ferimentos. E quando encontrei o esporte comecei a ter qualidade de vida”, relembrou.

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Deiro Salomão Pinto Ribeiro, paratleta


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Jogando tênis em cadeira de rodas, Deiro se classificou como o terceiro melhor tenista do Paraná no Parajaps no ano passado. Ele também já fez parte do time de handebol em cadeira de rodas, que ficou em quatro lugar no campeonato brasileiro e natação. Mas agora ele quer mesmo focar nas raquetadas porque o jogo trabalha resistência física e raciocínio.

“No tênis de cadeira de rodas você precisa de mobilidade, de técnica e de rapidez. Esta é uma quadra rápida, o deslocamento é um pouco mais rápido do que a quadra de saibro. Então a mobilidade é o ponto essencial”, resumiu.

Como é o jogo

A principal diferença nesta modalidade de jogo são as cadeiras de rodas com uma rodinha de apoio na parte traseira para dar estabilidade e a “regra dos dois quiques”, que estabelece que a bola pode quicar duas vezes antes de ser rebatida.

O primeiro quique deve obrigatoriamente ocorrer dentro da quadra. O segundo quique pode ocorrer dentro ou fora da quadra, desde que a bola seja rebatida antes do terceiro quique. 

Além disso, o tênis de cadeira de rodas elimina o “deuce” (vantagem) se o placar empatar em 40−40. O jogador não precisa fazer dois pontos consecutivos para vencer o set. Quem fizer um ponto vence o game.

Na modalidade disputada no CEL Vereador João Derosso, o jogador que vencer dois games consecutivos ganha o jogo. A dinâmica permite maior rotatividade entre os jogadores, que podem se exercitar mais ao disputar um maior número de partidas.