Poucos instrumentos carregam tanta história e delicadeza quanto o cravo. Símbolo do período barroco, ele encanta a plateia pelo timbre cristalino e metálico nas apresentações da Camerata Antiqua de Curitiba. Essa sonoridade poderá ser ouvida com detalhes nesta sexta-feira (24/10) e sábado (25/10), na Capela Santa Maria, no concerto O Stylus Symphoniacus na Família Bach, apresentado pela Orquestra de Câmara da Camerata sob a direção musical e interpretação do cravista Alessandro Santoro. Ingressos no ZET.
Antecessor do piano, o cravo surgiu no final da Idade Média e reinou nos salões europeus entre os séculos 16 e 18. Diferente do piano moderno, seu som não vem de martelos que golpeiam as cordas, mas de pequenas penas que as pinçam quando o músico pressiona as teclas. Essa mecânica singular dá origem a uma textura sonora clara e precisa, marca registrada da música barroca.
Além da sonoridade, o instrumento também chama a atenção pelo visual: o formato semelhante ao de um piano de cauda, as tampas normalmente pintadas como quadros e a leveza da estrutura fazem do cravo uma verdadeira obra de arte.
Durante o concerto, o cravo terá destaque pelas mãos de Santoro e o público poderá observar de perto o toque do músico, o jogo de teclas e o som que se propaga com nitidez pela acústica da Capela.
“O cravo tem uma voz própria, uma clareza que permite ouvir a arquitetura da música barroca. Quando o público escuta ao vivo, percebe que há algo quase hipnótico na maneira como o som se espalha”, explica Alessandro Santoro, que além de cravista é pianista, pesquisador e professor da Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP).
Sobre o concerto
O programa percorre três gerações da família Bach, Johann Bernhard Bach, Johann Sebastian Bach e Carl Philipp Emanuel Bach, e exemplifica o chamado Stylus Symphoniacus, termo do século 17 que descreve a música instrumental rica e solene do barroco. A seleção inclui Suíte em Sol Menor, trechos de cantatas luteranas e um Concerto em Fá Maior, revelando como cada compositor traduziu, à sua maneira, o equilíbrio entre rigor e emoção.
Herança e continuidade
Filho do compositor Claudio Santoro (1919–1989), um dos maiores nomes da música brasileira do século 20, Alessandro cresceu cercado por partituras e pela busca por um som verdadeiro. É responsável pelo acervo material e digital da obra do pai e lançou recentemente as sonatas completas para piano pelo selo Naxos.
“Meu pai (Claudio Santoro) acreditava que a música é uma ponte entre épocas e culturas. Tocar Bach hoje, em um instrumento histórico como o cravo, é continuar essa conversa entre passado e presente”, diz Alessandro.
Com uma trajetória que une formação internacional e dedicação à música brasileira, Alessandro é hoje um dos principais cravistas do país
Serviço
Orquestra de Câmara de Curitiba em O Stylus Symphoniacus na Família Bach
Direção musical e cravo: Alessandro Santoro
Data: sexta-feira (24/10), às 20h, e sábado (25/10), às 18h30
Local: Capela Santa Maria Espaço Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 273 - Centro)
Ingressos no ZET