Neste domingo, 25 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Adoção, uma palavra que tem grande significado na vida de dois colegas de trabalho na Prefeitura de Curitiba: Mariza Cristina Sinhoca, 53 anos, e José Carlos de Oliveira, 57, ambos da Secretaria Municipal de Gestão de Pessoal (SMGP). Ao longo da vida profissional, em diferentes oportunidades, os dois já falaram do assunto que têm em comum e compartilharam experiências e sentimentos.
Mariza optou pela adoção há mais de 20 anos. José Carlos de Oliveira soube que foi adotado quando tinha 14 anos. O que parece ser apenas um processo legal burocrático mudou a vida dos dois colegas de forma definitiva.
“Minha missão era ser mãe por adoção”
Mariza e o marido, Ari Cardoso, de 56 anos, lembram da chega de Gabriel, de 17 anos, o primeiro filho adotivo. Ele tinha 1 anos e 6 meses.
“Eu queria muito ser mãe, mas não consegui biologicamente. Um dia entendi que minha missão era ser mãe por adoção”, declara Mariza. Ela conta que o marido resistiu um pouco no início, ele já tinha dois filhos de outro casamento. Depois, aceitou.
Mariza e Ari participaram de cursos, palestras, entrevistas, conversaram com muita gente. Ela destaca que o processo de adoção é composto por várias fases e é lento, o que contribui para a dificuldade de adotar um bebê. Em um determinado momento, viram que não precisaria ser um bebê. Na realidade, era quase impossível.
'As pessoas têm uma ideia errada. Uma gestação dura geralmente nove meses, esse é o tempo de espera dos pais pelo bebê. Quando decidimos adotar, a nossa espera dura anos. E um dia alguém liga e diz que a nossa criança está lá e que a gente pode buscar. É completamente diferente”, conta ela, ao destacar que, mesmo sabendo que estava esperando para adotar, não tinha nada. No dia em que foram avisados sobre o Gabriel - cinco anos depois que entraram na fila da adoção - o casal passava por dificuldades. “Tivemos a ajuda da família e de amigos para que pudéssemos ter o que era necessário para a chegada do nosso primeiro filho”, lembra.
Na segunda experiência com a adoção, Mariza e Ari esperaram quatro anos e Eduardo, hoje com 11 anos, chegou na casa deles quando tinha 8 meses de vida.
“A gente vê que é o amor que constrói a relação. Tenho muita gratidão a Deus pelos filhos que tenho”, resume Mariza. Ari, que já era pai de dois filhos, assegura: “Não tem diferença alguma. Vejo todos os meus filhos da mesma forma, com o mesmo amor”, diz o pai.
Às mulheres que pensam em adotar, Mariza dá um conselho: “Se você tem o desejo de ser mãe você deve ser, independentemente de ser mãe biológica ou por adoção. E se estiver aberta ao processo de adoção, busque isso, supere o preconceito e as barreiras que podem existir na nossa sociedade.”
Servidora da Prefeitura de Curitiba há 29 anos, ela teve direito à licença-maternidade de 180 dias na chegada de cada um dos dois filhos, conforme estabelece a legislação.
Desde pequenos, Gabriel e Eduardo souberam que eram adotados. A explicação foi dada de acordo com a faixa etária. “A verdade tem que prevalecer”, defende Ari.
Revelação
O servidor José Carlos de Oliveira soube que foi adotado quando tinha 14 anos. “No meio de uma discussão, meu pai, Benedito, me disse que eu era adotado. Nesse dia, mudei da água para o vinho, me tornei outra pessoa. Foi uma virada de chave”, revela. Ele conta que refletiu sobre a forma como era tratado pelo casal e pensou muito sobre ter sido escolhido para ser filho deles. “Eles me tratavam de um jeito especial, mesmo sem eu ser filho biológico.”
A mãe biológica faleceu em Marilândia do Sul, interior do Estado, quando José Carlos tinha três meses de vida. A família vivia com dificuldade e o pai biológico decidiu “distribuir” os seis filhos. José Carlos foi parar na família do casal Vanda Fernandes Oliveira e Benedito de Souza Oliveira, que registrou o menino anos depois, como filho legítimo, quando vieram morar em Curitiba.
Sabendo que tinha outra família, Oliveira decidiu fazer a busca pelos familiares biológicos. “Ali comecei uma investigação sobre a minha família. Conheci meu irmão mais velho muitos anos depois e, em 2012, consegui reunir parte das duas famílias, a biológica e a adotiva, em uma grande festa”, lembra.
A mãe, Vanda, tem hoje 83 anos e mora no mesmo terreno do filho único e adotivo. “Hoje, estou adotando a minha mãe”, diz ele. José Carlos teve três filhos biológicos.
Números
Atualmente, há 593 crianças e adolescentes para adoção do Paraná e 2.310 pretendentes ativos, de acordo com dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Existem mais pretendentes porque a maioria busca crianças com menos de 5 anos, sem irmãos e sem deficiência.
O processo de adoção é gratuito e pode ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima da casa do pretendente. O passo a passo está no site do Conselho Nacional da Justiça.
Segundo a promotora de Justiça Fernanda Nagl Garcez, Curitiba exerce um papel significativo na adoção.
“Estima-se que nos últimos 3 anos quase metade das adoções do Paraná foram feitas em Curitiba, por conta de um trabalho conjunto feito pelas Promotorias de Infância e pelo Conselho Tutelar de Curitiba em maternidades, unidades básicas de saúde, entre outros”, explica.
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