No final da tarde de terça-feira (31), as equipes da Secretaria da Mulher e do Sindimoc (sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus) fizeram panfletagem para divulgação do programa “Busão Sem Abuso” no Terminal da Fazendinha.
Homens e mulheres abordados na panfletagem disseram achar importante a ação e dedicaram atenção à leitura das informações da cartilha, nas quais se explica o que caracteriza o abuso, como diferenciar a ação criminosa de um simples contato físico, o que fazer para denunciar e o que acontece com o agressor depois que ele é encaminhado pela Guarda Municipal à Delegacia da Mulher.
Uma cobradora, que não quis se identificar, disse que tem distribuído os materiais na linha em que trabalha e percebeu e coibiu situações de abuso no interior do transporte coletivo. “Um passageiro tinha o costume de se aproximar de adolescentes e crianças a caminho da escola e ficamos atentos para impedir a ação dele”, disse. “Outra passageira me contou que pede para as crianças trocarem de lugar sempre que percebe que elas estão em risco de serem importunadas por alguém. Até porque, de manhã cedo, a gente se habitua a encontrar as mesmas pessoas nos mesmos horários dentro do ônibus”, completou.
A auxiliar de produção Josiane de Souza, moradora do bairro Caiuá, disse já ter passado pelo constrangimento de ser incomodada por um molestador dentro do ônibus. “É importante que existam campanhas, orientações e serviço de segurança, pois uma pessoa que age assim covardemente tende a procurar vítimas que ela considera vulneráveis, como crianças e mulheres idosas, pois acredita que elas teriam mais medo de se expor ou vergonha da situação”, disse Josiane.
O estudante Emanuel Godói, morador da Fazendinha, considera fundamental que o alerta da Prefeitura e dos parceiros no programa não se limite às mulheres, mas que os homens também conheçam e tenham informações sobre como agir diante de uma situação dessas. “Nunca se sabe quando uma mulher próxima da gente, colega de trabalho, da escola, uma parente, vai passar por uma situação dessas”, disse. Ele diz acreditar que as mulheres mais jovens estão melhor informadas, mas que as senhoras, por serem de outra geração, teriam mais receio de denunciar ou buscar ajuda.
Outro estudante, Mateus Henrique Ruthes presenciou a abordagem de um abusador no ônibus e teve a oportunidade de intervir. “É uma situação muito complicada porque envolve o constrangimento da própria vítima e isso é o que faz muitas mulheres sofrerem em silêncio. Quanto mais informação, orientação e punição, melhor”, afirmou.