Mulheres, adolescentes, pessoas trans e travestis atendidos pela Fundação de Ação Social (FAS) participam, até outubro, de oficinas gratuitas de dança-teatro, ofertadas pela Cia Kà de Teatro. As atividades fazem parte do projeto Corpo em Cena, que usa a dança e o teatro como ferramenta para promover o empoderamento e a transformação social.
As oficinas começaram no último dia 5 e seguem até o mês de outubro, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Vila Verde, no CIC, e em duas unidades de acolhimento de meninas, localizadas nas regionais Boa Vista e Boqueirão. Três unidades que atendem mulheres, trans e travestis em situação de rua também têm sido palco da atividade.
São cinco oficinas para o público adulto e três para as adolescentes que estão acolhidas pelo município por estarem afastados de suas famílias ou responsáveis por determinação da Justiça, em função de situações de violação de direitos.
Inspiração
As oficinas são inspiradas no espetáculo Kraken, da própria companhia, que que faz uma crítica ao capitalismo. A obra explora um sistema construído sobre a expropriação e a exploração humana, e revela o capitalismo como um ciclo vicioso de falhas e exploração.
O ponto alto do Corpo em Cena será a criação e apresentação de uma performance coletiva, que vai compartilhar as vivências do processo artístico.
Coordenadora do projeto e ministrante das oficinas, Beatriz Marçal explica que o Corpo em Cena surgiu da vontade de oferecer possibilidades de empoderamento para mulheres e adolescentes em vulnerabilidade social.
“Durante a criação do espetáculo Kraken tivemos muitas discussões em relação às mulheres no mercado de trabalho, os assédios e violências sofridas. Nosso objetivo não é ensinar teatro, mas sim que essas mulheres se entendam dentro do corpo delas e voltem a se sentir felizes”, explica.
Ferramenta de expressão
Durante as oficinas, o grupo busca criar um ambiente seguro e acolhedor para que as participantes explorem seus corpos como ferramentas de expressão, identidade e autodescoberta. As atividades corporais tem alongamento e até exercício de memória.
"O projeto Corpo em Cena não é apenas arte, é reconstrução. A apresentação final mostra o quanto essas mulheres e adolescentes têm a dizer e como a arte pode ser um canal poderoso para isso”, diz o diretor da Cia Kà, Kelvin Millarch.
Para Maria Angélica Porto, 60 anos, que participa do grupo do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do Cras Vila Verde, a atividade foi uma grata surpresa. “Pra mim está sendo muito bom participar. Achei que não ia gostar, mas estou aqui e adorando. Se tiver toda semana, eu vou estar aqui”, disse.
O projeto tem incentivo da Lei Paulo Gustavo e apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). A ação está alinhada a objetivos da ONU, como igualdade de gênero, educação de qualidade e redução das desigualdades.