Em 32 anos de atividade na Prefeitura de Curitiba, a professora de ginástica artística Roseli do Rocio Teixeira já ensinou muitas crianças como obter a consciência corporal, disciplina, vencer a timidez para executar os movimentos e desenvolver a força muscular.
A metodologia sempre levada à risca não deixou de ser aplicada em casa com os três filhos, que apesar de não se tornarem atletas, levaram para a vida os ensinamentos da mãe.
“Tive uma menina e dois meninos, todos eles fizeram ginástica artística quando eram pequenos. Nenhum se tornou atleta, mas todos eles levaram isso para a vida. A menina mais velha hoje tem 34 anos e faz yoga e outras atividades relacionadas”, contou Roseli.
A ginástica artística é uma modalidade esportiva que envolve um conjunto de movimentos que exigem precisão, força, flexibilidade, agilidade, coordenação e equilíbrio.
8 mil crianças
As meninas são maioria nas aulas de ginástica artística, ofertadas pela Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj). No ginásio da Rua da Cidadania do Boqueirão o projeto funciona há sete anos, voltado para crianças de 5 a 12 anos.
Neste período, Roseli estima que passaram pelo menos 8 mil crianças pelas traves da área reservada para aulas, sob as orientações dela e das professoras Tayara Alice Nascimento Diniz e Elisângela Maria da Silva. Elas são auxiliadas pela estagiária Maria Eduarda Furtado de Souza.
As aulas de ginástica artística na Rua da Cidadania do Boqueirão acontecem de segunda a sexta nos períodos da manhã e tarde. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site.
Confiança das mães
Prestes a se aposentar, Roseli comemora o trabalho realizado ao longo de mais de três décadas.
“Eu considero o mais importante de tudo formar seres humanos que gostem de esporte. Quero agradecer muito todas as mães aqui da Rua da Cidadania que confiam nesse trabalho e deixam essas crianças com a gente por longos períodos de tempo e aprovam o trabalho que a gente está fazendo”, disse.
Base para qualquer esporte
Para a professora, a ginástica artística é a base para qualquer esporte.
Roseli do Rocio Teixeira, professora de ginástica artística.
“Quem têm filhos com idades de 5 a 6 anos pode matricular na ginástica artística. Estas crianças vão desenvolver muita força muscular, flexibilidade, coordenação motora e disciplina. Na ginástica artística eles têm que ser disciplinados no que fazem, precisam desenvolver um raciocínio rápido no movimento que vão fazer, combinar com a música, ter uma presença de espírito no momento que vão fazer uma coreografia”, explicou.
Todas estas habilidades combinadas vão trazer ganhos importantes para o praticante executar qualquer modalidade esportiva.
“Essa criança que tem bastante força de perna vai ser boa no vôlei, no basquete, no futebol, vai saltar bem. E não é só isso: na hora de desenvolver um texto a criança vai ter a disciplina de persistir. Fazer uma, duas, três vezes até acertar e fazer uma coisa com mais clareza”, exemplificou.
A menina Laura Quérim Vicente Garcia, que mora no bairro Hauer, é uma das mais animadas do grupo e uma das grandes entusiastas das sessões de treino.
Laura Quérim Vicente Garcia, aluna.
“Eu gosto dos professores e também gosto dos movimentos que a gente faz. Eu gosto quando tudo está bem sincronizado, que fica bem retinho. É muito bom de fazer ginástica aqui, porque além de ser de graça é muito bom e legal”, disse a menina.
Nas asas de Rebeca Andrade
Atualmente, a modalidade vive um momento de grande visibilidade, com a consagração da maior medalhista olímpica do país, a ginasta Rebeca Andrade, que conquistou em sua carreira seis medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, três de prata e uma de bronze. Rebeca é maior atleta que a ginástica brasileira já produziu, obtendo um enorme número de conquistas em diferentes competições.
Caráter formativo
Roseli explicou que o trabalho realizado no Boqueirão não tem viés competitivo, mas inclui a apresentação das coreografias quatro vezes durante o ano para os pais ou em campeonatos.
Roseli do Rocio Teixeira, professora de ginástica artística.
“Nós investimos mais no caráter formativo, fazer com que as meninas se sintam mais bonitas, que elas se sintam bem com o seu corpo, que entendam e sintam prazer de perceber o que é a ginástica artística. Isso vai repercutir no comportamento em casa também porque através da disciplina, vão se tornar melhores na vida e nos estudos”, avaliou.