Texto: Eduardo Amatuzzi e Emily Silva
Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab)
Centenas de famílias curitibanas vão celebrar um Natal diferente em 2025: pela primeira vez na casa própria, entregue pelo programa habitacional do município.
Em um ano de resgate do protagonismo, a Cohab Curitiba chega ao fim de dezembro com 868 moradias entregues, outras 1.969 em obras e 5.050 em fase de aprovação, garantindo mais segurança, conforto e dignidade a quem antes vivia em situação de vulnerabilidade.
Orgulho em receber visitas
Jacqueline Bridaroli Paz, de 32 anos, vai comemorar o Natal com o marido e a enteada na casa nova, no Residencial Divino, no bairro Atuba, onde moram desde maio. Antes da mudança, eles viviam na ocupação irregular que existia anteriormente no mesmo local, e a família evitava receber visitas devido às condições do imóvel.
“A casa antiga era muito feia e com problemas, faltava bastante coisa, tinha paredes quebradas. A gente sempre passava o Natal na casa de alguém porque a nossa não tinha condições de receber visita. Agora é muito diferente, temos orgulho de mostrar nossa casa”, relata.
O projeto de urbanização da Vila Divino representa um investimento de R$ 23,9 milhões, com recursos da Prefeitura de Curitiba. Jacqueline está entre as 72 famílias que deixaram uma situação insalubre, em área de risco, para morar em casas novas e seguras. Outras 36 unidades estão em obras para completar as 108 moradias que integram a intervenção.
Enfeitar a casa ganha novo significado
Para quem nunca teve um imóvel próprio, enfeitar a casa no Natal tem um significado especial. Jacqueline está animada com as celebrações deste ano e comprou vários enfeites para decorar a residência, inspirada em um costume da avó.
“Desde quando eu era pequena, minha avó montava até presépio e eu participava desse momento. É incrível poder finalmente montar uma árvore de Natal na minha casa. Antes não dava nem coragem, porque chovia dentro”, conta.
Outra moradora que viverá um Natal inesquecível é a feirante Lucimar Teixeira, de 45 anos. Após mais de uma década convivendo com lama, poeira e insetos, ela inicia uma nova fase da vida em sua casa no Residencial Divino.
“Vamos ter um Natal mais digno e mais bonito, com a casa enfeitada. Minha filha de 8 anos tem asma e sofria muito com a poeira. Aqui é outra vida, até a nossa saúde melhora”, afirma.
Alegria que envolve gerações
Do outro lado da cidade, Waldirene Cristina da Silva, de 54 anos, também vive a expectativa de um Natal especial. A dona de casa morava na Vila Piratini, área de risco no bairro Pinheirinho, e em novembro se mudou para o Moradias Castanheira, na CIC. Pela primeira vez, vai receber os netos na casa nova para montar a árvore de Natal.
“A gente passa o Natal em família. Eu quero ver a cara dos meus netos para montar a árvore, porque eles adoram”, diz.
Com um sorriso no rosto, Waldirene mostra os enfeites que a creche deu para os netos, com fotos das crianças. “Todo ano a gente monta a árvore e eles amam colocar as coisas. Eles montam, fazem cartinha para o Papai Noel, fazem desenhos. Na montagem é eles que mandam, a vó só obedece”, conta, rindo.
Um Natal diferente após anos de dificuldade
De volta ao Residencial Divino I, outras histórias de superação também se repetem. A diarista Alessandra Moreira Plaza, de 44 anos, e os três filhos viveram por sete anos em uma casa precária e sem regularização, enfrentando enchentes e diversos problemas. Em 2024, a família perdeu vários bens após um alagamento, o que também levou embora o ânimo para celebrar.
“Não foi um Natal e um Ano Novo como eu esperava. O que eu não tinha lá, eu tenho aqui: segurança e conforto. Aqui eu durmo em paz”, relata Alessandra, que se mudou para o Divino I em maio e, agora, finalmente poderá ter um Natal de boas lembranças.
Depois de anos em situação de vulnerabilidade, a diarista pôde, pela primeira vez, enfeitar a própria casa como sempre sonhou, com decorações na porta, pisca-pisca e árvore de Natal.
“É o primeiro pinheirinho nosso. Na outra casa não dava, não tinha tempo, não tinha espírito de Natal, não tinha essa alegria que a gente está tendo aqui”, afirma.
Emocionada, Alessandra fala sobre a expectativa dos filhos para a data. “A alegria deles vai ser muito grande esse ano. Espero, do fundo do meu coração, conseguir dar o melhor conforto possível para eles, o melhor Natal do mundo, que eu acredito que eles vão ter”, completa.
Papai Noel da Cohab
O espírito natalino tomou conta do Residencial Divino em uma ação especial promovida pela Cohab nesta quinta-feira (18/12). O evento reuniu famílias e levou alegria às crianças que, em 2025, passaram a viver em casas novas, longe das enchentes e outros perigos enfrentados nas antigas moradias precárias.
Papai Noel marcou presença e distribuiu presentes para mais de 80 crianças. A tarde de alegria, dança, brincadeiras, pintura no rosto, pipoca e algodão-doce, foi organizada pelo Departamento de Serviço Social e o Núcleo de Articulação Comunitária da Cohab. O articulador Edmar Colpani se vestiu de Papai Noel e foi a principal atração do evento, que proporcionou aos vizinhos a construção de laços e a vivência de novas histórias na comunidade.
Enquanto as crianças brincavam, ao fundo era possível ver o avanço das obras das 36 unidades habitacionais do Divino III em fase adiantada de construção.
'"Em 2026, mais famílias também vão realizar o sonho da casa própria, aqui na mesma região onde já tem seus vínculos”, disse o presidente André Baú, que, acompanhado da diretora de Relações Comunitárias, Meiri Morezzi, visitou as famílias.
Mais que um lar
Para muitos moradores, este será o primeiro final de ano vivido com tranquilidade, conforto e segurança. Mais do que entregar moradias, o programa habitacional de Curitiba oferece dignidade, pertencimento e a possibilidade de celebrar datas importantes com orgulho do lugar onde se vive.
É a chance de receber familiares, criar memórias afetivas e viver o Natal de forma plena, segura e feliz — um novo começo que transforma a vida de quem teve um passado desafiador. A casa é o primeiro passo para a dignidade de uma família. E no Natal, essa emoção fica ainda mais forte.