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Habitação

Prefeitura regulariza ocupação histórica no Sítio Cercado

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, assinou na noite desta sexta-feira (10) um decreto esperado há quase 30 anos por 474 famílias que vivem na Vila Campo Cerrado, no Sitio Cercado. Foto: Gabriel Rosa/SMCS

Depois de 25 anos de espera, as 474 famílias que vivem na Vila Campo Cerrado, no Sitio Cercado, comemoraram, na noite desta sexta-feira (10), a criação do loteamento que vai garantir a escritura dos lotes onde moram. O decreto de aprovação do loteamento foi assinado pelo prefeito Gustavo Fruet num evento realizado no próprio Campo Cerrado e que contou com a participação da comunidade.

“A partir de agora vocês deixarão de ser posseiros e ganharão a titularidade de seus lotes. Passarão a ser os proprietários oficiais e poderão fazer o que desejarem com seus terrenos. Vocês podem vender se acharem melhor, podem deixar de garantia em um empréstimo, mas principalmente vocês terão uma herança para os filhos. É uma segurança de que daqui ninguém mais tira vocês”, disse o prefeito, muito aplaudido pelos presentes.

O presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Ubiraci Rodrigues, destacou a vontade do prefeito em realizar a regularização da área. “Essa reivindicação tem mais de duas décadas. Nestes anos todos, muita gente veio aqui e prometeu o documento para a comunidade, mas não cumpriu. Hoje vocês estão vendo a concretização desta vontade, graças aos esforços da equipe da Cohab e do apoio da prefeitura”, disse.

Emoção
O presidente da Associação de Moradores da Vila Campo Cerrado, Francisco Ramos, se emocionou ao discursar em nome da população. “É até difícil de acreditar que isto é verdade. O coração está batendo forte, é uma vitória para todos nós. O sentimento é o de conquista. Hoje eu posso morrer em paz, porque finalmente conseguimos este objetivo”, afirmou. O casal de aposentados José Francisco, 71 anos e Luiza, 73, mora na vila há mais de 20 anos. “Quando chegamos não tinha nada, eram ruas de terra, sem água encanada nem nada por perto. Aos poucos a situação foi melhorando e agora com as escrituras vamos ficar sossegados. Gostamos muito de morar aqui e agora podemos dizer que somos os verdadeiros donos”, diz ela.

A agente comunitária Ângela Costa, 44, estava na primeira leva de moradores que ocupou o local na década de 90. “A gente tinha uma única torneira comunitária que abastecia toda a vila, era muito sofrido. Hoje temos linhas de ônibus, tudo asfaltado, bastante comércio. Adoro morar aqui, tem tudo que precisamos. A regularização era um sonho de que muita gente já tinha até desistido. Estamos todos muito felizes”, comenta.

Participaram do evento a vice-prefeita e secretária municipal do trabalho, Mirian Gonçalves, o secretário municipal do Meio Ambiente, Renato Lima,os administradores regionais do Bairro Novo, Pedro Clailton Pelanda; e do Pinheirinho, Edgar Otto Hauber Jr; e os vereadores Beto Moraes, Bruno Pessuti, Mestre Pop, Pedro Paulo, Rogério Campos e professora Josete

Histórico
Localizada no Sítio Cercado, próxima à rua Eduardo Pinto da Rocha, a Vila Campo Cerrado se formou em meados dos anos 90 em uma área particular. No início poucas famílias se instalaram por ali, mas gradativamente a notícia foi se espalhando e mais pessoas chegaram de outros bairros da cidade. A ocupação foi aumentando junto com os problemas até que atingiu as margens do Ribeirão dos Padilha. Próximos ao rio, sem infraestrutura, os moradores enfrentavam enchentes frequentes.Para regularizar a área, primeiramente era necessário retirar as famílias que viviam em situação mais precária em locais impróprios para habitação.

Em 1997, a Cohab reassentou 220 famílias das vilas Campo Cerrado e 23 de Agosto que estavam na beira do rio para possibilitar a abertura de ruas. Mas o local que havia sido liberado foi novamente ocupado por outras famílias, fazendo o trabalho da Cohab voltar à estaca zero. Devido ao agravamento das situações de enchente, em 2007 a Cohab retomou a intervenção. Os moradores que estavam em áreas impróprias para habitação foram transferidos para o empreendimento Moradias Jandaia, construído nas proximidades. O processo de regularização fundiária para beneficiar os moradores que permaneceram em seus locais de origem se estendeu ao longo dos anos, em virtude de falecimentos na família de alguns proprietários, sendo necessário concluir processos de inventário.

Depois de resolvidas estas e outras pendências de parte técnica, as duas décadas de trabalho da Cohab no local finalmente atingiram o objetivo. Com a planta do loteamento aprovada, os moradores poderão acessar as escrituras individuais dos lotes onde vivem. Sem riscos de alagamentos, com ruas pavimentadas, linhas de ônibus e acesso garantido a equipamentos públicos como unidade de saúde, escola, e creche, entre outros, a titulação dos lotes era a reivindicação que faltava para completar a inserção total da vila na cidade formal.