A aposentada Divina Santos, 78 anos, tem diabetes e hipertensão e precisa tomar oito medicamentos por dia. Por não realizar o tratamento corretamente, acabou com a visão afetada e com isso sofre quedas frequentes. Pacientes com o perfil de Divina estão no foco de um projeto piloto de assistência farmacêutica que a Secretaria Municipal da Saúde iniciou esta semana. O objetivo é orientar melhor os pacientes das unidades básicas de saúde que apresentam mais de duas patologias ou precisam de mais de cinco medicamentos diários, evitando que cometam erros na ingestão de remédios.
A iniciativa faz parte do Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos (QualifarSUS), do Ministério da Saúde. Nele, farmacêuticos dos Núcleos de Apoio da Saúde da Família (NASF) fazem consultas individuais com os pacientes e seus cuidadores para orientar sobre a forma correta de utilizar os medicamentos.
“Na primeira consulta fazemos uma avaliação geral. Além dos remédios de uso contínuo muitos pacientes tomam também outros medicamentos esporadicamente. Explicamos os riscos da associação de alguns remédios e a importância de utilizá-los nos horários corretos”, conta a farmacêutica Daniele Chaves, que presta atendimento nas unidades de saúde Pompéia e Concórdia, no distrito do Pinheirinho.
Acompanhada do filho Renê dos Santos, a aposentada Divina Santos já passou pela primeira consulta. Mãe e filho relataram as dificuldades que enfrentam no tratamento. “Não enxergo direito e por isso meu filho precisa me ajudar. Quando ele não está, acabo diferenciando o remédio pela cor”, explica a aposentada. “Ajudo como posso, mas são muitos remédios todos os dias e às vezes não sei direito como administrar”, admite Renê.
A implantação do projeto de Assistência Farmacêutica começou no início do ano passado, com a capacitação dos profissionais da Secretaria Municipal da Saúde. O trabalho vai além da orientação clínica dos pacientes. Inclui a avaliação da cadeia logística da gestão de medicamentos da Secretaria, desde o funcionamento do sistema de informação, passando pelo trabalho de aprimoramento e melhoria do processo de dispensação de remédios nas unidades.
Nesta semana, o projeto começou a ser aplicado em 56 unidades básicas de saúde e deve se estender para as demais nos próximos dias. As equipes das próprias unidades são responsáveis pela indicação dos pacientes que serão atendidos por farmacêuticos em consultas de avaliação. Trinta dias depois da primeira consulta, eles serão reavaliados.
“O erro mais comum das pessoas que precisam utilizar muitos medicamentos diariamente é ingeri-los em horários e quantidade errados. Às vezes a pessoa deve utilizar um remédio de manhã e à noite e acaba ingerindo todos de uma vez só. Com isso, o tratamento é prejudicado”, explica Daniele.