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Pessoa com Deficiência

Osasco preenche quase 100% das vagas para pessoas com deficiência

A experiência do município paulista de Osasco mostra que é possível vencer as barreiras e aumentar os índices de contratação de pessoas com deficiência. - Na imagem,Alexandre Prado Betti, psicólogo e consultor em emprego apoiado. Curitiba, 25/07/2014 - Foto: Jaelson Lucas

A experiência do município paulista de Osasco mostra que é possível vencer as barreiras e aumentar os índices de contratação de pessoas com deficiência. Somadas todas as vagas disponíveis obrigatórias entre as 109 metalúrgicas de 12 municípios da região de Osasco que devem cumprir a Lei de Cotas, 91,9% das vagas estavam preenchidas neste mês de julho. “Nossa meta é chegar a 100%”, afirma Carlos Clemente, do Sindicato dos Metalúrgicos.

Um dos principais pólos de absorção dessa mão de obra é o segmento de autopeças e forjarias. “Entre os índices gerais, esse setor já ultrapassou os 100% e a contratação de pessoas com deficiência já alcançou 100,3%”, afirma. Ele destaca ainda que esses funcionários atuam em funções de risco 3 e 4, considerado de alto risco, que é característico em metalúrgicas. Além das metalúrgicas da região de Osasco, Clemente citou o exemplo de uma empresa que tem pessoas com deficiência intelectual no setor de qualidade de sua linha de produção. “É um caso isolado, mas alguns funcionários já estão na empresa há mais de 11 anos”, diz.

A adequação do trabalho ao tipo de deficiência também se mostrou eficaz em uma empresa alemã. A consultora do Sesi/Senai Curitiba Regiane Maturo contou que essa empresa priorizou a contratação de autistas porque descobriu que são altamente produtivos no desenvolvimento de softwares. Regiane apresentou outras experiências em empresas instaladas em Curitiba e que há vários exemplos de contratações bem sucedidos. “Muitas vezes o que era um pavor acaba se tornando um sonho de consumo”, concluiu.

Emprego Apoiado

Os avanços e as mudanças no comportamento de mercado também passam pelo surgimento de novas especializações profissionais. Emprego Apoiado é o nome de uma nova atividade profissional que desponta no mercado e que tem a função de mediar e, se necessário, auxiliar na contratação de pessoas com deficiência. “Trabalho na mediação entre a empresa e as pessoas com deficiência que estejam em situação de incapacidade mais significativa e encontram mais barreiras com a necessidade de mair intensidade de apoio e de inserção”, explica Alexandre Prado Betti, psicólogo e consultor em emprego apoiado. Betti também é um dos coordenadores do primeiro curso de especialização em Emprego Apoiado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Betti foi um dos palestrantes desta sexta-feira (25) no encerramento do Seminário Novas Perspectivas de Inclusão no Mundo do Trabalho. O consultor falou sobre sua experiência como mediador e como é possível atuar para a inserção no mercado de trabalho de pessoas com deficiência. Betti atende a solicitações tanto de particulares como de instituições que o contratam para a prestação de serviço. “Trabalho dentro da empresa, circulo com a pessoa antes para saber o que a pessoa quer fazer e estará apta a fazer, trabalho inserido na comunidade”, afirma. Segundo ele, o trabalho para a conclusão dos processos de contratação podem variar de 6 meses até um ano.

“É preciso se aproximar da pessoa, conhecer suas realidades, seus projetos, tudo isso tem um impacto na vida dessa pessoa. Uma inclusão mal feita também traz impactos e conseqüências. Não estou falando de números, sim de pessoas, há o aspecto humano que é muito relegado”, explica o mediador. Ele defende que as pessoas com deficiência precisam ter acesso aos serviços de inclusão, mas que isto inclui também pessoas formadas e capacitadas para atender às demandas. “O País precisa investir nisso, se não se cria uma demanda sem ter como atender”, conclui.   

Câmara de Inclusão

Para dar continuidade a esse debate será instalada em agosto, em Curitiba, a Câmara de Inclusão no Mundo do Trabalho. A criação desse fórum permanente de discussão foi anunciada nesta última quinta-feira (24), durante a realização do Seminário. A secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Mirella Prosdocimo, anunciou que no próximo dia 29 de agosto acontece a primeira reunião para a instalação da Câmara. A reunião será realizada entre 14h30 e 17 horas, no auditório do Ministério Público do Trabalho.

Poderão participar da Câmara de Inclusão representantes de órgãos públicos, empresas privadas, Ministério Público, gestores públicos, entidades de classe e pessoas com deficiência.  O objetivo é fomentar a discussão e a oferta de vagas para pessoas com deficiência. “Temos que buscar a inclusão para que as pessoas com deficiência possam contribuir de forma plena na construção da sociedade”, enfatiza Mirella.