Uma oficina de turbantes com crianças da Escola Municipal Anísio Teixeira foi uma das atividades realizadas em escolas da rede municipal para marcar o Mês da Consciência Negra e da Igualdade Racial. As atividades foram diversas e despertaram o interesse e a curiosidade dos alunos sobre a cultura africana.
Parte do conteúdo curricular, os temas relacionados aos direitos humanos são trabalhados durante todo o ano dentro dos contextos pedagógicos. Porém, neste mês, a produção em sala de aula reforçou conceitos sobre a necessidade do respeito à diversidade e de combate a intolerância. Sempre associadas a um conteúdo didático, além dos turbantes, também foram desenvolvidas oficinas de máscaras, pinturas e desenhos relacionados a cultura africana.
“Trabalhamos o respeito ao próximo, não só em relação ao racismo, mas a qualquer tema dos direitos humanos. Nosso trabalho é voltado para o respeito à diversidade, à inclusão e contra qualquer tipo de preconceito. É um trabalho completo”, explicou Maria Catarina Teixeira, vice-diretora da Escola Municipal Anísio Teixeira, onde foi realizada a oficina de turbantes.
Acessório tradicionalmente utilizado pelas mulheres africanas, os turbantes contam uma história curiosa que remete à colonização da África, lição que ficou marcada para Luis Henrique Ramos, de 10 anos, aluno do 5.º ano do ensino fundamental. “As mulheres usavam como status porque os nobres usavam coroas”, disse.
A vice-diretora ajudou a lembrar que a nobreza utilizava coroas e acessórios de cabeça e as mulheres africanas adotaram os turbantes como um enfeite e como uma simbologia para se igualar a nobreza. Para ministrar a oficina, a professora Janete Pires Santiago pesquisou sobre os turbantes e treinou em casa “como fazer os vários tipos de amarração”.
Mas o que mais chamou a atenção do Luiz foram as máscaras. “As máscaras são bonitas e cada máscara servia para uma coisa, para as guerras, para as festas e para a religião”, contou Luis. Na aula de música, crianças do 1º ao 3º ano do fundamental também aprenderam o hino africano da lenda Sansakroma, um pássaro imaginário que adota uma ninhada de pintinhos órfãos. “Quando uma criança fica órfã, os africanos têm o hábito de dizer: Sansokroma vai cuidar dela”, explica a vice-diretora. A partir desse conto, as crianças desenvolveram vários desenhos.
“O trabalho feito na escola é importante para mostrar que todos somos iguais”, diz Luiz. O colega Tiago Giovane da Silva, de 8 anos, aluno do 3º ano do ensino fundamental, complementa o raciocínio de Luis e diz que o que estão aprendendo “é importante para acabar de vez com o bulling e com o racismo”. Para ele, aprender sobre a capoeira, utilizada como defesa pessoal, e o samba foram os temas que mais lhe chamaram a atenção.
Direitos Humanos na Educação
Anualmente, a Secretaria Municipal de Educação constitui a Comissão de Educação em Direitos Humanos, composta por profissionais que atuam nas unidades da rede. A comissão é formada por 368 profissionais da educação, sendo dois professores em cada escola. A comissão é responsável por articular dentro da unidade as ações educativas de promoção, defesa, proteção e reparação de direitos humanos, explica Lúcia Helena Xavier, da gerência de Gestão Escolar de Educação em Direitos Humanos da Secretaria.
Para efetivar esse trabalho, as escolas organizam internamente uma comissão local, composta de cinco professores, um representante dos servidores que atuam na escola, um representante do conselho da escola e um representante do grêmio estudantil. “O trabalho desenvolvido por essas comissões, no que diz respeito à educação das relações étnico-raciais, tem por objetivo o resgate histórico da contribuição dos negros na construção e formação da sociedade brasileira, o debate sobre os efeitos de séculos de preconceito, discriminação e racismo”, diz Lúcia. Ela lembra que o conteúdo segue os princípios estabelecidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos-Raciais e para o Ensino e Cultura Afro-Brasileira (2004).
Os trabalhos que serão desenvolvidos são previstos durante a elaboração de um plano de ação que estabelece as atividades de todo o ano letivo. “Trata-se, sobretudo, de práticas pedagógicas realizadas em sala de aula voltadas para o enfrentamento ao preconceito e as discriminações, formação de atitudes, posturas e valores de respeito e valorização da diversidade”, afirma Lúcia. Tradicionalmente, os trabalhos produzidos ao longo do ano sobre essas temáticas são expostos em cada escola. Neste ano, a coordenação decidiu elaborar uma Mostra Virtual dos trabalhos realizados em 2015 e que podem ser vistos no link www.cidadedoconhecimento.org.br.