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Grupo de convivência

Mulheres superam as dores físicas e emocionais no Cras Nossa Senhora da Luz

Cras Nossa Senhora da Luz mantém grupo de convivência de mulheres. Curitiba 24/01/2019.Foto: Lucilia Guimarães/SMCS

Pouco mais de 60 dias depois de sofrer uma queda e fraturar a coluna, é nas aulas de pintura em tecido do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Nossa Senhora da Luz, na CIC, que a dona-de-casa Irene Rodrigues Dias esquece a dor e o incômodo do aparelho ortopédico que precisa usar pelos próximos meses. No local, há mais de dez anos, funciona um grupo de convivência que reúne até 20 mulheres que desafiam as dores físicas, emocionais e da idade e do qual Irene faz parte.

“Eu espero pelas manhãs das quintas-feiras”, diz Irene, de 69 anos, referindo-se ao dia da semana em que o grupo se reúne. “Amo pintar. Estar aqui me distrai e é a minha razão de existir”, frisa ela, que no dia da queda estava completando um mês da realização de uma cirurgia no estômago. “Que sorte!”, brinca, bem humorada.

A artesã é frequentadora do grupo há cerca de três anos e, revela, também é inquieta em casa. “Lá eu costuro. Faço tapetes, fronhas e colchas”, conta. Depois da cirurgia, precisou delegar as tarefas domésticas para o marido, aposentado, sem abrir mão dos trabalhos manuais. “Se dá para fazer, eu esqueço a dor e faço mesmo”, completa.

Lutadoras

Irene divide a grande mesa da sala de atividades coletivas do Cras com outras mulheres igualmente fortes. É o caso da também dona-de-casa Dionice Malavazi Garbelini, de 64 anos. Ela chegou ao grupo há sete anos, por sugestão de uma líder comunitária que assistia à depressão tomar conta de Dionice depois da morte da filha caçula, aos 13 anos, vítima de bala perdida.

“Não vejo a hora de chegar quinta-feira. Por causa disso aqui eu não tomo mais remédio para depressão e, se tudo der certo, também não vou mais precisar do remédio para pressão alta”, diz.

Fernanda da Silva é a aluna mais idosa e, ao mesmo tempo, a com menos tempo no grupo de convivência. Chegou há pouco mais de um ano, depois de morar com uma das filhas em Belo Horizonte (MG), e ainda está na fase de estabelecimento de vínculos. Nanda, como prefere ser chamada, está com 90 anos e diz que vai às reuniões porque gosta de trabalhos manuais. “Criei meus três filhos. Agora o tempo é meu. Quero aproveitar”, argumenta, observando o trabalho das colegas.

Quem ensina as técnicas de pintura ao grupo também tem uma história de superação para contar. Ela é a artesã Bruna Magda Dias, que deixou a carreira na enfermagem por causa da depressão e ajuda a manter vivo o interesse das mulheres da Vila Nossa Senhora da Luz pela vida.

De aluna a professora

Bem mais jovem que as alunas, Bruna tem 38 anos. “Comecei como participante, logo depois que meu filho nasceu, para fazer uma espécie de terapia ocupacional e vencer a então chamada bipolaridade. Fiz cursos na área e, agora, sou voluntária. Eu me tornei outra pessoa”, conta Bruna, que durante as férias escolares leva o menino - hoje com 6 anos - para as reuniões do grupo.

Além dela, dão suporte ao grupo a psicóloga Márcia Regina Hobiner e o educador social Mário Luiz Tomaz Vieira, testemunhas do progresso de cada uma. “É especial ver as mudanças e a reação de cada uma. Quando chegou aqui, Bruna nem sorria. Hoje é essa moça expansiva que ajuda a todas”, exemplifica Vieira.  

Os Cras como o da Vila Nossa Senhora da Luz são a porta de entrada para os serviços da rede de atendimento socioassistencial do município, coordenada pela Fundação de Ação Social (FAS).

Eles funcionam junto às áreas de maior vulnerabilidade social por meio de ações - como as aulas de artesanato oferecidas às idosas -, e têm o objetivo de prevenir a violação de direitos e fortalecer vínculos de grupos entre si e com a comunidade. Famílias, mulheres, idosos, crianças e adolescentes fazem parte do público atendido.

Confira aqui o endereço de todos os Cras da cidade