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Recomeço com sabor

Migrante venezuelano encontra na cozinha o caminho para a autonomia

Migrante venezuelano encontra na cozinha o caminho para a autonomia . - Na imagem, Oswaldo José Pina Flores. Curitiba, 25/02/2019. Foto: Ricardo Marajó/FAS

Mais de dez anos após ter saído pela primeira vez do seu país em busca de melhores oportunidades na Europa, é em Curitiba que o venezuelano Oswaldo José Pina Flores planeja se estabelecer e construir uma nova carreira profissional. “A intenção é aproveitar a experiência de mais de 15 anos como administrador em grandes bancos da Venezuela e gerenciar um restaurante”, revela o migrante, menos de um ano depois de ter desembarcado na capital paranaense, vindo de seu país como visitante.

Com 52 anos, Pina é um dos 22 alunos da quinta turma do curso de Gastronomia Sustentável - parceria da Electrolux com Sodexo (empresa mundial do setor de alimentação) e sua entidade sem fins lucrativos Stop Hunger, Aiesec (agência global para formação de jovens lideranças), World Chefs (rede mundial de associações de chefes de cozinha) e Fundação de Ação Social/Trabalho (FAS), que desde 2017 oferece profissionalização na área.

A FAS tem interesse no curso porque ele é uma ferramenta para fortalecer as propostas profissionalizantes da Prefeitura às pessoas em vulnerabilidade residentes em Curitiba e aos migrantes. O órgão também faz o cadastramento social desse público, para que ele tenha acesso a benefícios socioassistenciais como cestas básicas, vales-transporte e Bolsa Família até a conquista da autonomia financeira. Desde o ano passado, mais de 300 venezuelanos chegaram na cidade.

Coincidências

Pina soube da existência do curso no abrigo da organização de ajuda humanitária Caritas Internacional, onde preparava refeições para atender os compatriotas que chegavam ao local. “A Sônia Canizalez foi até lá para oferecer vagas para migrantes participarem do curso e eu fui o único que se interessou”, contou, referindo-se à coordenadora contratada pela Electrolux e que também é venezuelana.

No curso, Pina aprimora os conhecimentos que adquiriu na prática, em seu país, ao cozinhar por prazer para os encontros de sua numerosa família. “Estou aprendendo sobre as rotinas da cozinha de um restaurante e isso vai me ajudar a ampliar meus conhecimentos para administrar um estabelecimento como um restaurante. É o que pretendo”, diz ele.

Essa habilidade, agora, é o que ajuda na manutenção não só dele, mas da mulher e das duas filhas, que vieram para Curitiba depois que ele conseguiu reunir dinheiro para o transporte. Antes de começar o curso, Pina já preparava e vendia nas ruas conservas e iguarias típicas de seu país - como arepas e empanadas -, além de trabalhar como garçom em alguns restaurantes conhecidos de Curitiba. Atualmente, aceita convites para trabalhar em eventos gastronômicos. “Tenho encontrado muitas pessoas que me apoiam, estimulam.  Algumas até ajudaram com as passagens, para que eu trouxesse minha família”, observa.

Conquistas

Ainda lutando contra as dificuldades, Oswaldo Pina computa outras conquistas familiares. Além de morar novamente com a família, assiste à adaptação das filhas. Tiffany, de 14 anos, está matriculada em uma escola de ensino regular, enquanto Brittany, de 18, conquistou vaga no curso de Tecnologia de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, da Universidade Federal do Paraná. A jovem foi aprovada no processo seletivo aberto pelo programa de política migratória do governo federal. 

“A ideia é ficarmos e refazer a vida por aqui. Venezuela só para visitas”, conclui o migrante, com os olhos marejados. Agora ele aguarda a resposta da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre seu pedido de concessão do status de refugiado.