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Combate à violência

Maria da Penha faz 11 anos, com reforço da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba

Lei Maria da Penha faz 11 anos, com reforço da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba. Foto: Luiz Costa/SMCS

Marco do combate à violência contra mulheres, a Lei Maria da Penha completa 11 anos nesta segunda-feira, 07 de agosto.

A coordenadora municipal da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba, Sandra Praddo, destaca que a lei por si só foi neste período um grande avanço das políticas públicas na área e do combate à violência. E que o amparo à vítima, feito pela Casa, é essencial para efetivar ações. “A lei ajuda a quebrar um ciclo de violência”, diz ela. “Para nós, da Casa, cabe acolher a vítima e fazer todos os encaminhamentos necessários.”

A estrutura, portanto, é um importante incremento no suporte às vítimas e também para facilitar o cumprimento das medidas previstas na lei.

Sandra lembra que este ano é o primeiro aniversário da legislação em que há um histórico consolidado de pouco mais de um ano das atividades da Casa, entregue em Curitiba em junho do ano passado.

A Casa é um projeto do governo federal com participação do Estado e do Município. Desde que foi aberta, já foram feitos mais de 10 mil atendimentos.

De janeiro a junho deste ano, por exemplo, já foram encaminhadas para empregos cerca de 250 mulheres vítimas dos mais variados tipos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral).

Também em 2017, a estrutura passou a contar com um núcleo da Delegacia da Mulher, o que dá mais eficiência para o atendimento das vítimas de violência doméstica.

Atendimento integral
Entre os serviços prestados pela Casa estão o apoio psicossocial — com assistentes sociais e psicólogas —, Defensoria Pública, Juizado de Violência Doméstica e Familiar, Ministério Público, Patrulha Maria da Penha, inserção do mercado de trabalho e alojamento de passagem (para mulheres que precisam sair de suas casas).

Sandra Praddo explica que o atendimento gera também um benefício que vai além das fronteiras domésticas.

É comum, diz ela, que alguns homens denunciados já tenham antecedentes criminais – e a denúncia feita por suas companheiras ajuda na localização desses acusados. “Em geral, eles estão foragidos. Mas, como a mulher tem ou teve um relacionamento com quem a violenta, ela sabe o paradeiro dele”, afirma.

Dados da Secretaria de Política para Mulheres, do governo federal, mostram que 80% dos casos de violência doméstica são cometidos por parceiros ou ex-parceiros.

Cidade preparada
No Brasil, uma a cada cinco mulheres é vítima de violência doméstica, ainda segundo a Secretaria de Política para Mulheres. O que, de acordo com a assistente de Políticas para Mulheres da prefeitura Gleri Mangger, mostra que o Estado tem de estar preparado para lidar com uma situação, já que é tão corriqueira.

Ela explica que a Rede é um exemplo de articulação da Prefeitura e da sociedade, visando combater a violência. O mecanismo funciona como uma ponte entre diversas frentes da Prefeitura, Estado e sociedade.

Mensalmente, Gleri é uma das pessoas que encabeçam um encontro  entre todas essas frentes para troca de experiências e apresentação de demandas. Entre os participantes estão representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e da Fundação de Ação Social (FAS).

Na última quarta-feira (2/8), por exemplo, o assessor para a Diversidade Sexual, Allan Johan, falou sobre a violência sofrida por pessoas trans — travestis e transexuais. “Essas pessoas são vítimas, além do machismo, da incompreensão de quem elas são”, disse.

Hoje a Rede de Atenção a Mulher em Situação de Violência é composta por diversas áreas da Prefeitura — e de fora dela. “Quem chega a um hospital em situação de violência de gênero, por exemplo, pode receber apoio da rede — acionada por algum funcionário do hospital”, explica Gleri.

Feminicídio
A Lei do Feminicídio, sancionada em 2015, é considerado outro avanço no combate a violência contra mulher. A norma tipifica o assassinato cometido contra a mulher em razão do seu gênero.

À época em que o projeto foi criado, justificou-se que entre os anos 2000 e 2010, 43,7 mil mulheres foram mortas no Brasil. Mais de 40% delas foram assassinadas dentro de suas casas pelos companheiros ou ex-companheiros.

Segundo a socióloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), Lourdes Bandeira, o feminicídio representa a última etapa de uma violência continuada. “Seu caráter violento evidencia a predominância de relações de gênero hierárquicas e desiguais”, disse ela à campanha Compromisso e Atitude — Lei Maria da Penha.

Para Gleri, da Rede de Atenção a Mulher em Situação de Violência, a melhor maneira de se evitar uma situação extrema como a morte é a prevenção e o suporte a vítima, que, segundo ela, já na primeira agressão apresenta sinais de que nada não está bem.

“O mais importante é conscientizar as pessoas sobre a importância do combate à violência”, acrescenta. “Quanto mais se aprende, mais se multiplica a informação.”

Serviço: Casa da Mulher Brasileira
Local: Avenida Paraná, 870, Cabral.
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Plantão de atendimento em outros horários na Delegacia da Mulheres.
Telefone: (41) 3352-5761