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Vocabulário ampliado

Leitura após Educação Física melhora a aprendizagem

Um mergulho na leitura. Esta foi a solução encontrada pela professora Ana Paula Vieira da Silva, do 5º ano da Escola Municipal Rolândia, no Boqueirão, para devolver a tranquilidade aos estudantes na volta das atividades físicas. Curitiiba, 05/09/2017 Foto: Valdecir Galor/SMCS

Um mergulho na leitura. Esta foi a solução encontrada pela professora Ana Paula Vieira da Silva, do 5º ano da Escola Municipal Rolândia, no Boqueirão, para devolver a tranquilidade aos estudantes na volta das atividades físicas e, ao mesmo tempo, estimular a leitura por prazer. A ideia de Ana, planejada para ajudar o professor de Educação Física a estabilizar o grupo para o melhor aproveitamento das outras atividades, se revelou um incentivo ao gosto pelas palavras e melhorou o desempenho escolar das crianças.

A experiência mexe até com a rotina familiar dos estudantes. Toda terça-feira, munidos de travesseiros com fronhas coloridas trazidos de casa, 26 crianças de 10 anos se acomodam sobre a lona azul que cobre o piso emborrachado - área que toma quase metade da sala de leitura. Cada um tem em mãos um volume de livre escolha. Ele vem na mochila ou é pego entre os títulos ofertados pela escola em um display, colocado à frente na sala.

Quando todos se instalam, o silêncio toma o ambiente e só é interrompido quando alguém tem alguma dúvida, por exemplo, sobre o significado de uma palavra. “Nem parece que tem criança na sala”, observa Ana Paula, que começou a ensaiar a experiência no ano passado. “Eu preciso deles calmos e concentrados para absorver os conteúdos. Então, tive essa ideia que está saindo melhor que a encomenda”, completa.

Mais do que conseguir o que as educadoras chamam de volta à calma, Ana Paula está vendo os estudantes ampliarem o vocabulário. Em consequência, a qualidade gramatical e estética dos textos que produzem nas demais aulas de Língua Portuguesa, quando estudam gêneros textuais diferentes. É o caso da crônica e da poesia.

Esse rendimento, argumenta a professora, também reflete a organização do raciocínio necessária à apresentação oral dos livros que leem – uma das exigências da professora. Além disso, o resultado decorre da resenha que cada um prepara assim que termina a leitura coletiva de uma obra. Atualmente, além dos livros de livre escolha de cada um, juntos eles devoram um dos títulos da série que é sucesso entre a garotada também nos cinemas: a saga de Percy Jackson, de Rick Riordan.

Empolgação em família

Ivan Bueno Veçoski é um dos beneficiados pela estratégia da professora. Ele alia leitura com os games que busca no mundo virtual e lê Dois Mundos: um Herói, do youtuber Pedro Rezende. Sofia Beatriz dos Santos Justus gosta dos líderes de vendas – como a série Diário de um Banana, de Jeff Kinney – mas não dispensa os clássicos. Na escola, diz que está lendo Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, e em casa, O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. “Minha mãe me incentiva”, diz.

A mãe de Eduarda, Marilene Groxko do Nascimento, conta que a filha, que não tinha o hábito de ler, agora é consumidora de livros. “Além de terem diminuídos os erros de Português, ela está mais concentrada. Lê, sabe sobre o que está lendo e está ficando metódica. Chega em casa, faz lição, verifica trabalhos pra entregar e começa a fazer resumos. É uma mudança e tanto”, relata.

Mais livros que brinquedos

“Terça-feira é o dia que ela mais gosta de ir pra escola”, conta Jecélia Ruthes Stockshineider sobre a filha única, Cecília, que neste ano passou de ouvinte para leitora de histórias. “Ela está tão empolgada que já tem mais livros que brinquedos. Em compensação, agora é raro escrever errado”, completa a mãe, que recorre à Biblioteca Pública do Paraná para fazer frente às demandas da menina, preferencialmente pelos títulos de aventura.

Cíntia Nogueira de Lima também vai às livrarias para dar conta das exigências de Giovani. “Ele decididamente não gostava de ler. Agora gosta e pede muito livro. Eu compro, mas como está ficando caro, estou começando a recorrer aos sebos”, diz.

Cíntia dá uma dica para os pais que quiserem fazer dos filhos leitores: “Deem o que eles tiverem interesse de ler. Não imponham nada. Deem que o resto é consequência.”