A sala do Cine Guarani, no Portão Cultural, ficou lotada na noite desta sexta-feira (12/9) para o bate-papo com o romancista Milton Hatoum. O público, formado por pessoas de diferentes idades e até de outros estados, acompanhou com atenção a conversa que transitou entre literatura, audiovisual e política. Hatoum foi um dos grandes destaques do III Festival da Palavra de Curitiba, que segue até domingo (14/9) com uma intensa programação literária e cultural.
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Antes da conversa, os presentes assistiram à exibição do filme Retrato de um Certo Oriente (2024), dirigido por Marcelo Gomes. A obra recriou para o cinema o primeiro romance de Hatoum, Relatos de um Certo Oriente, vencedor do Prêmio Jabuti, a mais importante honraria literária brasileira.
“O maior prêmio são vocês, os leitores. Este livro fazer sucesso mais de 30 anos depois de lançado é um milagre”, disse o escritor, recentemente eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Com mediação da escritora Mariana Sanchez, Hatoum, arquiteto de formação, fez um paralelo entre literatura e arquitetura. “Você não começa por um compartimento, você começa por uma ideia e depois vai desenvolvendo”, afirmou. Ele contou que levou sete anos entre escrever e publicar seu primeiro romance, lançado quando tinha 35 anos.
Relatos de um Certo Oriente tornou-se um de seus maiores sucessos e retrata a saga de imigrantes libaneses que chegam à Amazônia em busca de uma nova vida. O livro abriu caminho para outros títulos marcantes, como Dois Irmãos, adaptado para minissérie, Cinzas do Norte, Órfãos do Eldorado.
Em outubro ele lançará o último título da trilogia O Lugar Mais Sombrio. O livro Dança de Enganos completa o projeto literário que começou com A Noite da Espera e Pontos de Fuga. Hoje, a obra de Hatoum já ultrapassa 500 mil exemplares vendidos e foi publicada em 16 países.
Dica para jovens escritores
O bate-papo também abriu espaço para perguntas do público. O estudante Lucas Barchechen quis saber que conselho do “imortal” daria a jovens escritores. Hatoum foi direto: “Leiam os clássicos e não se apressem, a pressão não leva a nada”.
A publicitária Débora Arimuja, natural de Manaus e moradora de Itajaí (SC), viajou especialmente a Curitiba para prestigiar o conterrâneo. “Ele (Hatoum) é uma figura muito importante na minha vida, e fiz questão de prestigiar também pela questão da representatividade. Um nortista na ABL é muito especial”, afirmou, ao lado da amiga Maria Alice Oliveira da Silva.
Outra amazonense presente foi Marta Lira, que vive em Curitiba há quase três anos e acompanha o Festival da Palavra desde a primeira edição. “Fiquei muito feliz com a presença de autores de outras regiões, como do Norte. De manhã encontrei a Márcia Kambeba, que também é amazonense e está participando do festival”, contou.